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1 de setembro de 2018
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21:57

Após quatro anos prontas, lojas e restaurantes começam a operar na Praça da Alfândega

Por
Sul 21
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Luciano Castro diz que, em breve, colocará a placa que identifica seu café na frente da loja. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Giovana Fleck

A Praça da Alfândega representa a interseção dos eixos culturais do centro histórico. É circundada por prédios significativos e monumentos, como a Igreja de Nossa Senhora das Dores, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e a antiga sede dos Correios, hoje Memorial do Rio Grande do Sul.

Reconhecendo seu caráter simbólico, há cinco gestões atrás, a Prefeitura de Porto Alegre iniciou uma série de projetos para revitalizar e garantir a preservação histórica do espaço. Os primeiros investimentos ocorreram por volta de 2004, com cursos para artesãos da região, a partir de fundos investidos no Projeto Monumenta. Nos últimos anos, coordenado pela Secretaria Municipal da Cultura (SMC), o projeto desenvolveu uma proposta arquitetônica para a Alfândega. Entre obras de restauração e qualificação, foi projetado e construído o Módulo de Serviços Caminho dos Jacarandás – entregue no final de julho.

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Por volta das 10h da manhã, os lojistas começam a abrir os módulos embaixo dos jacarandás. Luciano Castro, proprietário do Café da Praça, separa alguns pregos de uma caixa de ferramentas. “Vou mostrar em primeira mão”, diz, enquanto se abaixa para pegar a placa que irá identificar seu restaurante. Sua instalação marca os cerca de 30 dias em operação.

O prédio onde hoje operam os módulos comerciais fica localizado no lado leste da praça da Alfândega – entre a Caixa Econômica Federal e os calçadões das ruas dos Andradas e Sete de Setembro. São nove lojas, das quais sete já estão ocupadas. “Eu que trouxe os outros. Trabalhar em uma praça histórica, próximo a esse fluxo de pessoas… Todos toparam”, conta Luciano. Ele aponta para as outras lojas, contando sobre a reação dos colegas ao saberem da possibilidade de abrirem seus negócios. “Foi um processo relativamente simples”, conta. “Só que ainda falta segurança”. Segundo Luciano, apesar da presença regular de brigadianos e guardas municipais no entorno, os lojistas se organizam para contratar um serviço de segurança terceirizado durante o dia e a noite.

Duas lojas adiante, Eva Barbosa, proprietária da Flor de Eva, organizava a abertura de seu restaurante. Esse é seu primeiro estabelecimento gastronômico, fruto de investimento após decidir deixar sua carreira em gestão de pessoas. Ela diz que o horário de almoço é o mais concorrido pelas mesas de madeira no deck em frente ao seu restaurante. Ainda assim, tanto ela quanto Luciano dizem que Porto Alegre ainda tem que descobrir o Caminho dos Jacarandás. “As pessoas no Centro podem passar aqui pela Alfândega todos os dias e nunca notar que há algo de novo”, diz Luciano. “Esperamos que, com a próxima Feira do Livro, as lojas comecem a fazer parte do cotidiano”, projeta Eva.

Eva Barbosa em seu restaurante, o Flor de Eva. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Obras

A preocupação dos empresários com a fato de as lojas não serem notadas se fundamenta no tempo que a cidade conviveu com o prédio em estado de abandono. A finalidade do projeto foi, justamente, resgatar o caráter comercial da fachada do antigo prédio da Caixa Econômica Federal. Ele deixou de operar como ponto de vendas na década de 70, quando foi construído um paredão cego que o isolou do restante da praça. A ideia era facilitar a segurança das instituições bancárias do entorno.

A revitalização arquitetônica foi concluída há cerca de quatro anos, sendo imediatamente fechada. Em 2017, a licitação foi finalmente vencida por Robson Elias Vieira Alves, que é o permissionário responsável por locar os nove espaços aos comerciantes. Seu contrato tem validade de 10 anos, com possibilidade de prorrogação.

Em 2012, foram entregues as obras que reaproximaram a Alfândega da imagem que tinha nas primeiras décadas do século XX. O projeto começou em 2010, após uma investigação arqueológica ser concluída na área para precisar o local do porto original da cidade, construído entre 1856 e 1858. Antes disso, a última grande intervenção sofrida pela Alfândega ocorreu em 1970, quando foram retiradas as linhas de bonde do Centro, criado o calçadão e unificadas as Praças Senador Florêncio e Rio Branco.

Confira mais fotos: 

Foto: Joana Berwanger/Sul21
Foto: Joana Berwanger/Sul21
Foto: Joana Berwanger/Sul21
Foto: Joana Berwanger/Sul21

 


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