Da Redação
O vereador André Carús (MDB) anunciou na manhã desta quarta-feira (23) a sua renúncia da cadeira que ocupava na Câmara Municipal de Porto Alegre. Carús foi preso no dia 1º de outubro em uma operação da Polícia Civil que investiga a prática de crimes contra a administração pública e associação criminosa. Ele é suspeito de obrigar assessores a contraírem empréstimos consignados com o objetivo de saldar “dívidas alegadamente contraídas pelo agente político”. Em entrevista coletiva nesta manhã, o vereador leu uma carta em que a anuncia a decisão e nega que tenha cometido irregularidades.
Carús classificou a denúncia contra ele de “inconsistente, falsa e caluniosa” feita por uma pessoa com quem teve “sério desentendimento”. O vereador lamentou o fato de ter sido preso provisoriamente antes de ter sido chamado pela polícia para prestar esclarecimentos. “Sempre atendi aos chamados da Polícia Civil para esclarecer qualquer ponto. Não havia necessidade da violência, do sensacionalismo, da vaidade, da comunicação à imprensa, da exploração midiática do caso”, disse. “Uma pessoa comparece à Delegacia de Polícia e conta uma história. Vai a um órgão de imprensa e repete essa história. No Brasil de hoje, infelizmente, isso basta para que um homem inocente seja preso. No País democrático de hoje, uma boa história vale mais do que a reputação de uma vida”, complementou.
Por outro lado, o vereador admitiu que contraiu empréstimo de agiotas, de quem recebeu ameaças pelo não pagamento de dívidas. Admitiu também que recebeu ajuda de assessores para arcar com essas dívidas. “Errei ao me deixar seduzir por agiotas e suas promessas de facilidades. Errei ao ter medo de denunciar essas pessoas às autoridades, quando começaram as ameaças. Errei quando aceitei dinheiro de amigos, porque nunca tive apenas assessores. Eles foram muito mais do que isso. Os vereadores sabem do que falo: temos verdadeiros irmãos de luta e de caminhada em nossos gabinetes. E eu errei ao envolver essas pessoas no meu superendividamento. Por medo e por vergonha, envolvi pessoas inocentes, que vivem honestamente dos seus salários e do seu trabalho, numa situação extremamente constrangedora e difícil. Peço desculpas a cada um deles e a todos. Sem exceção. Não extorqui ninguém, mas errei ao tentar sair de uma situação extremamente difícil provocada por pessoas que fazem da prática da intimidação, da ameaça, do constrangimento, uma forma, aí sim, de extorsão de juros abusivos, de empobrecimento de gente simples, sem forças para reagir”, afirmou.
Carús afirmou que, por ter cometido esses erros, decidiu deixar a vida pública e anunciou a renúncia de seu mandato de vereador. “Renuncio ao meu mandato e vou me dedicar, com exclusividade, à demonstração da minha inocência frente às acusações e abusos sofridos”, disse. “Vou, a partir de hoje, prestar contas à Justiça, à minha família, aos amigos solidários, verdadeiros e me justificar aos 6.882 eleitores que me conduziram ao Poder Legislativo nas eleições municipais de 2016, provando a verdade dos fatos levantados contra minha pessoa”, complementou.
Eleito em 2016 pela primeira vez para a Câmara Municipal da capital gaúcha, Carús foi diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) por três anos. Em agosto deste ano, foi escolhido para presidir o MDB de Porto Alegre até 2021. Ele disse que continuará no MDB apenas como militante.
Carús, que já estava licenciado do cargo de vereador, será substituído na casa pela suplente Lourdes Sprenger. Durante a licença, ele chegou a ser substituído pelo Delegado Cleiton (PDT), que perdeu o posto quando a vereadora Comandante Nádia decidiu, na semana passada, deixar o governo municipal, onde ocupava a secretaria de Desenvolvimento Social e Esporte, e voltar à Casa.
