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8 de outubro de 2020
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09:40

Pela 1ª vez, Pelotas tem chapa com dois negros na disputa pela Prefeitura; confira os 11 candidatos

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Sul 21
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Eleição 2020, cidade de Pelotas. Foto: Rafa Marin/Prefeitura Municipal de Pelotas

Júlia Müller
De Pelotas

Como acontece em vários outros municípios, em Pelotas, no sul do Estado, a eleição 2020 será marcada pelo número recorde de candidaturas desde a redemocratização: ao todo, 11 pessoas disputam a Prefeitura no pleito de 15 de novembro. Quanto ao Legislativo, 429 postulantes concorrem às 21 cadeiras da Câmara de Vereadores.

Depois das mudanças nas leis eleitorais, os partidos menores estão ainda mais interessados em dar as caras e mostrar seus ideais ao público. Quanto aos perfis, algumas diferenças em relação aos anos anteriores já podem ser notadas. Pela primeira vez, Pelotas conta com uma chapa composta por duas pessoas negras, além de outros três candidatos a vice-prefeito que são negros – duas mulheres e um homem. Por outro lado, figuras já carimbadas na cidade, como ex-prefeitos e antigos candidatos a vereador, também estão na disputa.

Por conta da pandemia da covid-19, a busca de votos nas ruas ainda é tímida, em comparação às eleições anteriores. Desta vez, a campanha se mostra mais intensa nas redes sociais. Os candidatos vêm optando por lives e encontros virtuais com dias marcados para expor suas propostas.

Como já era esperado para o ano, a saúde é um dos grandes temas de disputa de propostas diferentes entre os candidatos. Assim como a geração de empregos, com foco no restabelecimento e no giro da economia local, os investimentos na educação e obras nos bairros, assunto que ganha bastante atenção de quatro em quatro anos.

A atual prefeita, Paula Mascarenhas (PSDB) está novamente na disputa, assim como o vice do mandato, Idemar Barz (PTB). Quem também já conhece o Paço Municipal de perto é Adolfo Fetter Júnior (PP), ex-prefeito da cidade. Na eleição anterior, o cenário era semelhante. Em 2016, o ex-prefeito Anselmo Rodrigues ficou em segundo lugar, perdendo para a tucana. O ‘Governaço’, como é conhecido, foi prefeito em duas oportunidades (1988 e 1996). Também em 2016 e em 2012, a candidatura do PSOL chamou a atenção no município, ficando em terceiro lugar, algo até então inédito.

O teto de gastos no primeiro turno é de R$ 954.658,24, enquanto no segundo, caso ocorra, é de R$ 381.863,29. A regra é válida para todos os candidatos.

Paula Mascarenhas (PSDB) e Adolfo Fetter Júnior (PP). Foto: Reprodução/Facebook de ambos os candidatos.

Quem não é visto, não é lembrado

O pleito de 2016 para o Executivo contou com oito candidaturas, três chapas a menos que dessa vez. Para o doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Daniel de Mendonça, o número pode significar um interesse dos partidos em se manterem presentes na lembrança dos moradores. “Quanto mais aparição dos partidos para o eleitorado, mais eles vão ficar na memória da população”, resume.

A aparição dos partidos pode ser vista como uma preparação de terreno para as eleições que ocorrerão em dois anos, para deputados federais e estaduais. De acordo com as mudanças nas leis eleitorais, o número de deputados interfere diretamente no Fundo Eleitoral disponível para os partidos. Apesar das eleições deste ano não terem como foco os deputados, alcançar o coeficiente eleitoral, nesse momento, é extremamente importante.

Júlio Domingues (PSOL). Foto: Reprodução/Facebook do candidato

Outro aspecto dessa eleição é o aumento no número de candidatas mulheres, brancas e negras, e homens negros, principalmente para os cargos no Legislativo. Mendonça acredita que isso é decorrente de uma pressão social sobre os partidos, por parte de minorias que há muito procuram por uma representação. “Esse fenômeno pode não ter um efeito prático de imediato. O que precisa ser atentado é: como os partidos vão dividir o Fundo Partidário? Por exemplo, cada vez mais mulheres estão se candidatando, mas isso é um número pouco representativo em comparação a nossa população. Até que ponto os partidos estão efetivamente levando a sério o que diz na lei? Na prática, a situação é outra”, frisa o doutor em Ciência Política.

