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8 de julho de 2019
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14:25

Para Nelson Jobim, STF foi “leniente” com abusos da Lava jato

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Sul 21
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Para Nelson Jobim, STF foi “leniente” com abusos da Lava jato
Para Nelson Jobim, STF foi “leniente” com abusos da Lava jato
Jobim disse considerar “controversos em termos de prova” os processos contra o ex-presidente Lula. (Foto: Valter Campanato | Agência Brasil)

Brasil de Fato

O ex-ministro Nelson Jobim (governos FHC, Lula e Dilma) considera que o Supremo Tribunal Federal (STF) foi “leniente” com os abusos cometidos pela Operação Lava Jato e que isso ajudou a criar “um ambiente muito ruim” para a garantia de direitos constitucionais.

A avaliação de Jobim, que presidiu o STF de 2004 a 2006, foi feita em entrevista publicada pelo portal UOL nesta segunda-feira (8), na qual ele trata de diversos temas, entre eles as revelações de conluio entre o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, que há um mês vêm sendo divulgadas pelo site Intercept Brasil.

“No início, [o STF] foi leniente. Ou seja, tolerou os exageros, os abusos que foram cometidos e agora estão ficando muito claros com essa história do Intercept. Houve casos de erros crassos, que depois acabaram se resolvendo”, diz Jobim na entrevista.

O ex-ministro cita o exemplo das conduções coercitivas contra investigados, o que ele chama de “coisa de mídia”.

“É uma invenção. O sujeito queria ouvir a parte, então mandava conduzir para ser ouvido. E o sujeito não tinha sido intimado nem se negado a ir. Mas aquilo criava um ambiente de pressão psicológica contra o depoente. Porque as conduções coercitivas se davam às 6h, estava toda mídia lá, assistindo àquilo e criando aquele ambiente”.

Para Jobim, as garantias de direitos aos poucos vão se recompondo porque os abusos começam a ficar evidentes.

“Todo mundo é contrário ao garantismo desde que a decisão lhe convenha. O dia em que estoura o raio nos pés ele vai adorar um garantista. E a posição do tribunal é ser garantista, garantir os direitos que estão na Constituição”, afirmou.

Jobim considera “controversos em termos de prova” os processos contra Lula. Ele disse não acreditar na participação do ex-presidente em casos de corrupção.

Já Sérgio Moro teve “conduta inadequada para um juiz”.

“Em hipótese alguma, poderia um juiz de direito ter contatos com o Ministério Público ou mesmo com a defesa para orientar procedimentos. Isso não é nada bom. O que vem a ratificar aquilo que havia interiormente, ou seja, a suspeita de que havia uma grande interação entre o juiz de direito comandando o processo e o Ministério Público, coisa que os advogados de defesa afirmavam há muito tempo”, disse.


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