Cidades
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19 de abril de 2020
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13:51

Família denuncia racismo após idoso ser falsamente acusado de furto e esposa falecer em Gravataí

Por
Luís Gomes
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Família denuncia racismo após idoso ser falsamente acusado de furto e esposa falecer em Gravataí
Família denuncia racismo após idoso ser falsamente acusado de furto e esposa falecer em Gravataí
Everaldo relatou o episódio neste sábado | Foto: Reprodução/Vídeo/RBS TV

Da Redação

Everaldo da Silva Fonseca, 62 anos, acompanhava a esposa, Maria Gonçalves Lopes, no Hospital Dom João Backer, em Gravataí (RS), na madrugada deste sábado (18) quando, segundo relato seu e de familiares, foi falsamente acusado de furtar um celular por uma pessoa que trabalha na instituição e agredido pela equipe de segurança. Ao ver as agressões ao marido e depois de pedir ajuda aos gritos, Maria Gonçalves, que estava internada para tratar de problemas no fígado, sofreu uma parada cardíaca e faleceu, segundo a família.

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O episódio foi denunciado nas redes sociais e na imprensa local neste sábado. Everaldo relatou o episódio à RBS TV. “Me revistaram tudo, me levaram para um corredor escuro lá. Eu apanhei, tomei soco nas costas, tomei chute do guarda, pisão no pé, me disseram um monte de palavra de baixo calão, me chamaram de tudo que eu não merecia. E eu disse para eles que eu era um homem de 60 e poucos anos, eu não ia tá apanhando, passando a maior vergonha. E a mulher gritava para eles me largar e eles não me largavam. Fizeram baderna comigo”, contou Everaldo à TV. Ele registrou um boletim de ocorrência após o episódio.

Em entrevista ao site Giro de Gravataí, Jonatas Lopes Fonseca, filho do casal, disse que o pai lhe telefonou por volta das 3h de sábado relatando que uma pessoa da equipe do hospital estava acusando ele de roubar um celular. “Eles pegaram o meu pai, na frente da minha mãe, que estava acamada, chutaram, deram um monte de socos no meu pai. Fizeram um monte de coisa para ele, tocaram as coisas do meu aqui na rua. A enfermeira teve a capacidade de pegar, entrar lá dentro, ir lá onde a minha mãe tava acamada, deitada numa camada, pegar e revirar todinhas as fraldas dela para ver se o celular não tava lá”.

Jonatas diz que, após um tempo, o celular foi encontrado e os funcionários retornaram para pedir desculpas para Everaldo. “Mas o que adianta pedir desculpa depois que eles fizeram o meu pai passar vergonha na frente de todo mundo. Chamaram até meu pai de negro, um segurança, isso aí é racismo”, diz. “E coitada da minha mãe acabou falecendo, gritando socorro para ninguém fazer isso com meu pai. Ela veio a falecer, às 3h da manhã”.

Em nota encaminhada ao Sul21, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, mantenedora do hospital Dom João Becker, informou que será aberta uma sindicância para investigar o caso. Confira a íntegra da nota:

Com relação ao fato questionado pelo Sul21, ocorrido nas dependências do Hospital Dom João Becker na madrugada deste sábado, 18/04, envolvendo familiar de paciente, informamos que será imediatamente aberta uma sindicância interna para averiguação. Uma vez feita a apuração, com base no Código de Conduta vigente em todos os hospitais da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, serão tomadas as providências cabíveis, tendo como premissa essencial a verdade dos fatos.
Hospital Dom João Becker
Gravataí, 18 de abril de 2020


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