Da Redação
Nova reportagem da série Vaza Jato, divulgada neste sábado (19) pelo The Intercept Brasil, aponta que o ex-juiz e agora ministro da Justiça Sergio Moro ordenou busca e apreensão na casa de suspeitos sem provocação do Ministério Público, o que é irregular. Conversas em grupos de Lava Jato no Telegram trazem diálogos realizados dias antes da condução coercitiva para depoimento do ex-presidente Lula e da tentativa fracassada da ex-presidente Dilma Rousseff de transformá-lo em ministro-chefe da Casa Civil. Esses diálogos demonstram que Moro não conspirou somente com os procuradores, mas também com a Polícia Federal, que “ajeitava” os pedidos de Moro, como os de busca e apreensão.
“Russo deferiu uma busca que não foi pedida por ninguém…hahahah. Kkkkk”, escreveu Luciano Flores, delegado da PF alocado na Lava Jato, em fevereiro de 2016, no grupo Amigo Secreto — se referindo a Moro pelo apelido usado pelos procuradores e delegados. “Como assim?!”, respondeu Renata Rodrigues, outra delegada da PF trabalhando na Lava Jato. O delegado Flores, em resposta, avisou ao grupo: “Normal… deixa quieto…Vou ajeitar…kkkk”.
Não é irregular que um juiz aprove uma operação de busca e apreensão e para a condução de um ex-presidente. No entanto, os diálogos revelam que Moro participou ativamente do planejamento da operação, inclusive indicando quais materiais deveriam ser apreendidos, o que é uma violação do sistema acusatório, que determina que o juiz deve ser uma instância separada da acusação.