O que os candidatos do RS ao Senado pensam sobre aborto, maconha, porte de armas e reformas?

Por
Luís Gomes
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Das 81 cadeiras do Senado, 54 podem ser renovadas na eleição de outubro. Foto: Pedro França/Agência Senado

Luís Eduardo Gomes

As eleições deste ano irão renovar dois terços do Senado brasileiro. Isso significa que cada Estado irá eleger dois senadores no próximo dia 7 de outubro. No entanto, no Rio Grande do Sul, a última pesquisa Ibope mostra que a maioria dos eleitores ainda não decidiu em quem votar. Dos entrevistados, 12% responderam que votariam branco ou nulo para a primeira vaga e 18% para a segunda vaga, e 40% disseram não saber ou optaram por não responder. Para ajudar o eleitor a conhecer os concorrentes, o Sul21 encaminhou duas perguntas para os candidatos responderem de forma aberta, em até 1,2 mil caracteres cada. Também elencou dez temas para que se posicionassem a favor ou contra.

Foram contatados os seis candidatos que melhor têm pontuado nas pesquisas: José Fogaça (MDB), Paulo Paim (PT), Beto Albuquerque (PSB), Luiz Carlos Heinze (PP), Carmen Flores (PSL) e Abigail Pereira (PCdoB). A campanha de Beto Albuquerque optou por não responder.

As perguntas abertas foram:

1) Qual a principal bandeira que a senhora ou o senhor defenderá nos próximos 8 anos, se eleita ou eleito?

2) Tendo em vista a turbulência vivida pelo Congresso Nacional nos últimos quatro anos e a dificuldade de superação da crise econômica, qual a sua expectativa a respeito da governabilidade para o(a) próximo(a) presidente eleito(a)?

A seguir, confira as respostas às perguntas encaminhadas ao Sul21 e uma tabela comparativa sobre o posicionamento nos dez temas elencados.

Bandeiras do mandato

José Fogaça | Foto: Arquivo/Galileu Oldenburg

Fogaça: “Tendo em vista o alto desemprego no Brasil de hoje, sem dúvida a principal questão que está colocada para o Brasil é o crescimento da economia. Para que a economia volta a crescer, é fundamental o equilíbrio das contas públicas e a confiança dos investidores e empreendedores privados do País. Reformas deverão acontecer. Mas devem ter um conteúdo sempre democrático e de respeito aos direitos individuais e coletivos”.

Paim: “Temos como foco a revogação da reforma trabalhista e a aprovação do Estatuto do Trabalho, a nova CLT. É uma questão de justiça resgatar todos os direitos que foram retirados dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. Vamos continuar lutando contra reforma da Previdência, perseguindo o direito de que todos os brasileiros tenham uma aposentadoria digna. Imaginem ter que contribuir por 49 anos para conseguir se aposentar? Propor isso, como faz o governo Temer, é uma vergonha. Uma tragédia para as gerações futuras. Temos que revogar a Emenda Constitucional 95, também do governo Temer, que congelou investimentos no país por 20 anos em áreas estratégicas. Somente o SUS deixará de receber R$ 9,5 bi em 2019. Isso é o caos na saúde pública. Estamos a um passo da privatização. Projeto de lei de minha autoria que resolve o problema da dívida do Estado do Rio Grande do Sul também é prioridade para o próximo mandato. Ele prevê a atualização da dívida pelo IPCA, desde o início. Fizemos uma dívida de R$ 9 bi, pagamos R$ 30 bi e ainda estamos devendo R$ 60 bi. Isso é impagável. Não adianta empurrar com a barriga. Com a minha proposta, além de quitarmos a dívida com a União, teremos que receber de volta R$ 11,1 bilhões”.

Beto: Não respondeu.

Luiz Carlos Heinze. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Heinze: “A minha principal bandeira, caso chegue ao Senado Federal, será acabar com a dívida do Rio Grande do Sul com a União. Desta forma, iremos garantir mais recursos para os estados e os municípios investirem em saúde, educação, segurança e infraestrutura. Também trabalharei pela redução e desburocratização do Estado, retomada das ferrovias e hidrovias por meio de parcerias público-privadas e o fortalecimento do municipalismo, que seria feito por meio de uma reforma do Pacto Federativo. Além disso, também defenderei o fim do foro privilegiado”.

Carmen: “Eu defendo princípios e valores da família, combate à corrupção, mais empregos e menos impostos, redução do Estado na economia. Na saúde, a minha proposta é eficiência, gestão e respeito com a vida das pessoas. Na educação, valorização e qualificação do professor, inclusão dos jovens no processo educacional sem doutrinação e sexualização precoce. Na segurança, combate à violência doméstica, urbana e rural”.

