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28 de dezembro de 2018
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15:51

Escritor israelense Amós Oz morre aos 79 anos

Por
Sul 21
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Escritor israelense Amós Oz morre aos 79 anos
Escritor israelense Amós Oz morre aos 79 anos
Amos Oz | Foto: Luiz Munhoz/Divulgação

Da Redação

Na manhã desta sexta-feira (28), faleceu o escritor israelense e co-fundador do movimento pacifista Paz Agora, Amós Oz, aos 79 anos. Sua morte foi noticiada por sua filha em seu perfil no Twitter.  “Para aqueles que o amam, obrigado”, escreveu Fania Oz-Salzberger na rede social. Segundo ela, a morte teria sido decorrência do câncer contra o qual o escritor lutava.

Nascido em Jerusalém em 1939, Amos Klausner escolheu a palavra hebraica ‘Oz’ para assinar suas publicações por simbolizar o “homem que carrega um fardo pesado”. Considerado o principal intelectual israelense, foi um dos primeiros a escrever literatura contemporânea em hebraico. Desde os anos 60, o autor publicou 35 livros, entre romances, histórias infantis e coleções de artigos, críticas e ensaios, além de outros textos. Suas obras foram traduzidas para 42 idiomas em 43 países.
Seu livro mais conhecido é o romance autobiográfico “Rimas da vida e da morte” (2003), reconhecido como uma obra-prima da literatura mundial.

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Na década de 1960, o escritor se engajou no grupo social-democrata Min Hayesod, que se opunha ao culto à personalidade em torno do então primeiro-ministro israelense da época, David Ben-Gurion. Além disso, tornou-se o principal porta-voz do movimento Paz Agora (também conhecido como Peace Now), fundado em 1977 com sua participação. A organização foi criada com o propósito de alcançar a paz interna e externa para Israel.

Em 2017, Oz esteve em Porto Alegre como palestrante no evento Fronteiras do Pensamento. Na ocasião, falou sobre uma tendência ao fanatismo, algo que disse perceber globalmente. “Quanto mais complexas as questões da vida vão se tornando, mais as pessoas nas ruas desejam respostas simples. Fanáticos sempre podem oferecer respostas simples. Eles sempre podem te dizer quem culpar. Eles sempre podem te dizer quem deve ser destruído, para que o mundo seja salvo. Diferenças étnicas e raciais, pluralismo, multiculturalismo. Cada uma destas questões é complexa. Os fanáticos sempre irão te dar um resposta simples. Uma resposta que cobre tudo. Isso, no meu ponto de vista, é o novo tipo de sedução do diabo. Respostas simples, simples, simples, para tudo”, afirmou.

Sobre a guerra entre Israel e Palestina, o escritor classificou o conflito como algo que não é “moralmente simples”, como os demais conflitos do século XX. “Preto e branco. Fascismo e antifascismo era preto e branco. Qualquer homem decente queria tomar um lado. Colonialismo e anticolonialismo, preto e branco. Gulags, campos de concentração, câmaras de gás, preto e branco. Vietnã, preto e branco. Apartheid, definitivamente se saiba quem era os caras bons e o maus. Israel e Palestina não é assim”, defendeu.

Entre seus trabalhos, estão ainda “Meu Michael” (1973), “A caixa preta” (1988), “Conhecer uma mulher” (1991), “Pantera no porão’ (1997) e “O mesmo mar” (2002).

 


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