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7 de janeiro de 2019
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17:33

‘Não podemos naturalizar o estado policial’, diz Paulo Pimenta sobre invasão de gabinetes

Por
Sul 21
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O deputado Odair Cunha (PT) contou que chegou no dia seguinte em sua sala e encontrou gavetas abertas e as persianas das janelas lacradas com parafusos. Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal Odair Cunha

Giovana Fleck

Durante os preparativos para a posse de Jair Bolsonaro (PSL), gabinetes de deputados federais do PT, PSOL e PCdoB foram invadidos. Sob o pretexto de que seriam necessárias medidas de segurança, como o aparafusamento de janelas e persianas, a Polícia Legislativa teria autorizado a entrada de terceiros sem o consentimento dos parlamentares.

Ao site Brasil 247, o deputado Odair Cunha (PT) contou que chegou no dia seguinte em sua sala e encontrou gavetas abertas e as persianas das janelas lacradas com parafusos. “Sob o pretexto de você ter ‘snipers’ nas janelas, o que deveria ser impedido pela Polícia Legislativa, você admite que se invada gabinetes de parlamentares. Com isso, você pode inventar qualquer coisa! E a prerrogativa dos deputados? Quem garante que não colocaram ou tiraram coisas do meu gabinete?”, questiona Odair, que registrou a queixa na polícia da Câmara.

No mesmo dia, o líder da bancada, deputado Paulo Pimenta (PT) enviou ao presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM), um documento com um questionamento oficial pedindo esclarecimentos sobre quem ordenou a ação. “Isso revela que estamos vivendo um momento em que determinados movimentos – que considerávamos inimagináveis – começaram a ser naturalizados”, afirmou o deputado.

Para ele, se ações como essa não forem coibidas imediatamente, abre-se espaço para uma aceitação de um estado constante de policiamento em nome de um falso sentimento de insegurança. “Se aceitarmos, vamos ver escritórios de advocacia invadidos, redações de jornais invadidas… Há sim a necessidade de segurança, mas não se pode invadir um espaço em nome disso.”

De acordo com Pimenta, o presidente ainda não formalizou uma resposta. No entanto, por meio de uma nota, a Câmara informou que a determinação foi da Diretoria Geral da casa e que não houve comunicação prévia aos gabinetes porque a decisão foi tomada no fim de semana que antecedeu a posse. Segundo a nota, o uso dos parafusos para fechar as persianas foi necessário para evitar que se abrissem com o vento.

Ainda segundo a Câmara, a medida teria sido tomada em todos os gabinetes, assim como em diversas outras salas na Esplanada dos Ministérios para que movimentações não desviassem a atenção dos franco-atiradores das forças de segurança. Mais de 3,2 mil policiais, bombeiros e militares de várias forças foram mobilizados para trabalhar na segurança da posse presidencial – que seguiu o padrão adotado em eventos oficiais dos Estados Unidos.

Para Pimenta, é importante que se questione a necessidade da ausência de comunicação prévia. “Quem não disse nada tem, claramente, motivos para querer que ações como essa se naturalizem”, afirma.


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