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12 de julho de 2019
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22:55

Em Porto Alegre, entidades buscam reagrupar forças para retomar luta contra a reforma

Por
Luís Gomes
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Em Porto Alegre, entidades buscam reagrupar forças para retomar luta contra a reforma
Em Porto Alegre, entidades buscam reagrupar forças para retomar luta contra a reforma
Ato na Faculdade de Educação (Faced) buscou reagrupar forças para a luta contra a reforma | Foto: Caco Argemi/Divulgação

Luís Eduardo Gomes

A vitória do governo parece ter esmorecido os ânimos de centrais sindicais e entidades mobilizadas contra a reforma da Previdência. Dois atos marcados para o final da tarde e início da noite desta sexta-feira (12) em Porto Alegre, no Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e na Esquina Democrática, somaram apenas algumas dezenas de manifestantes. A mensagem dos manifestantes, contudo, é de que, apesar da ampla vitória do governo, o jogo ainda não está jogado e que o governo ainda precisa garantir a aprovação em segundo turno na Câmara e ratificar a aprovação no Senado. A ideia dos sindicatos é aproveitar o tempo entre as votações para fazer campanha junto às bases eleitorais dos deputados estaduais gaúchos denunciando as consequências que a reforma terá para a classe trabalhadora.

A ideia do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é que a votação dos destaques apresentados à reforma seja concluída ainda nesta sexta-feira. Uma vez encerrada, ele pretende juntar os líderes partidários e definir o melhor momento para votação em segundo turno da matéria. Pelo regimento, é preciso correr um intervalo de pelo menos cinco sessões entre a votação de primeiro e segundo turno. Na reunião posterior à votação dos destaques, Maia vai avaliar se convocará sessão já para sábado (13), para o início da próxima semana ou somente para agosto, deixando a Câmara realizar o recesso parlamentar, previsto para durar entre 18 e 31 de julho. O temor do governo é que, chamando a votação para a próxima semana já ou tentando aprovar um requerimento para eliminar a necessidade das cinco sessões de intervalo, a Câmara tenha quórum reduzido, uma vez que vários deputados já estão com viagens marcadas.

Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS), Claudir Nespolo diz que a torcida das entidades é para que a votação fique para depois do recesso, justamente para que se possa fazer a campanha junto às bases parlamentares e para a construção de atos de maior envergadura pelo País. “Vamos reagrupar forças para pegar no pé dos deputados”, disse.

Na avaliação de Claudir, o ponto positivo do processo de tramitação da reforma da Previdência na Câmara foi a retirada do regime de capitalização, mas ele considerou que o texto aprovado ainda é “muito ruim”. Ele ainda destacou que a oposição à reforma enfrentou uma grande dificuldade por causa do que considerou ser um “apagão de contraponto” na imprensa brasileira. “Esse apagão demonstra que estamos num período de exceção. Não é possível votar uma matéria desse calibre com essa ausência de debate. O povo está confuso”, disse.

Presidente do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), Helenir Aguiar Schürer avaliou que, diante do cenário apresentado, é preciso construir alternativas de mobilização e de denúncia dos parlamentares e partidos que votaram a favor da reforma. “Se não soubermos dar resposta a partidos que traem os trabalhadores, nós estaremos na rua hoje, estaremos amanhã e estaremos daqui a 20 anos, ainda perdendo direitos”, disse.

Para ela, essa construção passa, por exemplo, por desconstruir uma ideia arraigada, inclusive entre os professores, de que se vota em pessoas e não em partidos. Para criticar essa postura, ela citou como exemplo o caso do deputado federal Danrlei (PSD), eleito pelo carinho que a torcida do Grêmio nutre por ele e que votou a favor da reforma. “O Danrlei é o exemplo daquelas pessoas que votam na pessoa e não votam em partido. Os partidos que querem arrebentar com os nossos direitos oferecem essas pessoas. Ou a gente se politiza, ou a gente fiscaliza, ou ainda teremos muitos anos para estarmos nas ruas brigando pelos nossos direitos e os vendo escorrendo pelos nossos dedos”, defendeu.

 


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