Sartori declara voto em Jair Bolsonaro; MDB descarta aceno a petistas no RS

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Luís Gomes
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Em coletiva de imprensa na sede do MDB em Porto Alegre, Sartori anuncia apoio a Bolsonaro no segundo turno | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

O governador José Ivo Sartori (MDB) declarou na tarde desta segunda-feira (8) que irá votar em Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno das eleições presidenciais. A declaração ocorreu durante uma coletiva de imprensa realiadao na sede do diretório estadual do MDB, no Centro de Porto Alegre, em que foi lida uma carta na qual o partido recomenda o voto no candidato do PSL.

Na carta, o MDB diz que rejeita a corrupção, a impunidade e a manipulação da política e que os ideias do partido são simbolizados na candidatura de Sartori: honestidade, combate à corrupção, respeito à lei e a ordem, valorização da família, combate à criminalidade, estímulo ao empreendedorismo e a preservação da democracia.

Após a leitura da carta, pelo presidente estadual do partido, Alceu Moreira, o governador Sartori fez um pronunciamento em que disse que era um “homem de partido” e que iria seguir a orientação “com modéstia, tranquilidade e serenidade”. O governador ainda “ironizou” o seu adversário no segundo turno, Eduardo Leite (PSDB), ao dizer que a declaração de apoio era pensada e discutida e não “afoita”. No domingo, o tucano acenou com um apoio a Jair Bolsonaro, mas hoje pela manhã já preferiu adotar um tom de rejeição de apoio ao PT sem adesão imediata ao candidato do PSL.

Sartori e Alceu Moreira posam ao lado de carta assinada pelo MDB-RS que recomenda o voto em Bolsonaro | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Após o pronunciamento, Sartori falou brevemente com a imprensa, evitando fazer elogios ou críticas diretas a Bolsonaro. O presidente estadual do MDB concedeu uma entrevista mais longa, em que declarou que o apoio era uma escolha pragmática, não de perfil ideológico. “Nós temos duas candidaturas, a candidatura petista e a de Jair Bolsonaro. Nesta condição, apoiamos a candidatura do Bolsonaro”, disse.

O deputado federal reeleito disse em vários momentos que o MDB não estava fazendo a escolha do ideal, mas do possível. Contudo, questionado sobre divergências com Bolsonaro, disse que não iria fazer um comentário nessa linha, mas declarou que as divergências que o seu partido têm com o PT são “infinitamente maiores” do que em relação a Jair Bolsonaro.

Questionado se não preocupava ao MDB os flertes com o autoritarismo de Jair Bolsonaro, que é declarado defensor da ditadura militar brasileira, Moreira respondeu: “Nós não estamos fazendo nenhum compromisso de concordância com o posicionamento ideológico do candidato Jair Bolsonaro. Estamos dizendo que, numa campanha que só tem dois candidatos, o MDB do RS apoiará claramente Jair Bolsonaro. E é exclusivamente isso”.

Alceu Moreira descartou fazer acenos aos eleitores petistas no RS | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Questionado na sequência se não seria uma incongruência do partido de Ulysses Guimarães, um dos principais oponentes do regime militar e quem dizia ter “nojo e ódio da ditadura”, apoiar um defensor da ditadura, Moreira disse: “Se ele estivesse vivo e tivesse que escolher entre votar no pau mandado de um presidiário e o Bolsonaro, ele escolheria certamente o Bolsonaro. É melhor estar com a polícia do que com o bandido”.

Ao final, Moreira ainda descartou fazer qualquer aceno ao PT no Rio Grande do Sul, que teve o terceiro colocado na disputa ao governo, Miguel Rossetto, com 16,72% dos votos válidos, o que poderia ajudar a definir o segundo turno.

“Eu jamais vou agradecer qualquer tipo de apoio. Apoio a gente não agradece, eles sempre são bem-vindos. Os eleitores que desejarem fazer, que o façam. Assim como nós temos a escolha entre o Bolsonaro e o Haddad, eles também vão ter no RS a possibilidade de escolher o Sartori e o outro candidato. É uma escolha que deve ser feita entre os eleitores petistas. Eu não tenho a mínima possibilidade de fazer qualquer tipo de influência, nem a pretensão de fazê-la”, disse.

Diversos partidos que apoiam a coligação de Sartori estiveram representados no evento, como PSD (do vice-governador José Paulo Cairoli), PSC, PMN e PTC. As principais ausência foram de representações do PSB e do PR.

Foto: Guilherme Santos/Sul21

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