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29 de outubro de 2018
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22:29

FENAJ repudia agressões a jornalistas e declarações de assessor de Bolsonaro

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Sul 21
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FENAJ repudia agressões a jornalistas e declarações de assessor de Bolsonaro
FENAJ repudia agressões a jornalistas e declarações de assessor de Bolsonaro
FENAJ citou autoritarismo de Bolsonaro e preocupação com ameaças a jornalistas | Foto: Tania Rego/Agencia Brasil

Da Redação

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) divulgou nota nesta segunda-feira (29), um dia após as eleições presidenciais, em que expressa “preocupação com o futuro da nação brasileira” após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL). O pronunciamento da entidade, intitulado “futuro incerto para a democracia, o jornalismo e os jornalistas”, cita o caráter autoritário do presidente eleito e as agressões a jornalistas durante a campanha eleitoral.

“A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas não aceitam qualquer tipo de violência contra a categoria e categoricamente afirmam que não há justificativa admissível para as agressões que vêm ocorrendo e que cresceram no ambiente virtual no decorrer da campanha”, afirma a Federação. Mencionam, ainda, o papel dos jornalistas para a “democracia e constituição da cidadania”.

Ainda neste domingo (28), um pouco antes divulgação do resultado da eleição, Eduardo Guimarães, assessor do gabinete de Bolsonaro na Câmara, enviou uma mensagem para diversos jornalistas chamando os profissionais de “lixo”. A mensagem continha uma imagem da tela de uma televisão com o resultado da pesquisa boca de urna que mostrou Bolsonaro com 56% das intenções de voto contra 44% do seu adversário Fernando Haddad (PT). “UÉ…. não tava quase empatado? Vocês são o maior engodo do Jornalismo do Brasil!!!! LIXO”, disse o assessor.

Diversos repórteres que cobriam as comemorações dos eleitores de Bolsonaro relataram, ainda, terem sido hostilizados e questionados pelos manifestantes, que perguntavam em qual veículo eles trabalhavam. No Ceará, duas jornalistas foram agredidas no comitê do PSL.

A Folha de S. Paulo, que revelou o esquema de caixa 2 feito por empresários no WhatsApp em favor de Bolsonaro, tornou-se um dos veículos mais odiados pelos apoiadores do militar. A repórter Patrícia Campos de Mello chegou a ser ameaçada após a publicação da reportagem, e Anna Virginia Balloussier relatou quase ter sido expulsa da comemoração em favor do presidente eleito na noite de domingo. Segundo ela, os eleitores de Bolsonaro disseram para ela ir “escrever matérias na Venezuela”.

Confira a íntegra da nota da FENAJ:

Futuro incerto para a democracia, o Jornalismo e os jornalistas

A Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, representante máxima da categoria no Brasil, expressa sua preocupação com o futuro da nação brasileira, após a eleição da chapa formada pelo capitão reformado Jair Bolsonaro e pelo general Mourão, também reformado, para governar o país a partir de 1º de janeiro de 2019.

A FENAJ repudia a violência contra jornalistas e, em especial, as declarações do assessor de Bolsonaro, Eduardo Guimarães, que apenas esperou a divulgação, no início da noite de ontem (28/10), das pesquisas de boca de urna indicando a vitória de seu assessorado para enviar mensagem ofensiva a diversos jornalistas de diferentes veículos de mídia. Também ontem, jornalistas foram agredidos enquanto faziam a cobertura das comemorações da vitória de Bolsonaro em mais de um Estado brasileiro.

Os muitos casos de agressões contra jornalistas ocorridos durante a campanha eleitoral e a indiferença de Bolsonaro diante dos ataques reforçam o que a trajetória política dele já demonstrara: o político de ultra-direita é avesso a críticas e não admite ser questionado publicamente, mesmo quando as questões dizem respeito à sua atuação como homem público.

Ainda que Bolsonaro tenha assumido o compromisso de respeitar a Constituição brasileira, é de conhecimento público suas ideias autoritárias, como a defesa da ditadura militar, e até mesmo criminosas, como a apologia à tortura. Resta saber como vai se comportar a partir de agora, e se vai se submeter às regras democráticas, entre elas a do respeito às liberdades de expressão e de imprensa.

A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas não aceitam qualquer tipo de violência contra a categoria e categoricamente afirmam que não há justificativa admissível para as agressões que vêm ocorrendo e que cresceram no ambiente virtual no decorrer da campanha.
Igualmente, FENAJ e Sindicatos não aceitam a retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e estarão nas trincheiras da resistência, para evitar mais prejuízos.

Como deputado, Bolsonaro votou sempre contra os interesses da classe trabalhadora. Estaremos firmes e alertas para impedir que os retrocessos iniciados por Temer se aprofundem ainda mais.

Diante das incertezas do futuro, a FENAJ e seus Sindicatos filiados reafirmam seu compromisso com a democracia, com o Estado Democrático de Direito, com as liberdades individuais e coletivas e com os direitos humanos, trabalhistas e sociais. E lembram que o Jornalismo e os jornalistas têm papel fundamental para a democracia e a constituição da cidadania e que governantes democráticos submetem-se à crítica e, principalmente, à vontade da maioria que, no Brasil e no mundo, é constituída pela classe trabalhadora.

Em defesa da democracia!
Em defesa das liberdades de expressão e de imprensa!
Em defesa do Jornalismo e dos jornalistas!
Em defesa dos direitos da classe trabalhadora!

Brasília, 29 de outubro de 2018.

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ.


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