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14 de fevereiro de 2019
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14:55

Sem definição sobre venda de ativos, Leite anuncia novo presidente do Banrisul

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Sul 21
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Governador Eduardo Leite em coletiva de imprensa para anúncio do novo presidente do Banrisul - Fotos Itamar Aguiar
Governador Eduardo Leite (centro), ao lado de Claudio Coutinho (esq.), do secretário da Fazenda, Marco Aurelio Santos Cardoso (esq.) e do secretário da Casa Civil, Otomar Vivian (dir.). Foto: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

Giovana Fleck

O governador do estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou na manhã desta quinta-feira (14) o nome de Claudio Coutinho como novo presidente do Banrisul. Com experiência no setor privado e público, tendo dirigido bancos como o CR2 Investimentos e o BBM S.A., Coutinho foi caracterizado como “estratégico” pelo governador.

“Queremos reiterar nosso compromisso do controle do banco pelo Governo do Estado. Consideramos a necessidade de sustentabilidade do negócio, dos riscos e da competitividade. Este banco tem capital aberto e responde aos seus acionistas. Ainda assim, é uma empresa estatal que tem o compromisso de ajudar no desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, afirmou Leite.

O antecessor de Coutinho, Luiz Gonzaga Veras Mota, foi funcionário de carreira do banco. Agora, o novo presidente deverá, junto com seus vices, passar pela sabatina e pela aprovação da Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle da Assembleia Legislativa.

Situação do Banrisul

Dois dias antes do anúncio do novo presidente, na terça-feira (12), a atual direção divulgou o balanço de 2018, com lucro líquido de R$ 1,1 bilhão em 2018. Este é o maior da história ao longo dos 90 anos da instituição – um dos poucos bancos estaduais com capital estatal que restaram no Brasil.

Após as eleições de 2018, a equipe de transição dos governos federal e estadual se reuniram para discutir estratégias de adesão do Rio Grande do Sul ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) – acordo com a União que suspende, mediante diversas contrapartidas, o pagamento da dívida estadual de cerca de R$ 80 bilhões.

No primeiro encontro oficial de Eduardo Leite com ministro da Economia, Paulo Guedes, o governador detalhou o que o estado está disposto a negociar ativos e imóveis, assim como privatizar três estatais: CRM, Sulgás e CEEE. Na quarta-feira (6), o governador Eduardo Leite (PSDB) reencaminhou à Assembleia Legislativa um projeto solicitando a extinção da obrigatoriedade da realização de plebiscito para a venda das estatais, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 272.

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O Banrisul, no entanto, estaria fora de questão. “O Banrisul é um banco saudável. Não é um problema para o Rio Grande do Sul. Tem uma gestão bem estruturada. No entanto, ainda estamos em fase de negociação com o Ministério da Fazenda”, apontou o governador durante o anúncio do novo presidente do banco.

Ainda assim, ações que não comprometem a perda do controle podem ser usadas como parte das garantias que o governo terá de ofertar à União para fechar o acordo de adesão RRF. Existe, também, a possibilidade de retomar a abertura de capital na bolsa de valores (IPO, na sigla em inglês) da operadora de cartões do banco, chamada Banrisul Cartões. Em abril de 2018, o governo Sartori iniciou a abertura com a venda de 26 milhões de ações preferenciais classe B (PNB) do banco – sem direito a voto -, uma transação intermediada pelo BTG Pactual, o que gerou uma arrecadação de R$ 484,9 milhões, R$ 18,65 por cada ação. O valor mínimo para a venda das ações era de R$ 18, o que representa que o valor comercializado foi 3,61% acima do mínimo.

Na época, trabalhadores do banco, deputados e representantes sindicais se posicionaram contra a venda “às escuras”, afirmando que a ação representava entrega de patrimônio a um preço muito baixo. No balanço divulgado pelo banco, apenas a Banrisul Cartões teve receita operacional bruta de R$ 600,5 milhões.

“Não tenho elementos para apoiar ou sugerir ações para o governo. Além disso, [abrir o capital de ativos] é uma decisão do acionista majoritários; nesse caso, do governo. Também não sei dizer o motivo para a abertura do Banrisul Cartões ter sido cancelada durante o governo Sartori. É algo que preciso estudar”, admitiu Coutinho.

Foco do banco

Durante a coletiva, Coutinho destacou que o foco será concentrado em três pilares: desenvolvimento do agronegócio, investimentos em exportação e ampliar a possibilidade de investimentos à longo prazo. Foto: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

O economista destacou que sua gestão irá focar em três pilares: desenvolvimento do agronegócio, investimentos em exportação e ampliar a possibilidade de investimentos à longo prazo. Coutinho também se referiu à presença do Banrisul em todas as cidades do RS como uma “fortaleza”. Segundo ele, o fechamento de agências não está em vista. No entanto, disse que a relação com o cliente poderá ser aprimorada através de alternativas digitais. Ainda assim, reiterou que a introdução de canais pela internet na relação dos clientes com o banco não comprometerá o atendimento.

Sobre investimentos sociais, uma prerrogativa do banco estatal, antes de se pensar em investimentos pontuais, deve-se pensar na sustentabilidade do Banrisul enquanto empresa. “O banco ter credibilidade atende ao interesse público”, afirmou, completando ao dizer que: “A maior causa social é ajudar no desenvolvimento do estado”.

Segundo o governador, a partir de uma agenda de privatizações, concessões e parcerias público-privadas definidas, linhas de crédito do Banrisul poderão liberar verbas para as empresas concorrerem aos editais e compras. Com esse suporte, idealmente, uma cadeia cíclica seria gerada e, a partir de seus lucros, poderiam se aportar investimentos sociais. “O banco seguirá apoiando projetos culturais e esportivos. […] O Banrisul deve permanecer participando de projetos que são do interesse da sua clientela para ganhar espaço de mercado”, assinalou ainda Leite, salientando que investimentos em causas sociais são estratégias de mercado tanto quanto de Estado.


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