Últimas Notícias>Política
|
12 de novembro de 2018
|
14:11

Ao ‘Fantástico’, Moro nega intenção de candidatura à Presidência, mas não descarta posição no STF

Por
Sul 21
[email protected]
Ao ‘Fantástico’, Moro nega intenção de candidatura à Presidência, mas não descarta posição no STF
Ao ‘Fantástico’, Moro nega intenção de candidatura à Presidência, mas não descarta posição no STF
Mouro em vinda a Porto Alegre este ano | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Da Redação 

“Alguns me criticaram por assumir esse cargo afirmando que eu havia traído um compromisso que eu afirmei no passado numa entrevista ao Estado de São Paulo, que jamais entraria pra política. Eu posso tá sendo ingênuo, mas eu estou sendo absolutamente sincero quando afirmo que, na minha visão, tô assumindo um cargo pra exercer uma função predominantemente técnica. Eu não me vejo num palanque, eu, candidato a qualquer espécie de cargo em eleições, isso não é a minha natureza”, afirmou o juiz federal e futuro Ministro da Justiça, Sérgio Moro, em entrevista ao Fantástico neste domingo (11).

Questionado pela repórter Poliana Abritta se ele se candidataria à Presidência da República, Moro completou: “Não, eu estou te falando que não vou ser. Eu não sou um político que… minto. Desculpe. Com todo respeito aos políticos. Mas assim, bons e maus políticos. Mas existem maus políticos que, às vezes, faltam com a verdade. Eu não tô faltando com a verdade.”

Moro tem sido cobrado por contradições referentes à uma entrevista que concedeu, em 2016, ao Estadão onde afirmou que “jamais entraria para a política”. Ao aceitar o convite para assumir o Ministério, passou a ser alvo de críticas por planejar se exonerar do cargo de juiz, deixar o comando da Operação Lava Jato e seguir para Brasília.

Na sexta-feira (10), um dia após a gravação da entrevista ao Fantástico, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) solicitou que Sérgio Moro preste informações por “suposta atividade político-partidária” ao aceitar o convite para ser ministro. O juiz terá 15 dias para se manifestar.

Na entrevista, o juiz reiterou diversas vezes que não vê sua atuação como ministro de forma política – mas sim,  técnica. “E o Supremo?”, questionou a repórter. “É uma perspectiva, uma possibilidade que se coloca no futuro”, respondeu Moro.

“A questão de Lula não pertence mais a mim”

Na avaliação de Moro, que vinha sendo criticado por assumir posições políticas enquanto magistrado, não houve conflito de interesses no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista foi sentenciado em primeira instância por Moro, sendo preso em 7 de abril de 2018 por conta de desvios de dinheiro envolvendo um apartamento triplex no Guarujá (SP). Por conta da condenação, Lula foi impedido de concorrer às eleições de 2018.

“Existe essa fantasia de que o ex-presidente Lula, que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, teria sido excluído arbitrariamente das eleições por conta do processo criminal. Mas o fato que ele tá condenado e preso porque ele cometeu um crime”, afirmou. A defesa do ex-presidente entrou com um novo pedido de habeas corpus argumentando que houve “irremediável perda de imparcialidade” por parte do juiz. “Eu proferi a decisão em relação ao ex-presidente Lula em meados de 2017. Então, assim, eu nem conhecia o presidente eleito Jair Bolsonaro”, defendeu Moro.

Corrupção e criminalidade

Moro é figura associada ao combate à corrupção por ter se dedicado, nos últimos quatro anos, à Operação Lava Jato. Ainda assim, em entrevista coletiva, defendeu o futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), que admitiu ter recebido R$ 100 mil da empresa JBS para financiar sua campanha eleitoral. Ele nunca foi autuado pelo crime e afirma ter doado metade do dinheiro para entidades filantrópicas. Sérgio Moro disse que o deputado já pediu desculpas e que atuou a favor da aprovação de medidas anticorrupção no Congresso.

Na entrevista, o juiz defendeu o afastamento de ministros investigados por corrupção, se as denúncias “forem consistentes”. “É possível analisar desde logo a robustez das provas e emitir um juízo de valor. Não é preciso esperar as cortes de justiça proferirem o julgamento.”

Sobre a redução da maioridade penal, Moro não explicitou sua posição, mas recorreu ao apelo emocional afirmando que: “Acho que é razoável essa afirmação de que mesmo um adolescente entre 16 e 18 anos, ele já tenha compreensão de que é errado matar. Isso não resolve criminalidade, mas tem que se considerar a justiça individual. Pense numa família que um dos membros foi vítima de um homicídio praticado por um adolescente acima de 16 anos. As pessoas querem uma resposta do Estado institucional. E o sistema atual, que prevê sanções muito reduzidas pra crimes dessa natureza, de gravidade, é insatisfatório”.

Quanto ao combate da violência contra minorias, Moro disse não ver diferença entre “heterossexual, homossexual, branco, negro, asiático”. “Eu tenho grandes amigos que são homossexuais”, completou. Para ele, o governo terá que adotar posturas mais rigorosas quanto à violência em geral, mas tomando posições mais rígidas contra crimes de ódio.

 


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora