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9 de abril de 2019
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18:59

Com foco em privatizações, Leite faz balanço de seus primeiros 100 dias de governo

Por
Sul 21
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Com foco em privatizações, Leite faz balanço de seus primeiros 100 dias de governo
Com foco em privatizações, Leite faz balanço de seus primeiros 100 dias de governo
No centro de uma roda composta por cerca de 20 jornalistas, Leite manteve tom otimista. Foto: Itamar Aguiar / Palácio Piratini

Giovana Fleck

“Os dados vocês conhecem, vamos focar em recuperar o que foi feito em ações concretas”, iniciou o governador Eduardo Leite na coletiva de imprensa que tratou do balanço dos 100 primeiros dias de gestão – a serem completados na quarta-feira (10). Entre os principais anúncios feitos pelo governador está a abertura de capital da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), o seguimento na venda de ações do Banrisul e o incentivo a projetos nacionais como a reforma da Previdência.

No centro de uma roda composta por cerca de 20 jornalistas, Leite manteve tom otimista. “Mantivemos uma agenda de diálogo que ajuda a viabilizar um bom ambiente de progresso”, afirmou, lembrando das visitas que fez aos sindicatos do estado desde o início do governo. “Nada será levado à Assembleia Legislativa antes de nos reunirmos novamente com os sindicalistas”, garantiu.

O governador, no entanto, se contradisse de início: no início de fevereiro, o principal projeto, até então, de sua gestão foi entregue  ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Luís Augusto Lara (PTB). Trata-se da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 272 2019) que propõe a retirada de exigência de plebiscito para que o Estado possa privatizar ou federalizar a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), Sulgás e Companhia Riograndense de Mineração (CRM). 

Enquanto a coletiva era realizada no Piratini, manifestantes se reuniam na Praça da Matriz. Em protesto contra o fim do plebiscito, colocaram mordaças em estátuas com a frase “Cala a boca já morreu”. Afirmando que o governador tenta “calar o povo gaúcho”, os participantes do ato questionavam, justamente, a supressão do diálogo entre o governo e a população.

Segundo o governador, os deputados, assim como ele, foram eleitos pelo povo a partir de uma relação de confiança. Mesmo que isso não signifique que os parlamentares correspondam às expectativas dos eleitores, ele se disse “confiante na aprovação” da PEC.

Parcerias Público-Privadas

“Queremos PPPs na saúde, na educação e na cultura”, disse Leite ao tratar do programa RS Parcerias que, segundo o governador, procura aliar os interesses privados aos públicos com a regulação do governo. “Um estado com dificuldades fiscais não pode pensar de outra forma”, concluiu.

Ao tratar do tema, Leite apontou que o Rio Grande do Sul, hoje, é um estado pouco atrativo para empresas e indivíduos de outras partes do Brasil e do mundo. “Apesar de não sermos um estado que exporta muitas pessoas, ao contrário do que se acredita, importamos muito pouco”, afirmou. Por isso, seu governo lançou uma nova marca; “Governo do RS: Novas Façanhas”, que objetiva atrair o interesse externo em possibilidades tanto em âmbito profissional quanto pessoal no estado.

No material distribuído à imprensa, o plano prevê o desenvolvimento do que a gestão chama de “governo digital” que contribuiria para a desburocratização e simplificação para novos negócios.

Na educação, Leite manteve o discurso que reitera desde a campanha: os salários dos servidores serão pagos em dia até o final de 2019. Ele prevê concretizar a promessa após a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), legado de seu antecessor, José Ivo Sartori (MDB).

Além disso, seu governo estabeleceu cinco metas para a pasta que incluem: a melhora dos registros escolares, a formação continuada de docentes e gestores, a implementação das mudanças curriculares no Ensino Médio (algo já previsto em termos de política nacional), a ampliação de políticas de alfabetização e a consolidação do chamado Centro Virtual (que objetiva o suporte técnico à formação de profissionais da educação).

Questionado sobre a concessão do patrimônio e da gestão à inciativa privada de maneira mais pontual, Leite afirmou que pretende manter empresas como o Banrisul públicas, sem excluir a possibilidade de repetir ações como a do dia anterior à coletiva. Na terça-feira (8), sem prévio aviso, o Estado vendeu 2 milhões de ações preferenciais classe B, arrecadando R$ 49,27 milhões (em valores líquidos de comissão).

Além disso, segundo o governador, o capital da Corsan deverá ser aberto no limite máximo permitido, de 49%. Leite ressaltou que, antes da abertura, a companhia passará por uma reestruturação, firmando parcerias com o setor privado e reduzindo perdas tarifárias que aumentem seu valor de mercado.

Rapidamente, o governador voltou a destacar que a privatização do setor energético, através da venda da CEEE, da Sulgás e da CRM, auxiliará na adesão ao RRF. Assim, o Rio Grande do Sul poderá acessar novos investimentos.

Apesar das semelhanças de discurso com o ex-governador Sartori, Leite categorizou as medidas como “necessárias”, afirmando que não sabe como resolver o problema do déficit sem financiamentos e que deverá “alongar a estrutura” para poder administrá-la.

Meio Ambiente

Políticas de proteção ambiental não foram o foco da campanha de Leite, tampouco tiveram ênfase em seus primeiros 100 dias no Palácio Piratini. Ainda assim, o governador destacou que: “Ninguém quer crescer às custas do desenvolvimento ambiental.”

No início de abril, mais de três meses após o desastre de Brumadinho (MG), com o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, duas barragens gaúchas foram interditadas. Segundo a  Agência Nacional de Mineração (ANM), ambas poderiam resultar na contaminação do Rio Camaquã. Uma é resultado da atividade da Companhia Brasileira do Cobre (CBC), em Caçapava do Sul, e a outra da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), em Minas do Leão.

A região é alvo de disputas de mineradores há décadas. Leite defendeu um uso “responsável” da região, afirmando que o governo não se opõe à mineração na região mas que apoia a exploração de forma “sustentável”. Ele garantiu que estão sendo feitos levantamentos sobre a segurança de barragens e que a instalação de empresas de exploração de minérios no rio acontecerá em parceria com a população e a regulamentação governamental.


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