Luís Eduardo Gomes
No dia 4 de junho, o boletim epidemiológico divulgado diariamente pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre indicava que as UTIs dos hospitais da cidade contavam com 44 pacientes que testaram positivo para covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Uma semana depois, no boletim desta quarta-feira (10), este número saltou para 67, uma alta de 52%, a maior desde março.
O rápido aumento nos casos de internações já havia chamado a atenção da Prefeitura no início da semana. Na segunda-feira (8), o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) informou que a preocupação com o aumento de pacientes em UTIs por covid-19 durante o último final de semana levou o governo municipal a suspender o anúncio de uma nova rodada de relaxamento das restrições impostas no início da quarentena. Dois dias depois, a tendência de alta volta a ser confirmada.
Porto Alegre registrou o primeiro caso de paciente internado em UTI por contaminação pelo novo coronavírus no dia 19 de março. Nos 20 dias seguintes, houve um rápido crescimento no número de internações, chegando ao pico de 43, em 10 de abril. Neste primeiro período, o número de internações chegou a dobrar em um intervalo de quatro dias, passando de 10, no dia 27 de março, para 20, no dia 30.
Contudo, entre 10 de abril e 16 de maio, quando um novo pico de internações, 44, foi estabelecido, as UTIs de Porto Alegre mantiveram uma média estável, oscilando entre 28 e 42 pacientes internados por dia, mas chegando a apresentar uma sequência de duas semanas sem superar 36 internações — entre os dias 20 de abril e 5 de maio.
O número de internações em UTIs manteve uma nova estabilidade no final de maio, mas em um novo patamar, oscilando entre 40 e 49, novo pico alcançado no dia 30. Esta mesma tendência permaneceu na primeira semana de junho, até ter uma forte alta nos últimos dias.
Na quarta-feira (4), 44 pacientes estavam internados. No dia seguinte, o número subiu para 46, mantendo-se estável no sábado (6). No domingo, o primeiro salto, de 46 para 54. Na segunda (7), novo salto, para 62. Na terça, uma pequena redução para 61, voltando a subir na quarta, para 67.
No monitoramento de internações feito pela Prefeitura, o número já subiu para 70 na manhã desta quinta (11), com outros 30 casos considerados como sob suspeita — aguardando confirmação de exame –, sendo que parte dos hospitais da cidade ainda não tiveram dados atualizados.
UTIs lotadas
O salto de internações por covid-19 ocorre num momento em que os hospitais de Porto Alegre começam a ficar com suas UTIs lotadas. Segundo dados do monitoramento feito pela Prefeitura, os hospitais Cristo Redentor, Independência, Femina e Restinga estão com 100% de lotação. Vale ressaltar que estes hospitais não são a referência para o tratamento de covid-19 e, juntos, somam apenas uma internação de um paciente com suspeita de covid-19, mas nenhum caso confirmado.
Os principais hospitais da rede pública que atendem pacientes com covid-19, o Clínicas e o Conceição, estão com 72% e 85% de suas UTIs ocupadas. No HCPA, são 28 pacientes internados que já testaram positivo para covid-19 e outros 4 sob suspeita nesta manhã. No Conceição, cujos dados foram atualizados pela última vez ontem, eram 18 pacientes com confirmação e 7 sob suspeita.
Na rede privada, o Moinhos de Vento é o hospital que abriga o maior número de pacientes, 9 confirmados e 2 sob suspeita. A instituição está com uma taxa de ocupação de UTIs de 89%.
Ao todo, a cidade está com uma taxa de ocupação de UTIs de 81,05%. Para efeito de comparação, a taxa de ocupação de leitos de UTIs no Rio Grande do Sul é, neste momento, de 72,7%.
Em termos totais, o boletim epidemiológico divulgado pela SMS na quarta-feira (10) aponta que Porto Alegre já registra 50 mortes e 1850 casos confirmados de covid-19. Em 20 de maio, dia em que o prefeito Marchezan assinou o decreto liberando a maior parte dos setores do comércio e serviços para retornaram às atividades, Porto Alegre contava com 26 óbitos e 986 casos. Isso significa que os óbitos aumentaram em 92% nos últimos 20 dias, enquanto os casos aumentaram em 87%.
