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24 de agosto de 2019
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21:23

Líderes progressistas latino-americanos lançam manifesto em defesa da Amazônia

Por
Luís Gomes
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Líderes progressistas latino-americanos lançam manifesto em defesa da Amazônia
Líderes progressistas latino-americanos lançam manifesto em defesa da Amazônia
Desde que Bolsonaro chegou ao poder, o ritmo de desmatamento da Amazônia acelerou | Foto: Greenpeace/Marizilda Cruppe

Da Redação

Líderes progressistas de diversos países da América Latina e da Espanha lançaram um manifesto (leia a íntegra) em defesa da Amazônia, ameaçada de devastação com a conivência do governo de Jair Bolsonaro (PSL). “O brutal retrocesso ambiental que se observa no Brasil com a chegada de Bolsonaro ao poder, cuja face dramática é a atual devastação da Amazônia por vastos e criminosos incêndios, constitui-se em agressão inominável a um patrimônio inestimável daquele país e à sua soberania nacional, bem como compromete o futuro das jovens gerações de brasileiros e não-brasileiros”, diz o documento publicado pelo movimento “Progressivamente – Por um Novo Impulso Progressista”.

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O manifesto denuncia que, mesmo antes de chegar ao poder, Bolsonaro deu declarações demonstrando sua clara intenção de promover retrocessos substanciais na agenda ambiental do Brasil. “Ademais, ele e seu chanceler pré-iluminista, emulando o governo Trump, colocaram seguidamente em dúvida o aquecimento global, apesar das sólidas evidências científicas disponíveis, e ameaçaram até retirar o Brasil do Acordo de Paris”.

Os líderes progressistas alertam que a agenda anti ambiental do governo Bolsonaro é “manifestação clara de submissão geopolítica à agenda regressiva do governo Trump e embute o desejo evidente de entregar o imenso patrimônio fitogenético, zoogenético e mineral do Brasil à sanha predatória de empresas estrangeiras, em detrimento do uso soberano e sustentável de seus vastos recursos ambientais e dos direitos dos povos originários à preservação de suas culturas e da população em geral a um meio ambiente equilibrado”.

O manifesto aponta que, em menos de oito meses de governo, Bolsonaro tomou ao menos oito medidas prejudiciais à preservação da Amazônia. São elas:

– Enfraqueceu o Ministério do Meio Ambiente, deslocando a Agência Nacional de Águas para o Ministério do Desenvolvimento Regional e o Serviço Florestal Brasileiro para o Ministério da Agricultura;

– Anunciou a revisão de todas 334 Unidades de Conservação brasileiras, ameaçando-as de redução ou extinção;

– Colocou um freio na fiscalização ambiental, o que provocou uma queda de 34% no número de multas aplicadas pelo Ibama;

– Iniciou o desmantelamento da Política Climática, com seguidas declarações contra essa política global, inclusive do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que define o tema como “acadêmico” e “não prioritário”;

– Atacou o Fundo Amazônia e seus principais financiadores, como Alemanha e Noruega, recorrendo, inclusive, a acusações falsas;

– Atacou e enfraqueceu os órgãos de controle ambiental, em especial o Ibama e o ICMBio, bem como questionou os dados de monitoramento do INPE, o que resultou na demissão de seu responsável;

– Tentou esvaziar a Funai, deslocando a função de demarcar terras indígenas para o Ministério da Agricultura;

– E recusou-se a sediar a COP-25.

“Esse anti ambientalismo pré-científico, irracional e entreguista do governo Bolsonaro contrapõe-se aos grandes avanços civilizatórios feitos nessa área em governos brasileiros anteriores, particularmente os de Lula e Dilma”, diz o documento.

O manifesto termina afirmando que “Bolsonaro não está apenas colocando fogo na Amazônia, está queimando a soberania do Brasil, a soberania dos demais países da Bacia Amazônica e o futuro de toda a humanidade”.

Assinam o manifesto:
Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e ex-candidato presidencial, Brasil.
José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente, Espanha.
Rafael Correa, ex-presidente, Equador.
Cuauhtémoc Cárdenas, ex-candidato presidencial e fundador do PRD, México.
Karol Cariola, deputada, Chile.
Leonel Fernández, ex-presidente, República Dominicana.
Julián Andrés Domínguez, ex-deputado e ex-ministro, Argentina.
Miguel Barbosa Huerta, governador de Puebla, México.
José Miguel Insulza, ex-secretário-geral da OEA e atual senador, Chile.
Camilo Lagos, presidente do Partido Progressista do Chile.
Guillaume Long, ex-chanceler, Equador.
Clara López Obregón, ex-ministro do Trabalho e ex-candidata presidencial, Colômbia.
Esperanza Martinez, ex-ministra da Saúde e atual senadora, Paraguai.
Daniel Martínez Villamil, ex-ministro e senador, atual candidato presidencial, Uruguai.
Aloizio Mercadante Oliva, ex-ministro da Educação e senador, Brasil.
Alejandro Navarro, senador, Chile.
Carlos Ominami, ex-ministro da Economia e ex-senador, Chile.
Yeidckol Polevnsky, presidenta do Morena, México.
Gabriela Rivadeneira, deputado nacional, Equador.
Ernesto Samper, ex-presidente, Colômbia.
Felipe Carlos Solá, deputado nacional, Argentina.
Carlos Sotelo García, ex-senador, México.
Jorge Enrique Taiana, ex-chanceler, Argentina.
Carlos Alfonso Tomada, ex-ministro do Trabalho e deputado nacional, Argentina.
Beatriz Paredes, senadora, México.
Celso Amorim, ex-chanceler, Brasil.
Carol Proner, jurista, Brasil.
Marco Enríquez-Ominami, ex-candidato presidencial, Chile.


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