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21 de janeiro de 2020
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17:56

ONG condena ‘escalada doentia’ de ataques do governo Bolsonaro à imprensa após denúncia contra Glenn

Por
Luís Gomes
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ONG condena ‘escalada doentia’ de ataques do governo Bolsonaro à imprensa após denúncia contra Glenn
ONG condena ‘escalada doentia’ de ataques do governo Bolsonaro à imprensa após denúncia contra Glenn
O jornalista Glenn Greenwald em atividade no Rio de Janeiro | Foto: Clívia Mesquita/Brasil de Fato

Da Redação

A ONG americana Freedom of the Press Foundation, que atua internacionalmente na defesa da liberdade de imprensa, divulgou no início da tarde desta terça-feira (21) um comunicado, assinado pelo seu diretor-executivo, Trevor Timm, em que condena de forma veemente a decisão do procurador Wellington Oliveira, do Ministério Público Federal, de denunciar o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, na Operação Spoofing por 176 invasões de dispositivo informático e associação criminosa. Segundo o MPF, o jornalista auxiliou e orientou hackers durante o período das invasões.

“Glenn Greenwald é nosso amigo e colaborador de longa data, e ele tem lutado bravamente pela liberdade jornalística ao longo de sua carreira. Essas denúncias fraudulentas são uma escalada doentia dos ataques autoritários da administração Bolsonaro contra a liberdade de imprensa e a Justiça. Não se pode permitir que elas fiquem de pé. Chamamos o governo brasileiro a interromper imediatamente sua perseguição a Greenwald e a respeitar a liberdade de imprensa — como a Suprema Corte brasileira já ordenou ele a fazer. Enquanto isso, nós ternamente esperamos que Glenn esteja seguro e capaz de continuar a fazer o seu trabalho como jornalista”, diz o comunicado da ONG (em tradução livre).

Em julho passado, quando da divulgação da informação de que a Polícia Federal estava investigando o jornalista, a Freedom of the Press Foundation já havia divulgado um posicionamento afirmando que a investigação era “um pretexto que pode levar o governo brasileiro a tentar processar Greenwald e os seus colegas jornalistas pelas reportagens”. Na ocasião, a entidade considerou como “perturbador” o fato de que a investigação partiu da PF, que é comandada pelo ministro Sergio Moro, que teve o conteúdo de conversas vazadas com procuradores do MPF divulgadas pelo site The Intercept Brasil.

Também por meio de nota, o The Intercept Brasil divulgou posicionamento sobre a denúncia. Abaixo, confira a íntegra:

1) Os diálogos utilizados pelo MPF na denúncia são rigorosamente os mesmos que já haviam sido analisados pela Polícia Federal durante a operação Spoofing, e acerca dos quais a PF não imputou qualquer conduta criminosa a Glenn.

2) A PF concluiu: “Não é possível identificar a participação moral e material do jornalista Glenn Greenwald nos crimes investigados”.

3) A PF destaca, inclusive, a “postura cuidadosa e distante em relação à execução das invasões” por parte do jornalista cofundador do Intercept.

4) Glenn Greenwald não foi sequer investigado pela PF, pois não existiam contra ele os mínimos indícios de cometimento de crimes.

5) Causa perplexidade que o Ministério Público Federal se preste a um papel claramente político, na contramão do inquérito da própria Polícia Federal.

6) Nós do Intercept vemos nessa ação uma tentativa de criminalizar não somente o nosso trabalho, mas de todo o jornalismo brasileiro. Não existe democracia sem jornalismo crítico e livre. A sociedade brasileira não pode aceitar abusos de poder como esse.


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