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21 de novembro de 2018
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17:41

‘O MDB manterá uma linha de oposição’, diz Sartori sobre apoio ao governo Leite

Por
Sul 21
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‘O MDB manterá uma linha de oposição’, diz Sartori sobre apoio ao governo Leite
‘O MDB manterá uma linha de oposição’, diz Sartori sobre apoio ao governo Leite
“Tentamos ouvir a voz silenciosa da sociedade”, disse o governador José Ivo Sartori (MDB). Foto: Joana Berwanger/Sul21

Giovana Fleck 

“Nós precisamos reconhecer os bons políticos”, afirmou Simone Leite, presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) em fala de apresentação do evento ‘Tá na Mesa’. Nessa edição, o convidado foi o governador José Ivo Sartori (MDB), o que marcou a primeira vez que um chefe do Executivo em final de mandato é convidado pela entidade.

“Nas redes sociais, me cobraram por não convidar o próximo governador, dizendo que não se deve olhar para o passado”, continuou Simone, antes de agradecer Sartori e seus secretários pela gestão. “Todos os meses, nós vamos ao cabeleireiro, pagamos o cartão de crédito, pagamos a empregada doméstica… Nossos secretários não sabiam quando iriam receber e, ainda assim, fizeram um grande trabalho”, assinalou a presidente.

“Talvez esse pessoal da rede social esteja certo”, iniciou Sartori. Ao fazer um balanço de seu governo, ele destacou as medidas para controle das despesas e do déficit do governo. Sartori destacou sua posição de enfrentamento à crise financeira que, segundo ele, foi maior que a crise de 1929, iniciada nos Estados Unidos. “Apesar da oposição radical e permanente.”

Ele condensou saúde, educação e segurança em poucos slides com dados recentes. Ressaltou iniciativas de transparência, como a criação de aplicativos que desburocratizaram processos cotidianos, como o ‘Facilita RS’, além de enfatizar o papel do planejamento e da organização em seu governo. “Tentamos ouvir a voz silenciosa da sociedade. Devo dizer que a política social não é monopólio de um partido político”, disse, afirmando que sua gestão mudou a cultura política do RS através da transparência.

No entanto, o governador não mencionou os mais de 30 meses de atrasos nos pagamentos de salários, o fechamento de mais de 40 escolas e diversas turmas no estado em 2018, na falta de médicos nas Unidades Básicas de Saúde, na escassez de medicamentos e na superlotação dos hospitais e Unidades de Pronto Atendimento.

Governo Leite e últimas decisões

Na terça-feira (20), o governador eleito Eduardo Leite (PSDB) formalizou o convite para que o MDB integre seu governo.  “As marcas da eleição não podem ser maiores do que o nosso histórico de cooperação”, apontou Leite.

Sobre a possibilidade de aliança, Sartori diz que, pelo que escutou de seus colegas de partido, o MDB manterá uma linha de oposição. “A sociedade nos colocou nesta condição na medida em que escolheu outro governador.” Também disse que deve-se olhar para os interesses do Rio Grande do Sul com grandeza, colaborando com o futuro governo no que considerar interessante para o povo.

Em coletiva à imprensa, Sartori foi questionado sobre posições que tomou durante as eleições. Professor de formação, o atual governador iniciou sua carreira política na militância estudantil em Caxias do Sul, chegando a ser associado, clandestinamente, ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) – ilegal durante a ditadura militar. Com a abertura ao bipartidarismo, filiou-se ao MDB. No entanto, foi questionado por contradições entre sua trajetória e o apoio ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), chegando a mesclar seu nome ao do presidenciável em materiais de publicidade no final da campanha, criando a alcunha ‘Sartonaro’. Em vídeos publicados nas redes sociais e em comícios durante a campanha, Bolsonaro não deixou de manifestar seu repúdio ao comunismo e à esquerda em geral, chegando a dizer que: “Esses marginais vermelhos serão banidos da nossa pátria”.

“Isso foi uma decisão do partido do qual eu faço parte. Mas eu tenho as minhas convicções pessoais. Eu nunca tomei uma decisão pessoal. Não temos certeza do que será a gestão do presidente. Ele está montando uma equipe altamente qualificada. Espero que ele faça as reformas necessárias”, afirmou.

Quanto a crise na área da saúde, intensificada nesta semana com hospitais de Canoas e Sapucaia do Sul atendendo apenas casos de urgência e emergência, Sartori resumiu apontando que “as medidas encaminhadas pelas prefeituras e direções de hospitais têm origem política”. As decisões de contingência foram implementadas após falta de repasses de recursos financeiros por parte do governo do Estado. “Estamos fazendo o que nos cabe”, resumiu o governador, afirmando que a estratégia do governo é voltada para a diminuição do rombo financeiro.

Sartori também falou sobre o pré-acordo do Regime de Recuperação Fiscal, criticado em fala recente de Leite. O governador eleito afirmou que o texto seria “apenas um protocolo de intenções”. Sartori lamentou a afirmação, reiterando a validade do pré-acordo e dizendo que respeita a crítica, no entanto, apontou para o fato de que “diminuir ou dizer que não tem foco […] não ajuda a resolver o problema”. “Não vou abdicar das ações que o governo deve fazer, sejam elas consideradas leves [ou pesadas].”

Ao final da coletiva, o governador falou sobre o Projeto de Lei (PL) que tramita na Assembleia Legislativa e que trata da permanência da majoração das alíquotas do ICMS. Sartori ressaltou que não encaminhará nenhuma orientação a bancada de seu partido. “Conselho se dá de pai para filho. Para gente grande, a gente não dá conselho ou [indica] uma forma de agir. Inclusive a bancada do meu partido.”

 


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