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28 de setembro de 2018
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20:24

Cpers aprova paralisação de 24h na próxima quinta (4) e participação em ato #EleNão

Por
Luís Gomes
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A presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, durante assembleia que aprovou paralisação de 24h para a próxima quinta-feira | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Em assembleia realizada na tarde desta sexta-feira (28) o Centro de Professores do Estado do Rio do Grande do Sul (Cpers) aprovou a realização de uma paralisação de 24 horas na próxima quinta-feira (4) em protesto para exigir o pagamento em dia dos salários da categoria. O governo do Estado efetuou nesta sexta apenas o pagamento integral de quem recebe até R$ 1,3 mil de salário líquido. Este é o 34º mês na gestão do governador José Ivo Sartori (MDB) em que há atraso ou parcelamento no salário dos servidores públicos estaduais.

“Nós estamos vivendo um problema muito sério. Hoje o governo pagou R$ 1,3 mil. Nós não temos dinheiro mais para sobreviver. Nós temos professores que estão trabalhando com a possibilidade de alguém financiar o seu ônibus”, diz a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer. Segundo ela, a data da greve foi escolhida para dar tempo de o sindicato construir uma mobilização de 100% da categoria. “Não é possível a gente ouvir o governador dizendo que paga juros pelos dias de atraso, enquanto a gente paga no banco o juro bancário e ele nos paga 0,5%, que é o juro da caderneta de poupança. Cansamos de acumular dívida, porque é somente isso que estamos fazendo”.

A assembleia do Cpers foi realizada para eleger os representantes do sindicato na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e uma pauta com uma série de propostas de mobilização para os próximos dias. Além da paralisação do dia 4, a pauta aprovada pela categoria inclui um ato de caráter estadual a ser realizado no mesmo dia e a participação da categoria no ato convocado por mulheres #EleNão contra o candidato presidencial Jair Bolsonaro, que será realizado em diversas cidades neste sábado (29).

Categoria aprovou por quase unanimidade a pauta de mobilização | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Questionada se a realização da paralisação a 4 dias da eleição na qual o governador Sartori disputa a reeleição não pode ser vista como medida eleitoreira, Helenir respondeu: “Acusem uma categoria que está há 34 meses com salários atrasados e pagando juros bancários. Digam que isso é política”, disse. “O governo não quer que a sociedade saiba o que nós estamos passando e não vamos nos calar, como não nos calamos em 4 anos”, acrescentou Helenir, referindo-se à ação que o MDB ajuizou na Justiça pedindo o recolhimento de materiais que o Cpers têm distribuído durante a caravana que realiza pelo Estado desde julho.

A presidente do Cpers ainda avaliou um eventual segundo turno entre Sartori e Eduardo Leite (PSDB), que lideram as pesquisas de intenção de voto: “Nós vamos ter duas opções, ou nos matar ou nos suicidar, porque o projeto é o mesmo”. Ela também ironizou as propostas apresentadas pelos candidatos ao governo na campanha eleitoral. “Todo mundo ama educação durante a eleição. Depois do voto na urna, todo mundo se esquece. O Sartori deveria ter vergonha na cara de dizer que tem proposta de valorização. Se tem, por que não fez? Teve quatro anos para fazer e não fez, foi uma opção política”.

Rejane de Oliveira | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Rejane de Oliveira, líder do MLS, uma das principais correntes de oposição à atual direção do Cpers, também acredita que tanto PSDB quanto MDB “sempre massacraram” os professores estaduais, mas avalia que a categoria poderia ter realizado uma maior mobilização contra o governo no período que antecedeu a campanha eleitoral.

“O governo Sartori nos massacra com o congelamento do salário há 34 meses, demitiu os contratados, tem municipalização, agora aumentou a coparticipação do IPE. E nós temos a avaliação de que não houve o enfrentamento necessário para derrotar o governo Sartori, e as pesquisas mostram isso”, afirma.

Durante a assembleia, a direção do Cpers informou que o sindicato conseguiu na Justiça uma liminar ordenando a suspensão das demissões realizados pelo governo em período eleitoral de professores contratados em caráter emergencial. Segundo o sindicato, as demissões ficam suspensas até a posse de um novo governador. Antes da votação, ainda surgiu a proposta da realização de greve durante 5 dias, mas foi rejeitada. A pauta de mobilizações foi aprovada por quase todos os cerca de 1,2 mil filiados do sindicato que estavam presentes.

Após a assembleia, parte da categoria saiu em caminhada até o Palácio Piratini para protestar contra mais um atraso no pagamento salarial.

Assembleia na Casa do Gaúcho reuniu cerca de 1,2 mil associados do Cpers | Foto: Guilherme Santos/Sul21

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