Marco Weissheimer
O ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, disse nesta segunda-feira (10) que o atual ministro da pasta, Sérgio Moro, e o procurador federal Deltan Dallagnol, na medida em que não negaram a autenticidade da correspondência divulgada pelo site The Intercept, “devem ser considerados como confessos em relação a uma série de delitos, promovendo o uso do sistema de Justiça para agredir a soberania popular, vulnerar o direito de defesa e promover prisões ilegais”.
Na avaliação do ex-ministro, o sistema de Justiça brasileiro está diante de uma oportunidade de se reafirmar, “depois de uma crise grave originária de um golpe que derrubou uma Presidenta eleita e digna e deveria conceder um habeas corpus ao ex-presidente Lula, até mesmo de ofício, para ir corrigindo paulatinamente a perversão constitucional que daí derivou”.
Não se trata, ressaltou Tarso Genro, de anular todos os processos da Lava-Jato, mas sim de “desmontá-la como operação política de subversão da ordem política, para verificar rapidamente quais foram os processos que foram contaminados por este grupo organizado, que subsumiu a sua função institucional nas linhas de exceção da direita fascista”. Esta, acrescentou, “foi a grande beneficiária destas operações da República de Curitiba, que se tornou, na verdade, um sistema coordenado de subversão anti-democrática e anti-republicana”.
Se as instâncias superiores do sistema de Justiça não reagirem, concluiu, o Brasil vai perder uma grande oportunidade de atacar o crime organizado dentro do Estado. “Se não se ataca, exemplarmente, os agentes públicos que utilizam a suas altas funções para conspirara contra a democracia e a república, os criminosos comuns sempre terão a quem apelar”, assinalou.