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23 de janeiro de 2019
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20:04

Opositor se declara presidente interino na Venezuela; governo Maduro convoca resistência

Por
Luís Gomes
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Juan Guaidó prestou “juramento” como presidente interino em ato em Caracas | Foto: Reprodução/Twitter

Da Redação

Em um dia de protestos de opositores e defensores do governo de Nicolás Maduro, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, se declarou nesta quarta-feira (23) presidente interino do país sul-americano. Em um ato em Caracas, ele jurou como prestou juramento e reivindicou assumir formalmente a responsabilidade pelo Executivo venezuelano, formar uma governo de transição e chamar novas eleições para o país. O governo venezuelano considera a declaração como ilegal.

Maduro, que tomou posse para um novo mandato presidencial no dia 10 de janeiro, ainda não havia se posicionado oficialmente sobre a ação da oposição até às 18h. Em discurso durante ato pró-governo em Caracas, o vice-presidente Diosdado Cabello acusou a oposição de conspiração e fez uma convocação para que a população defenda o governo de “qualquer agressão” em um vigília diante do Palácio de Miraflores, sede do governo. “Eles (a direita) acreditam em um país de história em quadrinhos, de redes sociais, nós acreditamos na realidade dos ruas, na Pátria”, disse.

O argumento de Guaidó, que não reconhece a eleição que reconduziu Maduro a um novo mandato, é de que o governo configura uma situação de “absoluta ausência do chefe do Estado” e cabe ao presidente do parlamento, no caso ele, assumir o Executivo temporariamente e convocar novas eleições.

O governo Maduro considera que a Assembleia Nacional está atuando desde 2016 em desacato e que, portanto, suas decisões são nulas. O Supremo Tribunal de Justiça do país, que declarou a situação de desacato da AN, emitiu uma declaração nesta quarta afirmando que a AN estava usurpando as competências do Executivo e conclamou o Ministério Público do país a “determinar as responsabilidades” das autoridades do Parlamento.

Posições internacionais

O anúncio de Guaidó foi seguido, às 16h08, pelo reconhecimento oficial dele como presidente interino por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um comunicado divulgado na sequência, Trump afirmou que irá continuar a usar todo o peso do poder econômico e diplomático dos Estados Unidos para pressionar pela “restauração da democracia venezuelana”. Ele também encoraja outros líderes ocidentais a reconhecer Guaidó commo presidente interino da Venezuela.

Em uma mensagem publicada no Twitter por volta das 17h15 desta quarta, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), também reconheceu Juan Guaidó como “presidente encarregado da Venezuela”. “O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social volte a Venezuela”, diz a mensagem.

Outros países como Colômbia, Equador, Peru, Costa Rica e Canadá também reconheceram Guaidó como presidente interino. O jornalista Stever Herman informa no Twitter que o governo americano considera que “todas as possibilidades estão na mesa” em relação a Venezuela e que governo Maduro estará com os “dias contados” se utilizar a violência contra a oposição.

Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, declarou apoio a Maduro e denunciou que as “garras do imperialismo buscam novamente ferir de morte a democracia e a autodeterminação dos povos da América do Sul”.

Também pelo Twitter, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que esteve na posse de Maduro, lamentou a possibilidade de intervenção militar na Venezuela. “Começamos hoje na América Latina a caminhada dos conflitos que tanto repudiamos em outros continentes. Líbia, Iraque, Síria são lembranças atuais das decisões arrogantes dos Estados Unidos e seus parceiros políticos. O Brasil só tem a perder com esta intervenção na Venezuela”, disse.

Aliado do governo do Maduro, a Rússia ainda não se posicionou oficialmente. No entanto, a embaixada do país no Canadá criticou a interferência americana em assuntos de “outros países” e comparou a situação com o apoio ocidental ao “golpe Maidan”, que ocorreu na Ucrânia em 2014.


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