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30 de maio de 2018
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22:10

Márcia Tiburi sobre governo do RJ: ‘só serei candidata se fizer sentido para a unidade da esquerda’

Por
Luís Gomes
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Márcia Tiburi sobre governo do RJ: ‘só serei candidata se fizer sentido para a unidade da esquerda’
Márcia Tiburi sobre governo do RJ: ‘só serei candidata se fizer sentido para a unidade da esquerda’
Márcia Tiburi no lançamento do “Elas por Elas” em Porto Alegre, em maio | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Nesta quarta-feira (30), começou a circular com força a notícia de que a filósofa e escritora Márcia Tiburi será a candidata do Partido dos Trabalhadores ao governo do Rio de Janeiro após a decisão do ex-chanceler Celso Amorim, até então o pré-candidato do partido, de desistir da disputa. Em conversa com a reportagem, Tiburi reconheceu que foi convidada para participar da disputa, mas negou que já tenha tomado uma decisão sobre assunto e evitou se colocar como pré-candidata. Tiburi defendeu que ainda vê Amorim como o seu candidato e que só assumirá essa posição caso isso “fizer sentido” para uma unidade de partidos de esquerda.

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Tiburi reconheceu que houve um convite do partido para que ela dispute o governo do Rio, mas disse que preferia que essa notícia ainda não tivesse chegado a imprensa, pois considera essa divulgação como precipitada. Em um primeiro momento, a filósofa disse que a tendência é que ela se recuse a participar da disputa. “Acho difícil que eu aceite. O Celso Amorim continua sendo o meu candidato. Prefiro que ele volte atrás”, disse.

Contudo, Tiburi também não bateu o martelo de que não irá aceitar, avaliando até que poderia ser interessante a sua candidatura. “Por enquanto, eu estou fazendo uma meditação sobre o que significaria isso para a política brasileira, para a política carioca, para a política do PT, para o feminismo brasileiro. Eu participei dessa conversa e tenho conversado com muita gente no Rio de Janeiro, porque aqui há um grupo que de fato tem buscado aquilo que a gente tem chamado de ‘unidade das esquerdas'”, avaliou.

Ela deixou claro que acredita que, nesse momento, o mais importante é a busca pela unidade entre os partidos de esquerda, centro-esquerda e movimentos sociais, o que incluiria, além do PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB. “Eu tenho muito interesse que esse diálogo evolua. A questão da minha candidatura, para mim, é politicamente secundária. Se ela contribuir para esse diálogo, é muito provável que eu diga sim. Se eu perceber que não contribui, é provável que eu diga não”, disse, acrescentando ainda que, se houver outro nome capaz de fortalecer essa unidade, não irá se colocar como candidata.

Ainda avaliou que, diante do quadro de crise profunda que vive o RJ, nesse momento se candidatar ao governo do estado significa “mais um sacrifício” do que um desafio ou até mesmo uma honraria, como seria antigamente ocupar o cargo. “A situação do RJ é catastrótica, por isso também não é animador. Hoje a pessoa que é candidata está sendo convidada para reconstruir a democracia, redignificar os cargos”, disse. “Eu tenho uma coisa que me instiga a participar do diálogo que é colocar uma questão, marcada pela utopia, claro, de devolver o estado à cidadania, aos cidadãos”.

Em entrevistas recentes ao Sul21, Tiburi havia dito que, apesar de ter se filiado ao PT, não desejava participar das eleições deste ano. Ela preferia ajudar a construir candidaturas feministas. Nesse quadro, participou neste mês, em Porto Alegre, do lançamento do programa “Elas por Elas”, que busca fomentar candidaturas de mulheres do partido para estas eleições.

“Eu fico fazendo a fala disso [da política feminista] e de repente isso cai na minha mão, é quase que um destino. Ao mesmo tempo que, para mim, é muito mais importante empoderar e protagonizar outras mulheres do que fazer essa caminhada por mim”, disse.

Tiburi também avaliou que, como filósofa, também seria interessante uma candidatura com seu perfil, assim como Marilena Chauí no passado também fora convidada para representar o PT em eleições. No entanto, destacou que não está convicta de que deseja ir além de seu trabalho e seus posicionamentos atuais. “Eu não sei se a minha posição como uma pessoa que participa do debate público, como professora, como escritora, já não é suficiente nesse momento. Eu preciso investigar no meu foro íntimo se o meu nome seria o mais adequeado. É, para mim, uma questão real essa, afinal de contas, eu venho de fora da política institucional, eu venho da política da vida, do cotidiano, da conversa com as pessoas”, disse.

Ao final, a filósofa preferiu manter a posição de que ainda é precipitada qualquer decisão sobre o assunto. “Assim, imediatamente. não me coloco como pré-candidata de jeito nehum. Mas, se for o caso, me colocarei. Estou bem procuopada que a gente mantenha a elegância e o diálogo em relação à essa unidade”.


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