Da Redação (*)
O deputado Adão Villaverde (PT) anunciou nesta terça-feira (15), no período do Grande Expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa (15), que não será candidato nas eleições de outubro. O parlamentar anunciou que deverá retomar suas atividades profissionais na universidade e no escritório de engenharia e concluir seu doutorado acadêmico. Villaverde observou ainda que a decisão de não concorrer não implica o seu afastamento da política. “É evidente que vou continuar fazendo política, pois a faço há mais de 45 anos. Com o dobro de tempo sem representação eletiva, eu sei muito bem como exercê-la nesta condição”, declarou.
Em sua fala no Grande Expediente, Villaverde defendeu a formação de uma frente ampla de forças progressistas para retomar o Estado de Direito Constitucional no país. Para o deputado, o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff foi um golpe, seguido de “ataque aos direitos e conquistas e de entreguismo, organizado por uma aliança parlamentar, jurídica, midiática e empresarial”. “Engana-se quem pensa que um Estado Totalitário Seletivo depois que avança pode ter seus limites de atrocidade interditados facilmente. Isto não começou com Lula e seguramente não terminará com ele”, alertou.
Citando o pensamento da filósofa Hannah Arendt, autora de “Origens do Totalitarismo”, que mostra como a Europa permitiu o holocausto,Villaverde falou sobre o avanço da intolerância e do conservadorismo na atualidade. “O excessivo autoapreço das novas gerações não as faz enxergar a sociedade para além de suas próprias relações, encerradas permanentemente em uma certa histeria conservadora e obsessões obscurantistas, agravadas pela disseminação virtual que Arendt sequer imaginou”, afirmou.
Para Villaverde, as sociedades modernas convivem num ambiente de “frágil equilíbrio entre a regressão e o progressismo e de tensionamento entre o processo da razão e da emoção”. “No singular momento que nos foi dado viver, de fato, efetivou-se uma ruptura nesse equilíbrio: um dos pratos da balança desceu sob o peso maior da irracionalidade, da barbárie e do ódio, em detrimento das determinações da razão e da emoção, por excelência humanas”.
O Brasil, acrescentou, vive um período de “entreguismo e subordinação, quando se fala em tudo que é tipo de reforma, menos na tributária, que é pai e mãe da igualdade”. “É pura rendição à banca e ao rentismo e austericídio para o povo”, resumiu. Villaverde definiu a prisão do ex-presidente Lula como “um dos mais dramáticos e inaceitáveis episódios da História”. “O maior líder político do país pós-redemocratização, reconhecido mundialmente por políticas inclusivas para os mais necessitados, hoje é um preso político. Vítima de perseguição implacável por parte de inimigos políticos e através de um lawfare nunca antes visto., declarou.
Ele defendeu ainda que a corrupção seja investigada e os responsáveis punidos, mas sem que isso seja feito na base de manipulação de leis. “Quando isso acontece, não tem outra caracterização senão a pura violência da vertente para o fascismo, que chegou ao limite na pressão do comandante do Exército sobre o Supremo Tribunal Federal, que, numa democracia verdadeira, jamais poderia ser constrangido, nem por tanques, nem por palavras”, lembrou.
(*) Com informações da Agência AL-RS.