Governando a cidade atualmente, os nomes da coligação ‘Vamos em Frente, Pelotas’ são bastante conhecidos da população local. Candidata para reeleição, Paula Mascarenhas (PSDB) entra novamente na disputa pela chefia do Executivo. Ela foi a primeira mulher eleita para o cargo, com 56,86% dos votos, ainda no primeiro turno. Ocupando o posto de candidato a vice-prefeito está Idemar Barz (PTB). Atual vice-prefeito, ele foi vereador durante cinco mandatos, além de atuar como secretário Municipal de Obras e Pavimentação de Pelotas de 2015 a 2016.

Os primeiros sete dias de campanha on-line da tucana alcançaram milhares de seguidores nas redes sociais, indicativo de força no pleito de 2020. Em meio às propostas, soluções e apresentação do trabalho que já foi feito, Paula sai com uma vantagem: essa é a terceira eleição da qual participa – entre 2012 e 2016 foi vice-prefeita do atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

Figurinha carimbada em Pelotas, Adolfo Fetter Jr (PP) entra novamente na disputa pelo Executivo. Fetter foi duas vezes prefeito, em 2006 e em 2008, ocupou uma cadeira no Legislativo entre 1983 e 1988 e foi eleito deputado federal pelo Rio Grande do Sul em 1991. O candidato a vice-prefeito é o Antônio Carlos Brod (Cidadania), ex-reitor do Instituto Federal Sul-riograndense (IFSul) e ex-Coordenador Regional de Educação da 5ª CRE/Pelotas.

A chapa já saiu às ruas nos primeiros dias de campanha eleitoral, visitando bairros da periferia de Pelotas. Nas redes sociais, os dois apresentaram projetos consolidados e concluídos que foram iniciados nos mandatos de Fetter Jr.

Da esquerda para a direita, Ivan Duarte (PT) e Tony Sechi (PSB). Foto: Reprodução/Facebook de ambos os candidatos.

O atual vereador Ivan Duarte é o nome escolhido pelo PT para a disputa pela Prefeitura de Pelotas, juntamente com a candidata a vice, Iyá Sandrali. Oposição ao atual governo na Câmara, o parlamentar marcou presença em votos contrários ao projeto de Parcerias Público-Privada (PPPs). Sandrali é uma mulher negra, militante dos movimentos sociais, psicóloga, especialista em Criminologia, servidora pública e Ialorixá. Como propostas, a chapa defende maior participação da população na política, a atuação em defesa dos serviços públicos e o investimento em tecnologia e inovação para gerar empregos e oportunidades.

Nas redes sociais, defendem: “Chegou a hora de mudar! Mudar é bom! Pelotas ainda tem muitas desigualdades, e enfrentar isto tem sido a nossa luta há muitos anos. Por isso nós dizemos: cuidar das pessoas e da maioria deve ser o centro!”

O PSB e o PCdoB firmaram aliança para lançar os candidatos Tony Sechi, a prefeito, e Renato Abreu, para a vice-prefeitura. Representando o lado socialista, Sechi é natural de Porto Alegre e técnico agrícola, além de participar do Conselho Universitário da UFPel. Disputou em 2016 uma cadeira na Câmara de Vereadores de Pelotas e, em 2018, candidatou-se a deputado federal. Já Abreu é o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais do Saneamento Básico de Pelotas (Simsapel).

As principais propostas da chapa são as de geração de emprego e renda, proteção animal e reforma dos serviços oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), do Sistema Único de Saúde.

Da esquerda para a direita, Marcelo Oxley (Podemos) e Danniel (Dan) Barbier (PDT). Foto: Reprodução/Facebook de ambos os candidatos.

Os pedetistas da vez concorrem em uma chapa pura composta por Danniel (Dan) Barbier e Mabel Teixeira. O candidato a prefeito é historiador, mestre em Patrimônio Cultural e doutorando em História pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Dan também fundou a Associação Amigos do Theatro Sete de Abril e foi vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas. Candidata a vice, Mabel é jornalista, mestre e doutora em Linguística Aplicada e professora na Universidade Católica de Pelotas (UCPel).