Abigail Pereira | Foto: Sul21

Abigail: “Eu quero ser a senadora das mulheres, das trabalhadoras e dos trabalhadores, por isso defenderei a igualdade salarial entre homens e mulheres. O Brasil só irá retomar o desenvolvimento e garantir justiça com a participação ativa das mulheres em todos os espaços de poder. Para que possamos retomar o desenvolvimento e dar mais dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras, precisamos revogar a Reforma Trabalhista e a Emenda Constitucional 95, do Teto dos Gastos, além de impedir a Reforma da Previdência do governo Temer, que acaba com a aposentadoria. É inadmissível que aceitemos que grávidas trabalhem em locais insalubres. E é impossível que o Brasil avance sem ampliar os investimentos em saúde, educação e segurança pública”.

Governabilidade

Fogaça: “A expectativa, em qualquer circunstância, é de que haverá baixo índice de governabilidade no próximo mandato. A fragmentação do Congresso, onde o maior partido não terá mais do que 15%, tornará esse governabilidade ainda mais difícil de ser construída. Se for eleito senador, procurarei atuar com bom senso e tirocínio para evitar o caos e a ingovernabilidade. Tanto apoiando medidas que representem avanço para o equilíbrio e para o crescimento, quanto me opondo a qualquer iniciativa que possa representar um atentado aos direitos e conquistas democráticas do nosso País nos últimos 30 anos”.

Paulo Paim |Foto: Joana Berwanger/Sul21

Paim: “Creio que a composição do próximo Congresso será conservadora, dando continuidade ao que é atualmente, tanto do ponto de vista ideológico como também do ‘toma lá da cá’. Partindo desse princípio, é obvio que o próximo presidente terá dificuldade para governar. Qualquer governo que não tiver uma base de apoio consistente e com representatividade acaba ficando no meio do caminho e refém dos interesses econômicos, corporativos, partidários e pessoais. Típico cenário do jogo do poder pelo poder, sem compromisso com os anseios da nossa gente. Não se pensa e não se age para desenvolver o país e avançar nas questões sociais e na infra-estrutura necessária para o crescimento. As eleições estão aí, dentro de alguns dias. A população tem que se empoderar da sua arma que é o voto, escolhendo candidatos comprometidos com as reais necessidades da nossa gente. A população tem que pesquisar quem é quem antes de votar. Temos que entender que a estrutura democrática funciona como uma engrenagem, só trabalha em conjunto, com a devida independência de cada um dos poderes. Se o governo for forte, com base consolidada, a tendência é de governabilidade”.

Beto: Não respondeu.

Heinze: “Acredito que, após as eleições deste ano, viveremos um momento de conciliação no Brasil. O próximo presidente terá um desafio grande para conseguir a necessária governabilidade, mas ela terá de ser feita sem negociatas de cargos e recursos. Da minha parte, caso eleito, trabalharei para um país mais justo, mas lutarei contra projetos de poder que busquem aparelhar o estado em prol de benefícios próprios, de um partido ou de uma ideologia. Defenderei também a redução do estado para que sobrem recursos para serem investidos nas áreas essenciais, que são: saúde, educação e segurança pública”.

Carmen Flores | Foto: Joana Berwanger/Sul21

Carmem: “O Bolsonaro tem 7 mandatos e conhece muito bem como funciona o Congresso Nacional. Além do belíssimo trabalho do deputado Onyx Lorenzoni que atingiu uma meta de 150 deputados federais que já estão apoiando o plano de governo do Bolsonaro. Sem esquecer que o PSL fará uma grande fatia de deputados federais e senadores no Brasil”.

Abigail: “O Brasil já se deu conta que o ataque à democracia conduzido pelas elites – iniciado através do impeachment de Dilma para interromper um projeto comprometido com a nação – só agravou a crise. Agora, quem está pagando a conta é o povo. Precisamos nos unir em torno de um projeto que retome o desenvolvimento e garanta a democracia. Com Haddad e Manuela isso será possível. Tenho plena confiança no povo brasileiro, especialmente nas mulheres, para renovar o Congresso Nacional e pressionar para que sejam aprovadas medidas a favor do povo e do Brasil. Como senadora, quero debater com a sociedade a Reforma Política que precisamos, para que o parlamento tenha a cara do povo brasileiro, com representatividade: mais mulheres, trabalhadores, trabalhadoras, jovens, negros e negras. Vamos inverter a lógica de que a política é só para os poderosos”.


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