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5 de abril de 2018
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00:03

Ato na Esquina Democrática acompanha votação de habeas corpus para Lula: ‘Precisamos unir forças’

Por
Sul 21
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A secretária Rose (à esquerda) levou a bandeira ao ato em nome de programas do governo do PT | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Fernanda Canofre

No final da tarde desta quarta-feira (4), enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) fazia um pequeno intervalo, depois do voto do ministro Luís Roberto Barroso sobre o habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), centenas de pessoas foram se reunindo na Esquina Democrática de Porto Alegre. No carro de som, falas de militantes de movimentos sociais, estudantes, políticos e sindicalistas davam um contexto da esquerda para o atual momento político do país.

Em cartazes, slogans que se tornaram tradicionais nos atos em defesa do ex-presidente, como “Eleição Sem Lula É Fraude” acompanhavam mensagens pela democracia. O entendimento do Supremo com relação ao caso de Lula, pode servir para todos os casos de prisão depois de julgamento em segunda instância. Um entendimento que a Corte vem mantendo desde 2016.

A secretária e líder comunitária do bairro Glória, Rose Lacorte, balançava uma bandeira com a foto do petista e a frase: “Lula vale a luta”. Para ela, o ex-presidente representa todas as conquistas que os trabalhadores conseguiram nos últimos anos.

“Nós vamos perder muito. O Brasil vai ter um retrocesso de muitos anos, principalmente, a classe menos favorecida. Nossos filhos não vão ter mais estudo, educação vai piorar”, diz.

O cartaz da Omá dizia “vergonha” e chamava de “trogloditas” os que participaram de ataques contra a caravana do ex-presidente no RS | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Na época dos protestos contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), a professora da rede municipal de Porto Alegre, Isabella Lacerda, criou a boneca Omá para acompanhá-la nos protestos. Dois anos depois, a personagem mudou várias vezes de cartaz, mas sempre está presente nas manifestações.

No ato desta quarta, ela carregava uma mensagem criticando atos violentos contra a caravana de Lula, durante a passagem pelo Rio Grande do Sul. “Foi o fim da picada. É um tratamento anti-democrático com as ideias do outro. A mídia é muito parcial, ela critica a esquerda por qualquer ato, enquanto naturaliza reações violentas da direita”, diz ela.

O carro de som alternou falas de dezenas de pessoas durante a vigília, acompanhando a votação no Supremo. Para o ex-deputado estadual Raul Carrion (PCdoB), o Judiciário também seria responsável por “alimentar a onda fascista” no país.

“Independente de qualquer resultado precisamos unir o máximo de forças, pequenas divergências, divergências táticas, unir para construir uma grande unidade para derrotar essa direita fascista. Colocar um presidente ou presidenta que faça uma revisão de toda essa agenda de entreguismo e retirada de direitos do povo brasileiro”, avalia ele.

Colega de partido de Carrion, o deputado estadual Juliano Roso, também defendeu que mesmo com a legenda tendo candidatura própria, ainda defende o direito de Lula concorrer nas eleições de outubro.

“Nós precisamos dialogar com toda a sociedade e mostrar que estamos em um divisor de águas. De um lado, estão aqueles que defendem a democracia, a Constituição, a liberdade. De outro, setores atrasados, que defendem o golpe e a ditadura. Precisamos conversar com toda a sociedade, inclusive com o Exército brasileiro”, defendeu ele.

A referência foi à fala do comandante do Exército, General Villas Bôas, “repudiando a impunidade” na véspera da votação histórica no Supremo.

Deputado constituinte, Selvino Heck (PT), reforçou que o ato foi convocado, antes de tudo, em defesa da democracia. “É a democracia, a Constituição cidadã, o direito de todos a se manifestar, uma forma de garantir as eleições em outubro para fazer com que as políticas sociais sigam”.

O voto da ministra Rosa Weber contra o habeas corpus, entendendo que Lula pode ser preso depois de esgotados os recursos na segunda instância, não desanimou as falas. A ministra era tida como fiel da balança, o voto menos previsível da sessão. Ela resumiu sua tese em uma expressão em latim: “stare decisis”. O que significa “aquilo que foi decidido deve ser respeitado”.

Weber foi o quinto voto na Corte. Depois dela, Luis Fux também votou contra o habeas corpus para Lula. Faltam ainda os votos de Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Garcia, Celso de Mello e da presidente Carmen Lúcia, para caso de empate. Gilmar Mendes votou a favor de Lula, enquanto o relator Edson Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes foram contra.

Veja mais fotos do ato:

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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