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2 de junho de 2021
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22:17

Manuela denuncia ataques à filha de 5 anos: ‘acham que a gente se tornou imune ao sofrimento’

Por
Sul 21
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Manuela denuncia ataques à filha de 5 anos: ‘acham que a gente se tornou imune ao sofrimento’
Manuela denuncia ataques à filha de 5 anos: ‘acham que a gente se tornou imune ao sofrimento’
Manuela durante evento de sua campanha para prefeita em 2020 | Foto: Luiza Castro/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Ex-deputada e candidata a prefeita de Porto Alegre em 2020, Manuela D’Ávila (PCdoB) fez uma série de postagens nesta quarta-feira (2) em suas redes sociais falando dos ataques que ela e sua filha Laura, 5 anos, vêm sofrendo.

“O último mês foi muito agressivo e me impactou muitíssimo. Um pai da escola de Laura (cuja identidade conhecemos o que torna tudo ainda mais cruel) tirou uma fotografia de Laura e a entregou para os grupos que distribuem ódio nas redes. A partir disso, todo o submundo da internet passou a usar a imagem dela para nos agredir. São muitos anos de violência. Como vocês sabem, quando Laura ainda era um bebê de colo, foi agredida fisicamente em função de uma mentira distribuída amplamente na internet. De lá pra cá, muitas coisas aconteceram. Mas nenhuma jamais havia envolvido sua escola e algum pai de colega. Foi devastador lidar com isso. Ver a imagem sendo usada por toda essa gentalha que vive as nossas custas, diz que é político e só faz o mal, foi uma violência imensa”, escreveu Manuela.

 

Manuela faz referência a ataques que ela já havia denunciado publicamente no dia 1º de maio, também em postagens nas redes sociais. Na ocasião, ela explicou que a imagem da menina estava sendo usada em uma notícia falsa que dizia que ela, como deputada, teria votado de uma determinada forma, quando, na verdade, Manuela não ocupa nenhum cargo político no momento.

Contudo, nas postagens de hoje, Manuela explica que os ataques continuam. “Poucos dias depois, chegaram as ameaças de estupro para ela (que tem cinco anos!!!) e nova ameaça de morte para mim. A Polícia já acompanha o caso. O que é evidente que não diminui o medo, a tristeza, a culpa por ver as pessoas que mais amo submetidas a essa gente inescrupulosa”, escreveu.

Ela acaba as postagens desta quarta destacando que é vítima de ataques do tipo há anos. “São anos vivendo assim. A gente mal toma ar de uma agressão e vem a próxima. Mas quando a gente respira, a gente lembra que tem um mundo pra mudar. Que tem um genocida no governo. Que tem mãe enterrando filho e filho enterrando mãe. Que tem criança trabalhando. Se todos os dias tenho vontade de desistir, todos os dias me lembro das imensas razões que temos para continuar”.

Manuela D’Ávila falou em entrevista recente ao Sul21, que teve trechos veiculados em reportagem especial no último Dia das Mães, publicada no dia 9 de maio, sobre os ataques que já estavam circulando à época com a imagem de sua filha.

“O Flávio Dino [governador do Maranhã] diz que tem clubes que a gente não pede para entrar. Eu não pedi para entrar nesse clube de pessoas que são vítimas de violência e muito menos ela. Isso talvez tenha sido e continue sendo a pior parte da minha vida. Ter que tomar decisões e refletir permanentemente vendo o impacto que os outros e que essa violência política que assola o País causam nela. E ter que equilibrar, inclusive, o sentimento de culpa, que é um sentimento que acompanha todas as mulheres que são mães, com coisas que outras mulheres que são mães não tem que lidar, como o fato do que aconteceu recentemente com ela, da imagem ser exposta, cair numa rede de ódio”, afirma.

Manuela acrescentou ainda que, apesar de haver uma percepção de que a violência política possa ter diminuído, não é isso que ela percebe na prática. “A gente que está naturalizando ela. Mesmo nos piores de 2018, a minha filha não tinha sido alvo do que foi na semana passada, mesmo disputando a eleição contra o Bolsonaro. Essa violência que cresce, a gente não se acostuma com ela, e a gente tem que viver ela. Então, é o momento mais difícil e é sempre muito solitário, porque as pessoas acham que a gente se tornou imune ao sofrimento e a dor que isso causa, e, na verdade, não”.


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