Carta de Lula anuncia troca na candidatura do PT: ‘o nosso nome agora é Haddad’

Por
Luís Gomes
[email protected]
Carta de Lula anuncia troca na candidatura do PT: ‘o nosso nome agora é Haddad’
Carta de Lula anuncia troca na candidatura do PT: ‘o nosso nome agora é Haddad’
Manuela e Haddad assumiram a chapa do PT e PCdoB à presidência da República | Foto: Ricardo Stuckert

Da Redação

Faltando menos de duas horas para terminar o prazo dado pelo Tribunal Superior Eleitoral ao PT para substituir o nome do ex-presidente Lula como candidato, o partido anunciou oficialmente no final da tarde desta terça-feira (11) o nome de Fernando Haddad como novo postulante à presidência e de Manuela D’Ávila (PCdoB) para compor como vice a chapa da coligação Povo Feliz de Novo, que ainda conta com o apoio do Pros.

A decisão da substituição havia sido tomada mais cedo, em reunião da Executiva Nacional, mas só foi tornada pública em um ato diante da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde Lula está preso desde abril. Na abertura do ato, a presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann, destacou que o PT fez “todos os esforços para provar a inocência de Lula”, dizendo que é muito triste para a democracia brasileira ele ter tido sua candidatura impugnada. “Não deram a Lula o direito de disputar a eleição sob judice, o que foi dado a todos os outros candidatos que tentaram antes dele, mesmo condenados em segunda instância”, disse. Afirmando que se tratava de um momento de muita dor, indignação e revolta para o Partido dos Trabalhadores, ela apresentou Haddad “como representante de Lula”, como determinado pelo ex-presidente.

Na sequência, coube a um dos fundadores do PT, o ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, ler uma nova “Carta ao Povo Brasileiro” assinada pelo ex-presidente Lula. “Vocês devem saber que os tribunais proibiram a minha candidatura. Na verdade, proibiram o povo brasileiro de votar livremente para mudar a triste realidade do país”, diz a abertura do documento.

Na carta, Lula fala de sua trajetória política, que desejava ser candidato para “renovar a esperança no futuro” e reforça que foi condenado injustamente, desafiando mais uma vez o juiz Sérgio Moro e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região a apresentarem “uma única prova” contra ele. “Minha condenação é uma farsa judicial, uma vingança política, sempre usando medidas de exceção contra mim”.

Lula destaca que denunciou “as mentiras e abusos de autoridade” ao Comitê de Direitos Humanos da ONU e que recebeu apoio da comunidade jurídica no Brasil e no exterior. “A imprensa internacional mostrou ao mundo o que a Globo tentou esconder”, diz a carta. “Mesmo assim, os tribunais brasileiros me negaram o direito que é garantido pela Constituição a qualquer cidadão, desde que não se chame Luiz Inácio Lula da Silva”.

O ex-presidente reclama do tratamento concedido a ele mesmo depois de preso, tendo o TSE limitado suas aparições e a menção de seu nome na propaganda eleitoral do PT, dizendo-se vítima de censura. Diz que talvez não estivesse preso, se tivesse aberto mão de disputar a presidência, mas que não poderia abrir mão de sua dignidade e de lutar pelo povo brasileiro. “No prazo que foi me imposto de forma arbitrária, estou indicando ao PT e à coligação Povo Feliz de Novo Fernando Haddad, que até o momento desempenhou com extrema lealdade o papel de vice-presidente”, afirma a carta.

O documento segue então com elogios a Haddad, que foi ministro da Educação de Lula, salientando os progressos na educação, como a abertura de 4 milhões de vagas nas universidades para egressos da escola pública e minorias, a criação de programas como Fundeb, Fies, Pronatec, entre outros. “Haddad é o coordenador do nosso plano de governo, (…) será o meu representante nessa batalha. Se querem calar a nossa voz, estão muito equivocados. Nós continuaremos juntos. O nosso nome agora é Haddad”.

Haddad candidato

A primeira fala de Haddad como candidato a presidente da República pelo PT começou com o público presente no ato cantando: “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”. Em seguida, o ex-prefeito de São Paulo pediu desculpas por estar emocionado. “Eu sinto a dor de muitos brasileiros e brasileiras porque não vão conseguir votar em quem gostariam de votar para subir a rampa do Planalto no dia 1º de janeiro”, diz.

Haddad então saudou Lula e as conquistas de seu governo. “O nosso amigo Lula significou um divisor de águas no Brasil, existe o antes e o depois de Lula”. Destacou que começou sua vida política ainda na universidade, na luta contra a ditadura militar. “Imaginava que a democracia estava consolidada. O que aconteceu com o Brasil? Imaginava que o tínhamos vencido o flagelo da fome. Bastaram dois anos para que o Brasil voltasse ao mapa da fome, para que os noticiários estivessem recheados de notícias que há muito tempo nós não víamos, como o aumento da mortalidade infantil, o aumento da mortalidade materna”.

Ele disse que recebeu a missão de Lula de “olhar no olho do povo e rememorar os dias que vivemos juntos”. “Vamos dizer para o povo: você está sentindo a dor que nós sentimos, mas não vamos voltar para casa de cabeça baixa, nós vamos sair para rua e ganhar essa eleição. Não vamos desistir desse país, sobretudo depois de conhecermos um Brasil que deu certo”, disse. Ao final, foi recebido pelo canto de “Brasil, urgente, Haddad presidente”.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora