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8 de outubro de 2018
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02:02

PT gaúcho afirma que será oposição independente de quem vença entre Sartori e Leite

Por
Sul 21
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Miguel Rossetto (PT) fala em coletiva após ficar fora do segundo turno | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Débora Fogliatto

Terceiro colocado na disputa eleitoral pelo governo do Rio Grande do Sul, o candidato do PT, Miguel Rossetto, não deve apoiar nem Eduardo Leite (PSDB) nem José Ivo Sartori (MDB) no segundo turno. Em entrevista coletiva após a divulgação dos resultados, o presidente do PT gaúcho, Pepe Vargas, afirmou que os dois representam “o mesmo projeto” e que o partido deve ser oposição de qualquer forma. O posicionamento foi reiterado por Rossetto, que também falou da conjuntura nacional, dizendo que agora o partido irá “trabalhar para derrotar o ódio”.

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O partido ainda irá realizar uma reunião executiva e uma do diretório, mas a decisão referente ao segundo turno não deve mudar, segundo Pepe. “O povo gaúcho nos coloca na oposição e exerceremos essa oposição independente de quem venha a ser o governador eleito, mesmo respeitando a decisão soberana do povo”, declarou, no comitê da campanha, no Hotel Master Express.

O clima era de tensão no comitê de campanha do PT enquanto o resultado não era divulgado, mesmo que já fosse esperado que Rossetto ficasse de fora do segundo turno. O maior motivo de celebração no local foi a reeleição de Paulo Paim para o Senado, embora houvesse a expectativa de que ele seria o mais votado do Estado. Quem acabou recebendo mais votos foi Luiz Carlos Heinze (PP), com Paim ficando em segundo e se elegendo com uma margem de apenas 160 mil votos a mais do que Beto Albuquerque (PSB), que foi o terceiro colocado e ficou de fora.

Reeleito, o senador Paulo Paim foi saudado pelos companheiros de coligação | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Enquanto os candidatos acompanhavam a apuração em local reservado no segundo andar do hotel, jornalistas e assessores aguardavam entrevista coletiva no terceiro andar. Do lado de fora, militantes se concentravam no diretório municipal do partido, a poucos metros do Master. Mesmo antes de ter sua reeleição confirmada, o senador Paulo Paim foi ao local para conversar e abraçar os militantes. Os candidatos aguardaram o resultado das eleições nacionais antes de se pronunciarem.

Por volta das 21h, Rossetto iniciou sua fala, afirmando que a sua candidatura fez mais de um milhão de votos, o que considerou “uma votação expressiva e potente”. “Sartori e Leite não nos representam e nós, que já fomos governo, saberemos ser oposição e respeitar os interesses do povo gaúcho. Vamos defender a escola pública, o direito à saúde pública, [o direito] da nossa população de ser protegida, de ter emprego. Vamos defender o projeto de desenvolvimento com inclusão social para o povo gaúcho”, colocou, mencionando que o partido conquistou oito cadeiras na Assembleia gaúcha e cinco na Câmara.

O candidato também focou sua fala na conjuntura nacional, fazendo uma convocação aos militantes e apoiadores para que defendam a candidatura de Fernando Haddad, que enfrenta Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno. “É um momento de grande convocação. A ideia central é: agora é Haddad, é isto que orienta a nossa militância agora. Haddad e Manuela representam a esperança do povo brasileiro, uma alternativa democrática para o Brasil”, disse.

Rossetto disse que missão dos militantes agora é eleger Haddad e Manuela | Foto: Guilherme Santos/Sul21

“O Brasil não precisa de mais ódio e mais violência, precisa de mais solidariedade e paz. O Brasil não precisa de mais armas, mas sim de mais escolas, mais acolhimentos, mais inclusão social”, acrescentou, dizendo que devem apoiar Haddad todos os partidos que “têm compromisso com os direitos sociais, todos que sabem que a disputa eleitoral é entre a democracia e a barbárie, entre a liberdade e o autoritarismo”. Rossetto disse pretender, ainda, que a votação de Haddad e sua vice, Manuela D’Ávila (PCdoB), seja ampliada no Rio Grande do Sul no segundo turno.

Após a coletiva, Rossetto e sua vice, Ana Affonso foram, acompanhados de Paulo Paim, de Abigail Pereira e de deputados do partido, encontrar a militância que se concentrava no diretório. Saudada aos gritos de “Ana, guerreira, mulher brasileira”, a candidata a vice falou da conjuntura nacional. “Temos que derrotar Bolsonaro não apenas por ele ser machista, racista, homofóbico, mas por representar um projeto que retira direitos dos trabalhadores”, afirmou. Os militantes também entoaram “ele não!”, em referência a Bolsonaro.

Ana ainda disse que a sua tarefa política não acabava nesta noite, mesmo sem ir para o segundo turno “Nossos adversários continuam os mesmos, a grande mídia, o judiciário e a elite. Mas nós somos o povo e nossa tarefa continua a mesma, de não abaixar a cabeça. Minha tarefa política não se encerra aqui nessa noite. Nossa maior tarefa é retomar o Brasil que nós queremos. Quero continuar no segundo turno liderando as mulheres com Haddad e Manuela”, acrescentou. Rossetto também destacou as mulheres, dizendo que elas “corajosamente falaram por nós” e reiterou que o fascismo “não passará”.


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