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28 de novembro de 2018
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18:30

Heinze, Van Hattem e Zucco: as ideias dos três parlamentares mais votados no RS

Por
Sul 21
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Coletiva na Federasul com Tenente Coronel Zucco, Luis Carlos Heinze e Marcel Van Hattem. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Giovana Fleck

Luis Carlos Heinze (PP), Marcel Van Hattem (Novo) e o tenente coronel Luciano Zucco (PSL) concentraram, juntos, quase três milhões de votos no Rio Grande do Sul. São, respectivamente, o senador, o deputado federal e o deputado estadual mais votados no Estado. Por isso, foram convidados para o evento ‘Tá na Mesa’, promovido pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). Antes de apresentarem suas palestras, os eleitos participaram de uma conversa com a imprensa.

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Questionados sobre os motivos aos quais atribuem o desempenho nas eleições, os três se mostraram satisfeitos. Para Heinze: “Quem tem que dizer é o povo do Rio Grande do Sul, que acreditou no Marcel, no Zucco e em mim. Acho que propostas são importantes. Dizem que é importante ser um cara novo. O Marcel é um cara novo, o Zucco também. Eu não. Tenho cinco mandatos como deputado e mais um de prefeito. Acho que a proposta que a gente fez foi aceita pelas mudanças. Isso fez as eleições no Brasil inteiro. O pessoal rechaçou as propostas antigas.”

Van Hattem atribui sua eleição a uma conjuntura de fatores. “Vejo quatro fatores como preponderantes nessa eleição. O primeiro tem a ver com o contexto internacional e de perda de credibilidade de muitas instituições.” Foto: Joana Berwanger/Sul21

Já Van Hattem atribui sua eleição a uma conjuntura de fatores. “Vejo quatro fatores como preponderantes nessa eleição. O primeiro tem a ver com o contexto internacional e de perda de credibilidade de muitas instituições que, antes, tinham o monopólio do uso da informação, na apresentação de dados ou na formação de acadêmicos. São setores constituídos há séculos na história mundial que começam a receber a desconfiança da população e precisam se reinventar. Isso inclui a mídia, os partidos políticos, as universidades…”

Ele defendeu a importância da credibilidade, da coerência e da transparência. “Quem entrar nas minhas páginas sabe que o que eu posto lá não é falso. O que eu posto lá, concordando ou discordando, está baseado no que Bolsonaro e Amoêdo vêm dizendo há muito tempo: nós precisamos falar a verdade e nos posicionar diante dos fatos.”

Já Zucco se firmou dentro de sua trajetória no Exército. “Sou militar de carreira há 27 anos. Não pensava, efetivamente, em me candidatar. Mas essa questão da renovação foi pedida pelo povo. Eu nunca vi tantas bandeiras do Brasil na rua. Nem em Copa do Mundo. Eu nunca vi cantarem tanto o hino nacional. Foi um momento muito bonito de esperança, de pessoas que realmente querem uma mudança efetiva.” Ainda assim, ele atribui boa parte de seu sucesso à campanha na internet. “Eu tive que aprender a lidar com as redes sociais. Não tinha página [no Facebook], não tinha Instagram. As mídias sociais foram muito importantes. Acho que nunca foram tão úteis numa eleição. Aproximamos mais a sociedade da política. Nos países sérios, a população procura o político. Aqui, o político distribuía santinho. Para mim, santinho é na igreja.”

Tenente Coronel Zucco: “Não vou falar pelo partido, mas toda e qualquer proposta que seja em prol do desenvolvimento do Rio Grande… Estaremos nos posicionando a favor”. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Segundo o deputado estadual eleito, o PSL irá se posicionar dentro do governo de Eduardo Leite (PSDB) de maneira que “beneficie os gaúchos”. “Não vou falar pelo partido, mas toda e qualquer proposta que seja em prol do desenvolvimento do Rio Grande estaremos nos posicionando a favor”, disse, sem explicitar o que seria benéfico ou não. No entanto, ao longo de sua campanha, Zucco defendeu pautas como a criminalização do aborto, a flexibilização do porte de armas e a ampliação do ensino militar.

“Eu não entendo muito essa questão da oposição. O contraponto é muito necessário em qualquer tipo de pauta. Mas, estamos do lado do governador ao querermos ajudar o Governo do Estado. Só que temos que avaliar as propostas, até mesmo as impopulares”, afirma Zucco.

Nesse momento, Van Hattem assinalou que considerava o uso do termo “impopular” inadequado. “Fizeram outdoors, disseram que eu jamais seria eleito para qualquer outra coisa. Caçoavam. Diziam que eu era o deputado suplente da Assembleia. Fui o mais votado em 2018.” Ele também acrescentou que não buscava se vangloriar do resultado, mas demostrar que “aqueles que arrogantemente dizem defender o povo foram derrotados”.

Reforma da Previdência

Ao tratar de temas pontuais, Heinze, Zucco e Van Hattem foram questionados sobre como se posicionarão sobre a Reforma da Previdência – cujo texto ainda pode sofrer alterações se for votado na administração Bolsonaro. Os três são unânimes ao concordarem que deve-se atacar, de forma mais intensa, os altos salários. “Seja na iniciativa privada ou no serviço público. Não temos que mexer em quem ganha cinco salários mínimos, mas em quem ganha 50”, diz Heinze.

Ele afirma que, mesmo se considerando próximo de Bolsonaro, não teve a oportunidade de discutir essa e outras pautas com o presidente eleito. “É tanta correria e tanta atribulação… Não tem tempo de falar. Mas na hora certa vamos conversar sobre isso. Mesmo que o Michel [Temer] tenha sido procurado para que se tentasse [votar a Reforma da Previdência] esse ano, é impossível. Não há tempo. Será algo para o ano que vem. É um parto votar uma matéria que tranca a pauta.”

Segurança

A segurança foi apontada como setor que ganhará grande parte da atenção dos três eleitos. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Pauta recorrente durante a campanha dos três eleitos, a segurança foi apontada como setor que ganhará grande parte da atenção dos três eleitos. “Votamos, no ano passado, um Sistema Único de Segurança, que vai envolver a Polícia Federal, a Polícia Civil e a Brigada Miliar. Isso já está estruturado. Eu e o Marcel vamos atuar na criação de mais recursos para o Estado, seja na instalação de novos presídios, seja em outras iniciativas do micro”, apontou Heinze.

Sobre os interesses dos próprios agentes de polícia, que têm pautado propostas como a Reforma policial, Zucco afirma que irá representar a categoria na Assembleia – mesmo após declarações de Bolsonaro contrárias às propostas dos policiais. “Meu irmão é delegado. Minha irmã é escrivã. Meu padrasto é brigadiano. Hoje, perdi um colega, um sargento, assassinado no Uber. Acho que muito mais do que uma reforma, precisamos acordar para a nossa insegurança. Os policiais são atacados. Temos que valorizar nossos órgãos de segurança pública.”

 


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