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22 de junho de 2018
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19:27

‘Contando os dias’ para o fim do governo Sartori, Cpers aprova caravana pelo interior

Por
Luís Gomes
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Cpers realizou assembleia da categoria no Gigantinho na tarde desta sexta-feira | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Em assembleia realizada no início da tarde desta sexta-feira (22) no Gigantinho, o Centro dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers) aprovou uma pauta de reivindicações a ser entregue para o governo do Estado e um calendário de mobilizações a ser realizado no interior para, por um lado, pressionar José Ivo Sartori a repor a inflação pela primeira vez em quatro anos e, por outro, construir uma plataforma para a educação a ser entregue aos candidatos ao Palácio Piratini. Por enquanto, não há previsão de greve ou de uma paralisação ser pautada em um futuro próximo.

Com algumas centenas de pessoas ocupando apenas uma parcela das cadeiras do ginásio, a assembleia dos professores estaduais começou com um minuto de palmas em homenagem a Marielle Franco, vereadora do PSOL do Rio de Janeiro assassinada há 100 dias, ao motorista dela na ocasião, Anderson Gomes, e a professores estaduais falecidos recentemente. “Quem matou Marielle?”, questionou a presidente do sindicato, Helenir Aguiar Schürer, para lembrar a data.

Presidente Helenir Aguiar Schürer | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Quando as falas foram abertas aos associados, como não havia grandes divergências sobre a pauta da assembleia e as reivindicações, a maioria delas foi no sentido de criticar o governador Sartori e as “maldades” que cometeu contra a categoria com os parcelamentos e congelamentos de salários, bem como “saudar” que seu governo está se aproximando do fim. Para a presidente Helenir, este é o momento de a categoria discutir os projetos políticos que estão sendo e serão apresentados nestas eleições “para saber se nós aguentamos mais quatro anos com o mesmo projeto”.

Ela destaca que o principal pedido da pauta de reivindicações é a recomposição salarial de 23,29%, referente à inflação acumulada desde o início do governo Sartori e não repassada. Os professores, assim como as demais categorias dos servidores do Executivo, estão com os salários congelados desde 2014. “Não é reajuste, é para garantir que tenhamos o mesmo poder de compra que tínhamos em 2014”, diz.

Oficialmente, a categoria reivindica um reajuste de 94,84%, para equiparar à Lei do Piso e trata da recomposição da inflação como medida “emergencial”.  Também pede, entre outras coisas, correção do vale-refeição pela inflação, o fim do estorno desse benefício, e que o governo estadual invista 35% do seu orçamento em educação, como prevê a Constituição Estadual.

Com relação ao calendário de mobilizações, a principal medida aprovada foi a realização de uma “Caravana da Educação” pelo interior do Estado para discutir um projeto educacional para o Rio Grande do Sul. A ideia é visitar escolas nos 42 núcleos do sindicato para conversar com a comunidade escolar, sendo finalizados com atos públicos aos finais de tarde. A expectativa é que esta ação se inicie no começo de julho e se estenda até setembro, segundo Helenir. “A miserabilidade da categoria nos impõe fazer um ato muito forte buscando esse reajuste para amenizar a nossa vida. Não vai resolver, mas ameniza”.

Ex-presidente Rejane de Oliveira | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Ex-presidente e uma das principais figuras de oposição interna no Cpers, Rejane de Oliveira avalia que o momento é do sindicato construir uma mobilização para pressionar o governo. “Nós vivemos um momento muito difícil. A categoria está passando fome. Não teve reajuste durante os quatro anos do governo Sartori, o salário tem sido escalonado, portanto não tem o direito nem a receber o salário no final do mês e isso significa um ataque frontal a um direito básico da categoria. É fundamental que a gente faça uma grande luta. O sindicato tem que cumprir o papel de chamar a categoria, unificar e fazer com que possa colocar o bloco na rua e obrigar o governo a seguir as nossas demandas”, disse.

Questionada sobre o papel que o sindicato deve ter nas eleições, Rejane defendeu que seja construída uma plataforma de defesa dos direitos dos trabalhadores a ser apresentada aos candidatos para que eles digam se irão se comprometer ou não com ela. “Nós temos que preservar, nesse momento, a autonomia e a independência do sindicato em relação aos partidos e aos candidatos. Sindicato não tem que ter candidato, sindicato não pode ter partido. A categoria é plural e o sindicato tem que organizar a luta da categoria”, disse.

Sobre a possibilidade de a categoria vir a construir uma greve ainda neste ano, a presidente Helenir disse que esta é uma situação que depende da resposta do governo às reivindicações do sindicato. “A gente nunca descarta um movimento de greve porque depende muito do governo. Hoje nós vamos aprovar a pauta, vamos levar para o governo e vamos pedir de uma mesa de negociação para tratar salário. Aí, claro, depende muito da resposta do governo”, disse.

Ao final da assembleia, a categoria rumou para o Palácio Piratini, onde uma comitiva formada por sete de seus integrantes foi recebida pelo secretário da Educação, Ronald Krummenauer, para tratar da mesa de negociação com o sindicato.

Foto: Guilherme Santos/Sul21

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