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4 de setembro de 2019
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15:28

Bachelet critica aumento da violência policial no Brasil; Bolsonaro ataca ela e o pai, torturado e morto pela ditadura

Por
Luís Gomes
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Pierre-Michel Virot/UN Photo
Foto: Pierre-Michel Virot/UN Photo

Da Redação*

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) atacou nesta quarta-feira (4) a ex-presidente chilena e a atual comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, depois de ela ter expressado preocupação com a “redução do espaço democrático” no Brasil e com o aumento do número de mortes por policiais.

Somente no estado do Rio de Janeiro, 881 pessoas foram mortas pela polícia no primeiro semestre de 2019, alta de 15% em relação ao mesmo período do ano passado. Já no estado de São Paulo, 426 pessoas foram mortas pela polícia no 1º semestre, alta de 3%.

Em entrevista concedida nesta quarta em Genebra, Bachelet destacou o aumento das mortes nestes dois estados e salientou o fato de que a violência policia “atinge mais as pessoas de ascendência africana ou as que vivem em favelas”. Ela também alertou para o fato de que esses índices aumentam no momento em que o Brasil e estes estados são governados por pessoas que adotam um discurso que “legitima execuções sumárias e uma falta de responsabilização”.

“Esses aspectos são importantes quando se ouve negações de crimes estatais do passado, o que é personalizado pela proposta de celebração do golpe militar, combinado a uma transição incompleta do sistema judicial, o que pode aumentar a impunidade e reforçar a mensagem de que agentes do Estado estão acima da lei e podem matar sem serem responsabilizados”, afirmou Bachelet.

Em resposta dada ainda na manhã desta quarta, Bolsonaro disse que Bachelet “está defendendo direitos humanos de vagabundos” do diz que o Brasil deveria punir os policiais responsáveis por mortes injustificadas.

“E ela [Bachelet] diz mais ainda. Ela critica dizendo que o Brasil está perdendo o seu espaço democrático. Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles o seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Acho que não preciso falar mais nada para ela”, disse.

O pai da ex-presidente chilena, Alberto Bachelet, era general da Força Aérea do Chile e foi contra o golpe dado por Pinochet em setembro de 1973. Preso e torturado, morreu como consequência das agressões feitas pelo sistema de repressão chileno. A ex-presidente também foi presa, em 1975, e também foi torturada na prisão. Ela presidiu o Chile em duas oportunidades, entre 2006 e 2010 e entre 2014 e 2018. O Chile não tem reeleição.

Bolsonaro não expressou preocupação com o aumento do número de mortes pela polícia.

*Com informações do G1


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