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11 de maio de 2019
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22:09

Se governo não negociar, decreto das armas será derrubado, diz analista do Diap

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Sul 21
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Se governo não negociar, decreto das armas será derrubado, diz analista do Diap
Se governo não negociar, decreto das armas será derrubado, diz analista do Diap
Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Eduardo Maretti – Rede Brasil Atual

O Decreto 9.785 do presidente Jair Bolsonaro, que facilita o porte  e pode colocar armas nas mãos de 19 milhões de pessoas, será derrubado no Congresso Nacional se não for modificado. “O presidente extrapolou. O decreto não se sustenta com o conteúdo atual. E o Rodrigo Maia (presidente da Câmara) quer convencer o Executivo, mostrar as inconstitucionalidades. Em resumo, se o governo não modificar, o Congresso vai derrubar”, afirma o analista político Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Como um gesto de que quer dialogar, o governo poderia reeditar o texto, reduzindo seu escopo, por exemplo em relação às categorias que abrange. O decreto permite o porte de armas letais de uso exclusivo das Forças Armadas, e amplia as categorias que podem transportar armas de fogo, como jornalistas e políticos. Mesmo menores de 18 anos passam a poder praticar tiro esportivo, se autorizados pelos pais ou responsáveis.

Rodrigo Maia (DEM-RJ) já apontou para “algumas inconstitucionalidades” do decreto. “Sem dúvida nenhuma, aquilo que for inconstitucional do decreto de armas, ou vamos dialogar com o governo ou vou ter que votar um dos oito ou nove projetos de decreto legislativo”, afirmou na quinta-feira (9). Maia foi claro ao dizer que o decreto “entrou nas atribuições do Congresso Nacional”.

Um dos projetos de decreto legislativo (PDL) em tramitação na Câmara, propondo a derrubada do texto, é de autoria do deputado Helder Salomão (PT-ES).

Bolsonaro vai ter de se explicar

Nesta sexta-feira (10), a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu dar prazo de cinco dias para Bolsonaro explicar o decreto, em resposta à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 581, por meio da qual os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Fabiano Contarato (Rede-ES) contestam a medida do Executivo.

Ambos os senadores também apresentaram projeto de decreto legislativo para suspender a medida do governo. “O presidente não poderia fazer isso sem consultar o Legislativo. É um ‘liberou geral’. O Brasil vai se transformar num faroeste. Nunca na história humana o ‘olho por olho, dente por dente’ resolveu alguma coisa”, disse Randolfe, à Agência Senado.

As inconstitucionalidades do texto são evidentes. Primeiro porque ofende um dos princípios fundamentais, talvez o maior, da Constituição. “Não se pode colocar o direito à propriedade acima do direito à vida”, diz Queiroz, do Diap. “Se o governo não reeditar ou revogar o atual e fizer um novo, ou o Congresso revoga, ou uma decisão judicial derruba.”

Outro argumento é que um decreto não pode modificar a lei, no caso, o Estatuto do Desarmamento. “O decreto não pode contrariar a lei e nem ultrapassar seu escopo. E o texto de Bolsonaro extrapola o que a lei prevê em muitos pontos.”

Como signatária do PDL que tem o objetivo de derrubar a medida, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) diz que ele “desconsidera a vida, por isso nós chamamos de ‘decreto da morte’”. Segundo ela, trata-se de “um decreto psicopata”.


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