Classificado por Jair Bolsonaro como “esquerdista tipo PSol”, o procurador Deltan Dallagnol deixou de receber um prêmio da Lava Jato em outubro de 2016 para não ser associado ao então deputado federal. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (14) pelo portal Uol, em parceria com o site The Intercept.
A desistência se deu após insistência de um assessor – identificado como “assessor 2” nos grupos de whatsapp – para que Dallagnol não fosse ao Fórum Liberdade e Democracia, organizado pelo Instituto de Formação de Líderes de São Paulo, em 22 de outubro daquele ano.
“Tudo o que vc e a FT não precisam é serem “associados” ao Bolsonaro. é a mesma coisa que receber prêmio do Foro de BSB. estou quase implorando. Por favorzinho”, disse o assessor.
Diante do apelo, Dallagnol, que já havia decidido comparecer à cerimônia – “porque me parece positivo para a LJ” -, comunicou aos colegas do Ministério Público Federal (MPF) a desistência.
“Caros, apenas FYI [para conhecimento], estou cancelando a ida para o prêmio à FT em SP por revisão da recomendação da ASCOM após sair a programação do evento, que tem perfil muito de direita, com Jair Bolsonaro como um dos vários palestrantes e com homenagem a um vereador de SP que foi um dos líderes do impeachment. Indicarei Roberto Livianu ou Thamea como representantes da FT para receber o prêmio”, escreveu Deltan. O vereador, em questão, é Fernando Holiday, do DEM, um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL).