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13 de agosto de 2019
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17:06

Deltan sofre derrota em julgamento de processo no Conselho do MP

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Sul 21
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Deltan sofre derrota em julgamento de processo no Conselho do MP
Deltan sofre derrota em julgamento de processo no Conselho do MP
Corregedor abriu procedimento administrativo contra procurador. Primeiro recurso da defesa foi rejeitado. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Hylda Cavalcanti
Da RBA

O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, sofreu uma derrota na sessão desta terça-feira (13) do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que tem, na sua pauta, julgamento de processo administrativo movido contra ele. A primeira iniciativa apresentada pela defesa de Deltan, um recurso contra a abertura do procedimento, foi rejeitada pelos conselheiros.

O processo administrativo que está sendo apreciado hoje se dá pelo fato de Dallagnol ter criticado publicamente, em agosto de 2018, decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a transferência da colaboração premiada da Odebrecht da Justiça Federal em Curitiba para as justiças Federal e Eleitoral do Distrito Federal. Na ocasião, durante entrevistas, o procurador afirmou que três ministros do STF – Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski  – formavam “uma panelinha a favor da corrupção”. A decisão de abertura do processo foi tomada por iniciativa do corregedor do CNMP, Orlando Rochadel.

O julgamento do recurso de Deltan para sustar o procedimento foi julgado em bloco na manhã desta terça. Os conselheiros também decidiram adiar a apreciação de outros dois procedimentos contra ele em tramitação no órgão. Um foi movido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), por críticas que teriam sido feitas pelo procurador à campanha de Renan ao Senado.

O terceiro procedimento corresponde ao pedido feito por dois conselheiros do órgão para revisar deliberação individual tomada pelo corregedor do CNMP, que em junho arquivou reclamação disciplinar contra o procurador. A reclamação apurava se houve falta funcional em razão de troca de mensagens trocadas com pessoas do site The Intercept Brasil.

“Manifestação indevida”

O processo que consta na pauta  avalia se ele praticou ou não manifestação pública indevida, quando criticou ministros do STF. Devido ao tema principal da pauta e pela expectativa de definição do novo procurador-geral da República, a atual titular da PGR, Raquel Dodge, abriu a sessão defendendo a atuação do Ministério Público Federal (MPF) como um todo. Ela afirmou que “o Brasil quer e precisa de um MP com coragem para enfrentar a corrupção. Disse também que “o livre exercício do MP está expressamente assegurado na Constituição Federal”.

A procuradora também acrescentou que “a PGR apoia a atuação institucional de todos a os seus membros para o cumprimento da missão, mas igualmente exige que o desempenho da atuação institucional se dê inteiramente dentro dos marcos da legalidade”.

 O conselheiro Luiz Fernando Bandeira lembrou que “fatos divulgados em julho podem fragilizar a instituição” e pediu o andamento das apurações. “É obvio que não podemos ser pautados pela imprensa ou pelas redes sociais. Nós somos um tribunal, administrativo, mas um tribunal.  Temos processo e procedimento e é essencial da garantia das liberdades democráticas que esses ritos sejam seguidos. No entanto, uma vez provocados, acho que precisamos agir. E fomos provocados”, ressaltou.

Rochadel disse que o adiamento do caso envolvendo o senador Renan Calheiros se deu porque foi apresentada nova petição na qual é trazida inovação fática e jurídica, e que ainda não houve tempo para apreciação. O processo, segundo o corregedor, também pede o afastamento de Dallagnol do Ministério Público. Já em relação às reclamações disciplinares, explicou que irão a plenário assim que ele entender que há provas a serem consideradas.


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