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21 de fevereiro de 2020
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21:56

Justiça manda suspender licenciamento ambiental do projeto Mina Guaíba

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Sul 21
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Justiça manda suspender licenciamento ambiental do projeto Mina Guaíba
Justiça manda suspender licenciamento ambiental do projeto Mina Guaíba
Audiência pública para debater os impactos da construção da Mina Guaíba no RS. Foto: Luiza Castro/Sul21

Da Redação

A Justiça Federal do Rio Grande do Sul determinou a suspensão imediata do processo de licenciamento ambiental do projeto Mina Guaíba até a análise conclusiva pela Fundação Nacional do Índio (Funai) do componente indígena. A liminar, publicada na tarde desta sexta-feira(21), é da juíza Clarides Rahmeier, da 9ª Vara Federal de Porto Alegre (RS) .

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A decisão aponta que o componente indígena deve ser incluído no Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) antes de eventual emissão de Licença Prévia pela Fundação de Proteção Ambiental (Fepam). Esta necessidade decorre da importância de que o licenciamento ambiental seja conduzido de forma a solucionar os impactos sociais, culturais e ambientais relacionados ao componente indígena no entorno do empreendimento. Cabe recurso da decisão ao TRF4.

Em dezembro, o Ministério Público Federal  já havia emitido parecer favorável ao pedido da Associação Arayara de Educação e Cultura e da Associação Indígena Poty Guarani – autores da ação civil pública – de suspensão imediata do processo de licenciamento do projeto. O MPF também entendeu que a situação de duas comunidades indígenas afetadas deveria ter sido incluída no EIA-RIMA do projeto.

O projeto da Mina Guaíba prevê a extração de 8,1 milhões de toneladas de carvão por ano de uma mina a céu aberto numa área que abrange os municípios de Eldorado do Sul e Charqueadas, a aproximadamente 16 quilômetros da Capital. Entidades e parlamentares questionam a possibilidade de danos ambientais, especialmente pelo fato de que a previsão é de que mina seja instalada a dois quilômetros do delta do Jacuí, principal fonte de água potável que abastece Porto Alegre e a Região Metropolitana. A Copelmi, empresa responsável, nega que o empreendimento vá causar danos ambientais, alegando que as novas tecnologias disponíveis para a mineração de carvão fariam com que não houvesse nenhum risco poluidor para as águas ou para a atmosfera.

Em nota, a Fepam diz que o processo de licenciamento está aguardando complementações diversas — conforme indica o ofício 02696/2019, processo 006354-0567/18-1 — a serem entregues pela Copelmi.

“A Fundação foi surpreendida pela decisão judicial que saiu nesta sexta-feira, visto que, como é de praxe, vem cumprindo os trâmites relativos às terras indígenas. A Fepam já havia consultado os órgãos que regulamentam e reconhecem as terras indígenas. Todavia, conforme consta no item 28.5 do mesmo ofício, solicitou uma ação complementar relativa ao tema. Além disso, o ofício 473/2020 corrobora que a manifestação conclusiva da Funai é item fundamental para continuidade das análises. A decisão judicial não altera a ordem de atuação da Fundação, que aguarda novos elementos para finalizar a análise do processo”, diz a nota.


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