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10 de fevereiro de 2019
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22:56

No encerramento da Bienal, UNE convoca juventude a ocupar as ruas em defesa da democracia

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Sul 21
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No encerramento da Bienal, UNE convoca juventude a ocupar as ruas em defesa da democracia
No encerramento da Bienal, UNE convoca juventude a ocupar as ruas em defesa da democracia
Em onze pontos, estudantes defenderam diversas pautas de luta, como a educação pública, a liberdade de pensamento, a soberania nacional e a batalha contras as reformas de Bolsonaro. (Matheus Alves/Cuca da UNE)

Felipe Mascari
Rede Brasil Atual

Com diversas bandeiras empunhadas e um coro único: “Vai avançar a unidade popular”. Foi assim que a 11ª Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE) encerrou, neste domingo (10),  em Salvador. A plenária final divulgou uma carta unificada com as diretrizes para as lutas do movimento estudantil para o enfrentamento dos retrocessos promovidos pelo governo Bolsonaro, com um objetivo principal: a união do setor progressista.

Aprovada pelos quase cinco mil estudantes presentes à assembleia, o texto convoca todos os jovens a ocupar as ruas em defesa da democracia e pela manutenção e avanço de políticas que promovam o acesso irrestrito à educação de qualidade. De acordo com os estudantes, a eleição de Bolsonaro dá ao momento estudantil brasileiro uma ampla responsabilidade de compor a frente pela construção uma unidade na esquerda. “A tarefa da nossa geração é ampliar o diálogo, amparar as divergências e fortalecer a organização em torno da defesa de nossa soberania, os direitos sociais e a democracia”, diz a carta, assinada conjuntamente pela UNE, a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).

Em onze pontos, o documento consagra a unidade dos movimentos progressistas, defende a educação pública, a liberdade de pensamento e a autonomia universitária, a soberania nacional, a luta contra a reforma da Previdência e Trabalhista, além do restabelecimento das garantias constitucionais e democráticas, a defesa dos direitos sociais, e a luta contra prisões políticas.

Lida em conjunto, os estudantes reivindicam que seja cumprido o Plano Nacional de Educação (PNE) e a destinação de 10% do PIB para a educação, além da manutenção das políticas de cotas como forma de democratizar o acesso à universidade. “Defendemos (a aplicação de receitas da exploração do) pré-sal para o setor educacional, garantindo o orçamento para nós e o fim da Emenda Constitucional 55, que congelou os gastos públicos por 20 anos. Queremos o fomento à pesquisa e as bolsas de pós-graduação”, afirmou o movimento, na leitura da carta.

O texto ainda aponta preocupação com a fragilidade da democracia brasileira e apologia à volta da ditadura e defenderam o direito de livre associação e manifestação dos cidadãos. “Consideramos a prisão de Lula arbitrária. Exigimos justiça para Marielle Franco e Anderson. Lamentamos que Jean Wyllys não tenha tomado posse para seu mandato, eleito democraticamente por voto popular, e exigimos saber quem o ameaça. A possível CPI da UNE é a criminalização do movimento estudantil”, acrescentaram os jovens.

Homenagem

A cerimônia de encerramento não contou só com protestos, mas também revisitou a memória da UNE. Logo no começo, foi realizado um ato para homenagear Ruy Cesar Costa, responsável pelo Congresso da UNE de 1979, em Salvador, exatos 40 anos atrás, durante a ditadura civil-militar. O evento ocorreu após 15 anos em que o movimento se matinha na clandestinidade e era perseguido pelo governo.

Uma carta também foi lida em sua memória. Os estudantes relataram saudade e se disseram inspirados pela luta do antigo companheiro. “Viemos à Bahia para dizer que nunca vamos desistir. Quem nos persegue hoje, é quem se acovarda nos coturnos da ditadura e se esconde na mordaça. Quem nos persegue hoje é quem conteve os brilhos do seus olhos em 1979. Rui Cezar Costa, presente”.


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