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3 de março de 2020
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19:06

Assembleia Legislativa gaúcha terá palestra intitulada ‘Epidemia de trangêneros’

Por
Sul 21
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Assembleia Legislativa gaúcha terá palestra intitulada ‘Epidemia de trangêneros’
Assembleia Legislativa gaúcha terá palestra intitulada ‘Epidemia de trangêneros’

Da Redação

“Epidemia de transgêneros – O que está ocorrendo com nossas crianças e adolescentes?”. Uma imagem que divulga palestra com esse título circula nas redes sociais nos últimos dias. O evento está programado para acontecer no dia 18 de março, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O Espaço de Convergência da AL foi reservado pelo mandato do deputado estadual Eric Lins (DEM) para o evento. A assessoria do deputado, no entanto, afirma que ele não propôs a palestra, apenas viabilizou o espaço, a pedido da médica psiquiatra Akemi Shiba.

Em suas redes sociais, a também deputada Luciana Genro (PSOL) informou nesta terça-feira (03) que irá utilizar todos os instrumentos jurídicos e políticos para que o evento não se realize. “É inaceitável que a Assembleia Legislativa organize, através do mandato de um deputado, uma atividade como essa, que contraria inclusive a Organização Mundial de Saúde, que retirou a transexualidade da classificação internacional de doenças”.

Akemi Shiba, contrariando organizações internacionais e o próprio Conselho Federal de Medicina, vem se manifestando contra mudanças na resolução sobre cirurgias de adequação sexual e procedimentos com hormonioterapia para pessoas com incongruência de gênero. Em artigo publicado na página Articulação Conservadora, Akemi afirma que “está se criando um contingente de jovens estéreis, mutilados e com grande sofrimento emocional”.

Em janeiro deste ano, o Conselho Federal de Medicina atualizou parâmetros para o atendimento da população trans no país. De acordo com o CFM, “o texto aprovado pelo Plenário do Conselho resultou de longo processo de discussão e análise, concluído após mais de dois anos. Além de aspectos éticos e legais, foram analisados diferentes estudos clínicos sobre o assunto na tentativa de formular um documento moderno e ancorado em critérios técnicos sólidos”.

Entre as mudanças propostas na resolução está a orientação para realização de cirurgias de adequação a partir dos 18 anos, sendo exigido que o candidato tenha sido submetido anteriormente a, no mínimo, um ano de acompanhamento por equipe multiprofissional e interdisciplinar; e a liberação de tratamento hormonal cruzado a partir dos 16 anos. Em seu artigo, a psiquiatra que deverá palestrar na AL ataca as medidas. “Há uma evidente ansiedade e pressa para instituir a conduta de afirmação de gênero cada vez mais cedo, tema muito pressionado pelos ativistas LGBTs que tem claro objetivo de avançar com suas pautas de esquerda”, afirma Akemi.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) removeu da sua classificação oficial de doenças, a CID-11, o chamado “transtorno de identidade de gênero”, definição que considerava como doença mental a situação de pessoas trans. Na ocasião, especialistas ouvidos pela OMS elogiaram o “grande avanço” representado pela decisão e pediram para países revisarem suas classificações médicas e adotarem sólidas medidas proativas, a fim de eliminar o estigma social associado à diversidade de gênero.

Além disso, também no ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a criminalização da homofobia. De acordo com dados da União Nacional LGBT, o tempo médio de vida de uma pessoa trans no Brasil é de apenas 35 anos, enquanto a expectativa de vida da população em geral é de 75,5 anos. O Brasil lidera o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans. De acordo com relatório da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), em 2019, foram confirmados 124 assassinatos de pessoas trans no país.


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