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2 de agosto de 2019
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15:51

Acordo para redução de armas nucleares entre Rússia e EUA é encerrado oficialmente após decisão de Trump

Por
Sul 21
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Rússia e EUA anunciaram fim oficial de Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário. (Foto: Shealah Craighead/White House)

Opera Mundi

O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) foi encerrado nesta sexta-feira (02/08), por iniciativa dos Estados Unidos, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. O acordo proibia a implantação de armas nucleares terrestres com um alcance de 500 a 5.500 km.

“Em 2 de agosto de 2019, o Tratado entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e os Estados Unidos da América relativo à eliminação dos seus mísseis de médio e curto alcance, assinado em Washington em 8 de dezembro de 1987, foi encerrado por iniciativa dos EUA”, de acordo com um comunicado do governo russo.

Minutos depois do anúncio, o governo dos Estados Unidos se pronunciou oficialmente sobre a retirada do acordo. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, confirmou a saída, e disse que Moscou é “a única responsável” pelo colapso do acordo de 1987, assinado ao final da Guerra Fria.

“No dia 2 de fevereiro de 2019, os EUA deram à Rússia seis meses para voltar ao cumprimento do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário. A Rússia se recusou, então o tratado termina hoje. Os EUA não permanecerão sendo parte de um tratado quando outros o violarem. A Rússia tem responsabilidade exclusiva”, afirmou Pompeo.

Assinado em 1987 pelo presidente dos EUA, Ronald Reagan, e pelo então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Mikhail Gorbachev, o acordo foi o primeiro em que as duas superpotências, a União Soviética e os EUA, concordaram voluntariamente em reduzir seus arsenais nucleares, destruindo todos os mísseis balísticos e de cruzeiro lançados por armas nucleares, com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros, além de permitir inspeções para verificação.

O vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, havia pedido aos Estados Unidos que implementassem uma moratória sobre o lançamento de mísseis nucleares de alcance intermediário, agora que o acordo está encerrado.

“Sugerimos aos EUA e a outros membros da OTAN que considerem a possibilidade de anunciar uma moratória sobre o destacamento de mísseis de médio alcance. Esta moratória seria comparável à já anunciada por Vladimir Putin, dizendo que se os Estados Unidos não implantarem este equipamento em certas regiões, a Rússia também se absterá de fazê-lo”, acrescentou.

Na opinião do professor de ciência política da Universidade de Rhode Island (EUA), Nicolai Petro, um padrão discernível surgiu sob a administração Trump, sugerindo “que um grande acordo está próximo”. “A fim de obter uma posição de negociação inicial mais favorável, o presidente assume uma posição pública muito estridente, presumivelmente destinada a assustar os seus interlocutores para que aceitem o acordo que mais tarde irá oferecer”, disse o especialista.

Resposta recíproca

A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de sair do Tratado INF torna-se oficial seis meses depois de Washington ter anunciado querer suspender suas obrigações do tratado, tendo acusado a Rússia de violar o acordo.

Moscou, por sua vez, negou as alegações, enfatizando que Washington havia violado o tratado ao instalar lançadores de mísseis de cruzeiro Tomahawk na Romênia e na Polônia.

Em julho, Putin assinou um decreto suspendendo a participação de Moscou no acordo em uma resposta simétrica à iniciativa de Washington.


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