Annie Castro
No final da manhã desta sexta-feira (30), a manifestação dos estudantes secundaristas em defesa da educação pública uniu-se ao ato promovido pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (MUS) em frente ao CAFF – Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre, onde o funcionalismo estadual manifestava-se contra o atraso e acúmulo de folhas salariais.
Sem receber os salários em dia há quase quatro anos e com expectativa de ter o vencimento de julho quitado somente em setembro, o funcionalismo também utilizou a manifestação para pressionar o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) a cobrar do governador Eduardo Leite (PSBD) o cumprimento da determinação judicial que impede que o Estado realize o parcelamento dos salários de servidores de nível superior do Poder Executivo e das autarquias.
“O poder Judiciário está se abstendo, cruzando os braços. O presidente do Tribunal de Justiça está cruzando os braços frente ao que está acontecendo no Estado, porque tem decisão judicial e ele não obriga o governador a cumprir”, afirmou afirmou Nelcir Andre Varnier, presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Rio Grande do Sul (Sintergs), uma das entidades que participou da manifestação.
Para o vice-presidente do Sintergs, Joanes da Rosa, o ato unificado entre sindicatos, servidores e estudantes é uma forma de chamar mais atenção do governo do Estado e do poder Judiciário. “Acho que só um movimento dessa amplitude pode sensibilizar tanto o governo, que vem sistematicamente com esses salários atrasados, quanto o próprio Judiciário, que não toma um providência no sentido de que haja um cumprimento das decisões que eles mesmos tomaram para que não haja atraso de salários”, disse Rosa.
A manifestação também serviu para denunciar as políticas do governador Eduardo Leite (PSDB) e do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Estamos em uma busca incessante de unificar todos aqueles que estão sendo atingidos por essa política do governo estadual e do federal, porque elas são similares, procuram retirar direitos e diminuir o Estado”. Para o presidente do Sintergs, as políticas de Leite e Bolsonaro não irão resolver os problemas vivenciados pela população brasileira atualmente, mas irão “piorar a situação, fazendo com que mais pessoas estejam à margem da sociedade”, enquanto setores como o financeiro passarão a deter mais riquezas. “Não tem crise. A crise é só para uns e, ainda, para alguns setores a crise não existe”, disse Varnier.
Para Rosa, hoje o Brasil enfrenta uma série de ataques aos direitos dos trabalhadores e dos estudantes, o que faz com que se torne cada vez mais importante a união de diferentes parcelas da população. “Hoje estamos vivendo o maior descalabro da história desse país. Temos corte de verbas, perseguição de cientistas e servidores públicos, uma reforma da Previdência que vem contra os interesses da própria sociedade, toda a questão ambiental que estamos vivendo hoje. É o momento de todos os sindicatos, associações, estudantes estarem unidos contra tudo isso que hoje está existindo aqui”.