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19 de outubro de 2018
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20:11

Presidente do Ethos defende boicote as empresas envolvidas com fake news

Por
Sul 21
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Presidente do Ethos defende boicote as empresas envolvidas com fake news
Presidente do Ethos defende boicote as empresas envolvidas com fake news
Para Magri, clientes precisam utilizar o poder econômico que têm para enquadrar as empresas envolvidas no escândalo
(Divulgação/Instituto Ethos)

Rede Brasil Atual

“O que vemos nesse momento é muito mais grave do que simplesmente apoiar uma campanha, porque as empresas estão disponibilizando dinheiro próprio, criando conteúdo próprio, interferindo na linguagem, atuando de forma partidária no processo político. É muito mais grave e necessita de um repúdio de todos os empresários que defendem a democracia, que acham importante que haja renovação na política, mas que ela seja feita com transparência e efetivamente democrática.”

O desabafo é de Caio Magri, presidente do instituto Ethos, em entrevista nesta sexta-feira (19) aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual. “É muito grave, e grave de uma maneira diferente, a interferência do poder econômico nessas eleições”, sentenciou.

Habituado a transitar no mundo empresarial brasileiro há duas décadas, Magri enfatiza a necessidade de haver regras claras na legislação eleitoral sobre a participação das empresas no processo político. “Isso é necessário para que se contenha a agressividade do poder econômico sobre a democracia. Sempre alertamos que esse é, e vai ser sempre, o ovo da serpente da corrupção no Brasil, da grande corrupção. As empresas investem para depois ter o retorno quando os políticos alinhados estiverem em espaços onde será possível ter ganhos privados com uma agenda pública.”

Enquanto a legislação eleitoral permitiu a doação de empresas a campanhas políticas, o Instituto Ethos atuou junto ao setor para esclarecer as regras do jogo. Agora, com a mudança da lei e a proibição da doação empresarial, Caio Magri destaca a necessidade das próprias empresas terem mecanismos internos de controle.

O presidente do Instituto Ethos também criticou de modo veemente as instituições de controle do Estado brasileiro, dizendo que a força tarefa contra as fake news criada pelo ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luiz Fux, “não fez absolutamente nada”; e ponderou que o TSE se envolveu durante semanas com as reclamações de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, enquanto o candidato de extrema-direita “estava sendo beneficiado por milhões de acessos e aceleração da sua campanha feito criminosamente por empresas”.

“É impressionante o acovardamento das instituições hoje no Brasil frente ao processo eleitoral espúrio que estamos vivendo. Se está assim agora, o que podemos imaginar que vai acontecer depois?”, questionou.

Enfático, disse que se algo não for feito, o país terá uma eleição “absolutamente fraudada”, inclusive a ocorrida no primeiro turno, com o crescimento vertiginoso de bancadas parlamentares beneficiadas pela “fraude e ilegalidade exercida por um conjunto de empresas irresponsáveis e anti-patrióticas”.

Boicote

Punido recentemente por ter coagido funcionários a votar em Bolsonaro, o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, é um dos acusados de financiar a indústria de fake news da candidatura do político de extrema-direita. Para Caio Magri, é o momento dos consumidores se conscientizarem da sua força e agirem.

“É a hora das empresas que fazem isso, saberem dos riscos que correm, com boicote dos consumidores, boicote dos trabalhadores. Precisamos utilizar o poder econômico que os clientes têm pra poder renquadrar uma empresa como essa. Não é só a questão legal, temos que pensar também que é possível pressioná-los economicamente”, afirmou.

Magri disse ter mantido contato com uma organização alemã que reúne pequenos e médios investidores que estão preocupados com suas ações em empresas alemãs atuantes no Brasil e que estão em silêncio diante dos fatos.

“O silêncio e a conivência das empresas alemãs com o ascensão do nazismo foi fundamental para o triunfo do nazismo até 1945. O silêncio dos empresários agora é ensurdecedor. Precisamos ter um posicionamento nesses últimos dias para reverter o processo em que estamos entrando.”


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