Da Redação
O curador da Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, exposição que esteve em cartaz no Santander Cultural de Porto Alegre e foi encerrada depois de protestos de grupos conservadores, Gaudêncio Fidelis, lançou uma nota nesta terça-feira (05) criticando a decisão do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), de impedir a apresentação da peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu.
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“É lamentável que uma das cidades mais importantes do mundo na arena cultural e artística venha sofrendo consistentes ataques de uma liderança política fundamentalista que, por motivações eleitoreiras não aceita a liberdade de expressão e promove constantemente a censura como forma de cerceamento da criatividade, da arte e da produção de conhecimento. Sob ataque do Prefeito está a posição de fundamentalistas que negam e recusam a existência de indivíduos LGBTQI+”, diz Gaudêncio na nota.
Ao jornal O Globo, a atriz Renata Carvalho, protagonista da peça e mulher transgênero, disse que a proibição é “um ato de transfobia”. “As pessoas acreditam que só pelo fato de Jesus estar sendo representado, materializado, no corpo de uma travesti isso é inapropriado. Acham isso porque o corpo da travesti é considerado inapropriado. Então a grande questão está na corporeidade travesti, na criminalização da nossa identidade, do nosso corpo e das nossas vivências. Por isso essa proibição é um gesto de transfobia”.
Leia a nota de Fidelis na íntegra:
Depois de censurar a exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, impedindo-a de ser realizada no Museu de Arte do Rio (MAR), o prefeito Marcelo Crivella comete mais um ato de censura que irá impedir a apresentação da peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, que seria realizada dentro da programação Corpos Visíveis, em evento de caráter LGBTQI+, programado para acontecer nos dia 8, 9 e 10 de junho no Parque Madureira, no Rio de Janeiro. Em um vídeo divulgado em sua página do Facebook, o prefeito ainda ataca a imprensa, acusando um jornalista que divulgou a realização do evento, manipulando os fatos diante da opinião pública, atribuindo à notícia o status de “fake news” e reiterando que não permitia a realização do espetáculo.
É lamentável que uma das cidades mais importantes do mundo na arena cultural e artística venha sofrendo consistentes ataques de uma liderança política fundamentalista que, por motivações eleitoreiras não aceita a liberdade de expressão e promove constantemente a censura como forma de cerceamento da criatividade, da arte e da produção de conhecimento. Sob ataque do Prefeito está a posição de fundamentalistas que negam e recusam a existência de indivíduos LGBTQI+ e ainda desrespeitam a Constituição brasileira, que faculta a liberdade de expressão como direito fundamental, que deve receber a proteção incondicional do Estado.
A sociedade brasileira já se manifestou de forma consistente contra a censura de Marcelo Crivella sobre a Queermuseu e o fará brevemente diante desse ato indigno dos princípios mais elementares de uma vida democrática, de liberdade de escolha, da expressão do conhecimento e da criatividade.