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14 de outubro de 2019
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11:53

Vaza Jato: denúncia contra Lula foi usada para ‘criar distração’ do escândalo Joesley

Por
Luís Gomes
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Vaza Jato: denúncia contra Lula foi usada para ‘criar distração’ do escândalo Joesley
Vaza Jato: denúncia contra Lula foi usada para ‘criar distração’ do escândalo Joesley
O empresário Joesley Batista, dono da JBS, durante depoimento. Foto: Reprodução

Da Redação

Nova reportagem publicada nesta segunda (14) pelo site The Intercept Brasil sobre os diálogos vazados de procuradores da Lava Jato aponta que a denúncia contra o ex-presidente Lula referente ao caso do sítio de Atibaia (SP) foi usada para “distrair” a opinião pública após a revelação do escândalo envolvendo o empresário Joesley Batista, o ex-presidente Michel Temer e procuradores do Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com a reportagem, o processo do sítio estava pronto para ser apresentado em 17 de maio de 2017. Foi nesse dia que jornal O Globo divulgou gravação de conversa entre Joesley e Temer feita pelo próprio empresário, dono da JBS. O áudio mostrava Temer dando suposto aval a Joesley para que mantivesse pagamento de propina ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB) de modo a comprar seu silêncio. A gravação foi entregue pelo empresário ao procurador-geral Rodrigo Janot, dando início a um processo de delação do dono da JBS.

As conversas vazadas apontam que o chefe da Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, optou por adiar a divulgação da acusação contra Lula, prevista para o dia seguinte. E quando a hipótese de manipulação por parte do Ministério Público estava em alta, Dallagnol soltou a nova ofensiva contra o ex-presidente cinco dias depois, em 22 de maio.

Os procuradores estavam preocupados com a imagem da Lava Jato, uma vez que a denúncia de Joesley punha em xeque a credibilidade de um membor do MPF. Isso porque o ex-procurador Marcello Miller, braço-direito de Rodrigo Janot havia recebido “honorário” de R$ 700 mil da JBS, por meio do escritório de advocacia Trench Rossi Watanabe, para orientar o acordo de leniência da empresa na delação.

O procurador Athayde Costa considerava que o Ministério Público estava “perdendo a guerra da comunicação” no caso da JBS. Concordando, Dallagnol angustiava-se com o silêncio de Janot, que não havia se manifestado publicamente desde a revelação de O Globo.

“Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo”, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima no grupo Filhos do Januário 1, na noite do dia 21 de maio de 2017. Ao que Dallagnol respondeu: “Acho que a hora tá ficando boa tb. Vou checar se tem operação em BSB, que se tiver vai roubar toda a atenção”.

As conversas apontam que, um hora depois, Dallagnol entrou em contato com colegas da PGR e confirmou que não haveria operação em Brasília naquela semana. Logo em seguida, ele retorna ao grupo Filhos do Januário. “Nesta semana não tem op de BSB (mantenham aqui óbvio). Da para soltar a dn Lula Cf acharmos melhor”. Santos Lima então responde: “Vamos criar distração e mostrar serviço”.

Confira a íntegra da reportagem.


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