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18 de maio de 2018
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20:05

Presidente do Cpers apela por voto consciente: ‘Somos educadores, não nos é permitido sermos ignorantes’

Por
Sul 21
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Segundo a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, o objetivo principal do evento é alinhar os presentes em torno de uma mesma luta. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Giovana Fleck

Maio representa o 30º mês de atraso no pagamento dos salários dos professores. Além disso, os servidores da educação pública enfrentam um cenário de fechamento de escolas e de turnos, além da terceirização e da falta da reposição salarial. Como forma de unir servidores, alunos, professores e pais, o Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato) realizou nesta sexta-feira uma Assembleia Geral Popular de Mobilização.

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Segundo a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, o objetivo principal do evento é alinhar os presentes em torno de uma mesma luta. “É muito difícil negociar com esse governo, por isso precisamos do máximo de força possível”, diz. Após 94 dias de paralisação da categoria em 2017, Helenir afirma que o Acordo de Greve – assinado entre o Cpers e a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), não foi cumprido em sua totalidade. “Não tivemos corte de salário, mas ainda não conseguimos reverter as alterações de designação que aconteceram com alguns colegas – apesar de estar no acordo. Isso só demonstra a dureza que é negociar com este governo.”

A estudante Ana Laura falou em nome dos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Réus. Foto: Guilherme Santos/Sul21

“Percebemos que os ataques são cada vez mais constantes. E essa não é uma pauta só dos educadores, toda a comunidade escolar está envolvida, inclusive as próximas gerações. Todas as consequências serão sentidas pelos alunos”, resume Helenir. Em sua fala de abertura do evento, a presidente se posicionou sobre projetos das gestões Temer e Sartori que resultaram em mudanças no cotidiano dos servidores da educação. “Temos um governo que diz que tem que vender estatais para pagar nossos salários.” Ela exemplifica citando o Rio de Janeiro, que iniciou, em 2010, um novo ciclo de endividamento, com autorizações para contratação de volumes expressivos em operações de crédito. Com o aumento da dívida, especialmente para custear os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, o discurso de privatização se intensificou. “E como estão os servidores lá? Amargando como nós”.

Em nome dos estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Réus, a aluna Ana Laura falou sobre o momento de retrocessos na educação. “Chove dentro das escolas, falta merenda, falta professor. Essa política vem de um plano onde a prioridade é o lucro e esse é o resultado. […] Por isso fecham nossas escolas.” Segundo o sindicato, foram 3081 turmas e pelo menos 43 escolas fechadas pelo Estado, sendo 6 destas no início deste ano, em Porto Alegre.

Professores carregavam placas cobrando pelos 22,73% de reposição salarial Foto: Guilherme Santos/Sul21

Entre aplausos e gritos de apoio, placas cobrando pelos 22,73% de reposição salarial podiam ser vistas por todos os lados. Segundo o sindicato, esse valor é referente à inflação dos últimos quatro anos. No início de 2018, o Cpers apresentou um pedido de reposição, mas ainda não teriam obtido resposta da Seduc. Nesse meio tempo, no entanto, a Secretaria lançou uma série de postagens em seu perfil no Facebook acusando o Sindicato de “terrorismo” por se posicionar contra a Nova Lei da Terceirização.

Em sua fala, o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT/RS), Claudir Nespolo, mencionou outra medida que ameaça o desenvolvimento da educação no Brasil, a Emenda Constitucional 95, que congela os gastos no setor por até 20 anos. “Isso ajuda a impedir que se desenvolvam políticas de educação, da saúde e iniciativas para a agricultura familiar. Esta gente, não satisfeita, fez a Reforma Trabalhista, onde aprofundaram a discriminação do trabalhador. Temos que nos unir para recuperar a dignidade do trabalhador brasileiro.”

Ao final de sua fala, Helenir fez um apelo aos presentes: para que votem conscientemente nas eleições deste ano. “Nós somos uma das poucas categorias que pode escolher nosso patrão. Somos educadores, somos formadores de opinião. E não nos é permitido sermos ignorantes”, finalizou.

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Foto: Guilherme Santos/Sul21
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