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30 de agosto de 2019
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20:57

Policiais civis fazem paralisação de 24 horas e cobram respostas do governo Eduardo Leite

Por
Sul 21
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“Quando trocou o governo, achamos que poderia mudar um pouco esse quadro, mas parece que a política é mesma”. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Marco Weissheimer

Salários parcelados e atrasados, ameaça de aumento da alíquota da Previdência, aposentadorias represadas, mortes em serviço e condições de trabalho precárias e inseguras: esses são alguns dos problemas que acompanham o dia-a-dia dos servidores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, que decidiram fazer uma paralisação estadual de 24 horas em protesto contra a situação vivida pela categoria no Estado.  “Há um conjunto de coisas que vêm acontecendo e que estão se acumulando até que chega uma hora que explode. Estamos desde 2015 com os salários atrasados. Já são quase cinco anos. Quando trocou o governo, achamos que poderia mudar um pouco esse quadro, mas parece que a política é mesma”, diz Isaac Ortiz, presidente do Sindicato dos Agentes da Polícia Civil do RS (Ugeirm).

Além dos problemas que vêm do governo anterior, alguns novos surgiram. “Estamos com aposentadorias represadas, que estão paradas na Casa Civil sem que a gente saiba o que o governo pretende fazer. Além disso, há a possibilidade de o governo querer aumentar a alíquota da nossa Previdência de 14,1% para 22%, o que é algo que não temos condições de suportar. Tudo isso, somado com as mortes de policiais em operações e as condições gerais de trabalho, está gerando uma indignação muito grande na categoria”, relata Ortiz. Os policiais civis querem que o governo Eduardo Leite defina o que pretende fazer. “Não tem como ficar com quase 200 aposentadorias, de pessoas com mais de trinta anos de serviço, paradas na Casa Civil, sem dizer nada e com a lei vigente que manda aposentar. O governo não diz nada, esperando uma reforma em relação a qual não se sabe o que vai acontecer”, critica o dirigente do sindicato.

Ugeirm promoveu, desde o início da manhã, uma concentração em frente ao Palácio da Polícia. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Isaac Ortiz também lamenta o que considera ser constantes ameaças veiculadas pelo governo na imprensa e que tentam vender para a opinião pública a imagem dos servidores como privilegiados. “Estamos sob ataque permanente só nos defendendo. A paralisação que fizemos hoje foi um desabafo que não se encerra aqui. Estamos com um calendário de mobilização que começará no dia 17 de setembro com uma grande marcha estadual que sairá do Palácio da Polícia até o Palácio Piratini. Esperamos que o governo tenha alguma coisa para nos dizer e não fique apenas em mais uma enrolação. Tem que dizer sim ou não para a gente definir como vamos agir. O que não dá é para continuar nesta situação atual. Estamos sendo cozinhados em banho maria”, acrescenta Ortiz.

O presidente do sindicato também destaca as constantes ameaças que partem do governo Bolsonaro como motivo de crescente preocupação para toda categoria. “O que ele está fazendo é tentar criminalizar o servidor público. São ataques e mais ataques. Se ficarmos só na defensiva, vamos acabar sendo patrolados. Então temos que sair pro ataque também e colocar uma pauta tanto para o governo estadual quanto para o governo federal”, assinala.

Policiais farão uma grande marcha em Porto Alegre dia 17 de setembro. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Ortiz avaliou como muito boa a adesão da categoria à paralisação de 24 horas nesta sexta-feira. “Pedimos para o pessoal ficar no seu local de trabalho, recebendo as pessoas que procurassem o serviço da polícia, de modo que ninguém fosse dispensado sem uma boa explicação. Estamos conversando com a população, explicando a nossa situação e pedindo a compreensão de todos. O Estado todo está mobilizado e o nosso grande termômetro será essa marcha do dia 17 aqui em Porto Alegre. Queremos fazer uma manifestação gigante. Precisamos impor uma pauta para o governo. Estamos só sendo pautados pelo governo que apresentou uma pauta negativa onde somos os grandes vilões. Temos que impor uma pauta de melhorias na segurança e cobrar do governo reajuste salarial. Vamos sair atrás daquilo que a gente acha que é o nosso direito”.

Em Porto Alegre, a Ugeirm promoveu, desde o início da manhã, uma concentração em frente ao Palácio da Polícia. A orientação, durante o dia, foi para que não houvesse circulação de viaturas e que todas permanecessem paradas no órgão a que pertencem. Além disso, a recomendação foi para que fossem atendidas somente ocorrências policiais de Maria da Penha com pedido de medidas protetivas, atendimento a idosos, homicídios, estupros, furto/roubo de veículos (com exceção de devolução de veículos) e prisões.


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