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20 de março de 2020
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20:39

Cpers questiona decisão de manter escolas estaduais abertas: ‘beira a loucura’

Por
Luís Gomes
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Cpers questiona decisão de manter escolas estaduais abertas: ‘beira a loucura’
Cpers questiona decisão de manter escolas estaduais abertas: ‘beira a loucura’
Escola Estadual Paula Soares. Cartaz anunciando a suspensão das aulas devido ao coronavírus. Foto: Luiza Castro/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Diante do avanço da pandemia de coronavírus no Estado, na última terça-feira (19), o governador Eduardo Leite (PSDB) determinou que as aulas na rede estadual de ensino deveriam ser suspensas a partir de ontem (19), mas orientou a manutenção das escolas abertas com a presença da direção e de servidores que atuam em tarefas administrativas e para o oferecimento da merenda aos estudantes.

Nesta quinta-feira (19), o governo decretou situação de calamidade em todo o Rio Grande do Sul, aumentando as medidas de controle, mas manteve a orientação para que as escolas permaneçam abertas, apenas reduzindo o horário de funcionamento, que passou a ser das 9h às 14h. A orientação para os professores é de que atuem em casa pelo teletrabalho, que os alunos acompanhem as aulas programadas de forma remota e que a equipe diretiva atue em regime de revezamento entre os servidores.

Para a presidente do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), Helenir Aguiar Schürer, a redução do horário não diminui o risco de contaminação dos professores. Ela defende que todas as unidades de ensino deveriam estar 100% fechadas.

“Qual é a justificativa do governo para mantê-las abertas? Para dar a merenda para os alunos. Nós estamos acompanhando, na maioria das escolas não têm aparecido aluno nenhum e, em alguns municípios, a Prefeitura está fazendo um levantamento das famílias mais vulneráveis e alcançando nas casas delas algum tipo de alimentação para superar a falta da merenda. Então, há soluções, há outras formas de se alcançar alimentação para essas crianças sem expor os professores e funcionários da forma como estão sendo expostos”, disse.

Ela argumenta que os servidores correm risco inclusive no deslocamento para as escolas. “Muitos professores e funcionários têm que pegar mais de um ônibus para chegar até a escola”, diz.

Um diretor de escola estadual, integrante do que é considerado o grupo de risco por ter diabetes e problemas cardíacos, e que vinha sendo acompanhado pela reportagem do Sul21, disse que, nesta sexta-feira, recebeu a orientação para permanecer em casa. Pelo que percebia, o entendimento seria de que as escolas deverão permanecer fechadas a partir de agora.

Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou nesta sexta-feira que a orientação permanece de que as escolas sigam abertas em horário e funcionamento reduzido.

Por sua vez, Helenir diz que o governo repassou para as direções a decisão de quais servidores deverão comparecer às escolas a cada dia. A presidente do Cpers avalia ainda que há, inclusive, uma confusão de orientações sendo gerada, uma vez que muitos municípios estão determinando que as instituições não abram as portas. “Tem alguns municípios em que as escolas estaduais, inclusive, estão fechando por determinação do município para que fique só supermercados e farmácias abertas. Gera uma confusão, uma insegurança, mas, principalmente, o temor de sermos contaminados e parece que o governo Eduardo Leite e o secretário Faisal (Karam) infelizmente não tem ouvidos para ouvir o clamor, não somente dos professores e funcionários, como de muitos pais.”

Para ela, está “mais do que claro” que o governo ainda está querendo punir os professores estaduais pela greve deflagrada no final do ano passado. “O secretário confunde uma pandemia como a que está acontecendo como se fosse um movimento do sindicato. Para mim, está muito claro que isso ainda é uma tentativa de punição e que beira a loucura. Qualquer pessoa com o mínimo de responsabilidade iria zelar pela saúde dos seus servidores”, disse.

Helenir disse ainda que o Cpers aguarda o posicionamento da Justiça que, na quinta-feira, deu um prazo de 72 horas para o governo prestar esclarecimentos sobre a decisão de não determinar o fechamento total das escolas. “Esperamos que a Justiça garanta a nossa saúde nos dando essa liminar”, afirmou.


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