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31 de outubro de 2019
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22:13

MP ignorou possibilidade de adulteração em gravação do condomínio de Bolsonaro, diz jornal

Por
Luís Gomes
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Trecho de reportagem publicada pela Globo sobre as investigações da morte de Marielle | Foto: Reprodução

Da Redação

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada na tarde desta quinta-feira (31), aponta que o Ministério Público do Rio de Janeiro não avaliou a possibilidade de adulteração de arquivos ao periciar as gravações da portaria do condomínio do presidente Jair Bolsonaro. Com base nessa perícia, o MP afirmou que foi falso o depoimento em que o porteiro do condomínio afirma que Élcio Queiroz, um dos suspeitos de participar do assassinato de Marielle Franco, pediu acesso à residência do presidente.

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Segundo a promotoria informou em coletiva realizada na quarta-feira (30), foi Ronnie Lessa, suspeito de ser o atirador no crime e que mora no mesmo local, quem autorizou a entrada de Élcio. Logo depois, eles deixariam o condomínio para cometer o assassinato.

A Folha informa que um documento entregue à Justiça mostra que a perícia nos áudios da portaria foram feitos na própria quarta, um dia depois da reportagem do Jornal Nacional que denunciou que Bolsonaro tinha sido citado no caso.

Matéria veiculada no Jornal Nacional de terça-feira (29) trouxe a informação de que, em 14 de março de 2018, dia do assassinato de Marielle, um dos suspeitos do crime teria entrado no condomínio Vivendas da Barra, pedindo para ir à unidade 58, onde mora Jair Bolsonaro. Segundo depoimento do porteiro do condomínio, “seu Jair” teria atendido o interfone autorizando a entrada, mas o carro de Élcio Queiroz teria se dirigido à casa de Ronaldo Lessa, suposto autor da execução. O jornal informou que, naquele 14 de março, Bolsonaro estava na Câmara dos Deputados, em Brasília. E que a citação do nome do presidente poderia levar o caso a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A promotora Simone Sibilio disse que a análise da planilha e das gravações do interfone da portaria do condomínio apontam que o porteiro não ligou para a casa 58 para anunciar a chegada de Élcio, mas sim para a casa 65, de Ronnie Lessa, que autorizou a entrada. Segundo ela, a análise do interfone indicaria que foi Ronnie quem autorizou a entrada, à 17h07.

Segundo a Folha, a mídia com a gravação da portaria do Vivendas nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2018 foi entregue à Polícia Civil no dia 7 de outubro pelo síndico, dois dias depois de uma operação de busca e apreensão aprender a planilha de controle de entrada de visitantes. No mesmo dia 7, o porteiro foi ouvido e citou o presidente Bolsonaro. Ele confirmou o depoimento ao ser interrogado no dia 9.

O documento entregue à Justiça indica que a perícia teve como objetivo apenas apurar de quem era a voz que autorizou a entrada de Élcio e que o MP não perguntou aos peritos se algum arquivo foi apagado ou renomeado. Também indica que eles não tiveram acesso ao computador de onde os dados saíram.

Confira aqui a reportagem completa.


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