Nas vésperas da convenção partidária, o PDT recebeu convites para indicar candidaturas de vice para formar uma aliança com PT e PSB, mas recusou ambas para manter uma chapa própria. A principal proposta da dupla é trabalhar para restabelecer a cidade após a crise provocada pela pandemia da covid-19.

O jornalista Marcelo Oxley é o escolhido para disputar a prefeitura pelo Podemos, junto do vice, Eduardo Vilar, do mesmo partido. Eles defendem uma saúde pública de qualidade, com o aumento da estrutura do Pronto-Socorro de Pelotas e a oferta de vagas aos profissionais de saúde.

Pela primeira vez, Pelotas tem uma chapa formada apenas por pessoas negras, ambas do PSOL. Júlio Domingues é professor e pesquisador dedicado ao combate ao racismo e às políticas públicas – em 2012, foi candidato a vice-prefeito de Pelotas. A artista Daniela Brizolara compõe a chapa como candidata a vice-prefeita – em 2016, ela se candidatou à Câmara de Vereadores pelo partido.

A luta antirracismo e melhorias nos bairros são as principais bandeiras. Nas últimas duas eleições municipais, o PSOL superou partidos grandes na disputa à Prefeitura, ficando em terceiro lugar, com 25,2 mil votos.

Da esquerda para a direita, Marco Marchand (DEM) e João Carlos Cabedal (MDB). Foto: Reprodução/Facebook de ambos os candidatos.

Na última hora, o DEM decidiu por uma chapa pura liderada por Marco Marchand como candidato a prefeito e com Henrique Kloos à vice-prefeitura. Na última noite antes do fechamento das convenções, o partido enviou o registro da chapa ao Tribunal Superior Eleitoral. Marchand é palestrante, professor, cursou ciências políticas e ética e ficou como suplente para deputado federal no Rio Grande do Sul nas eleições de 2018 – na disputa eleitoral, usou fortemente a figura de Jair Bolsonaro (sem partido), que apoiou publicamente a candidatura. Outro lado da dupla, Kloos é major da reserva da Brigada Militar.

O MDB também escolheu por uma chapa pura, dessa vez a disputa é encabeçada pelo empresário João Carlos Cabedal e pelo radialista Rui Jordão.

O Partido da Causa Operária (PCO) de Pelotas convocou Eduardo Ligabue para a disputa à prefeitura. Técnico em elétrica de controle, tem superior incompleto na área de Ciências Sociais e trabalha na área de reparação de veículos pesados (caminhões). O candidato a vice é José Nilson Maesk, também do PCO.

A coligação formada por PRTB e Patriota escolheu Marcus Napoleão (PRTB) para concorrer a chefe do Executivo e Luciano Dalla Rosa (Patriota) para vice. Napoleão é natural do Rio de Janeiro (RJ) e membro das Forças Armadas.

Confira as 11 candidaturas:

  • Paula Mascarenhas (PSDB), candidata a prefeita e Idemar Barz (PTB), candidato a vice. Apoios de PSL, PL, PSD, DC, Solidariedade e Republicanos.
  • Adolfo Fetter Jr (PP), candidato a prefeito e Antônio Carlos Brod (Cidadania), candidato a vice. Apoios de Avante, PROS, PSC, PV, PTC.
  • Ivan Duarte, candidato a prefeito e Iyá Sandrali, candidata a vice. Ambos do PT.
  • Tony Sechi (PSB), candidato a prefeito, e Renato Abreu (PCdoB), candidato a vice.
  • Danniel (Dan) Barbier, candidato a prefeito e Mabel Teixeira, candidata a vice. Ambos do PDT.
  • Marcelo Oxley, candidato a prefeito e Eduardo Vilar, candidato a vice. Ambos do Podemos.
  • Júlio Domingues, candidato a prefeito e Daniela Brizolara, candidata a vice. Ambos do PSOL. Apoio do PCB.
  • Marco Marchand, candidato a prefeito e Henrique Kloos, a vice. Ambos do DEM.
  • João Carlos Cabedal, candidato a prefeito e Rui Jordão, candidato a vice. Ambos do MDB.
  • Eduardo Ligabue, candidato a prefeito e José Nilson Maesk, candidato a vice. Ambos do PCO.
  • Marcus Napoleão (PRTB), candidato a prefeito e Luciano Dalla Rosa (Patriota), candidato a vice.

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