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11 de maio de 2018
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23:19

Elas por Elas: Com Marcia Tiburi, PT-RS lança iniciativa para aumentar número de mulheres na política

Por
Luís Gomes
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Elas por Elas: Com Marcia Tiburi, PT-RS lança iniciativa para aumentar número de mulheres na política
Elas por Elas: Com Marcia Tiburi, PT-RS lança iniciativa para aumentar número de mulheres na política
Marcia Tiburi participou da iniciativa Elas por Elas da Secretaria Estadual de Mulheres do PT | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Com a participação da filósofa Marcia Tiburi, a Secretaria Estadual de Mulheres do PT lançou nesta sexta-feira (11) o projeto Elas por Elas, uma iniciativa que busca aumentar a representação feminina no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas dos estados a partir das eleições de 2018. O objetivo é que a iniciativa ajude a dar mais condições para que as candidaturas femininas sejam viáveis e não meras “laranjas“.

Marcia Tiburi defende que o aumento da participação feminina na política passa por enfrentar o machismo estrutural que afeta todas as instituições, inclusive os partidos. “Os partidos políticos são uma estrutura que advém do patriarcado, logo compõem junto com esse sistema geral de privilégios em que os homens são os donos do poder e as mulheres não são, enfim, donas de nada, não tem lugar. Nesse contexto, nós temos que fazer um esforço, que, por um lado, se dá na cultura, para que as pessoas se conscientizem dessa importância. Por outro, a gente precisa das instituições e, aí, as mulheres que estão dentro precisam lutar por isso. Os homens, que já são hegemonia na política, raramente vão defender a perda do seu próprio privilégio. A pessoa, para conseguir desmontar um privilégio do qual ela é favorecida, precisa de um grande trabalho de reflexão que, em geral, as pessoas não conseguem fazer”, avalia.

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Para ela, o aumento da representação de mulheres na política, com uma agenda feminista, é essencial para a renovação político-partidária do Brasil. “A gente precisa de Justiça política, a gente precisa de ética, precisa de cuidado, precisa de outra forma de fazer política. De um lado, a gente vê um patriarcado que fez política e, com o todo o respeito, só fez merda. Dá para a gente começar a pensar nas mulheres à medida em que elas sejam pessoas capazes de politizar a sua própria condição, que é ser feminista”, diz Marcia, que se filiou ao PT em março deste ano — em entrevista ao Sul21 em abril, ela disse que não irá se candidatar nas eleições de outubro.

Questionada se ela percebe um movimento na sociedade que levará mais mulheres a serem eleitas em 2018, Marcia diz que é difícil fazer qualquer prognóstico para o pleito, mas que é possível sim perceber um crescente interesse, puxado especialmente por movimentos feministas, para que mais mulheres passem a fazer parte da política e também de adesão à ideia do “feminismo como alternativa política”. Ela destaca que é possível perceber esse crescente há pelo menos três anos.

“Eu acho que o golpe contra Dilma Rousseff nos deu uma consciência do que está se passando no Brasil. Para nós, que somos feministas há mais tempo, isso foi muito forte, mas também foi para muitas pessoas que não eram feministas, quando viram a injustiça, inclusive a própria Dilma Rousseff, acho que ela se refez ao perceber o caráter misógino desse golpe, ao perceber também que o feminismo é uma luta por direitos de todas as pessoas, que leva em conta uma desconstrução desse sistema de sexo e gênero, que é um sistema de opressão”, diz. “Se a gente não tiver uma votação expressiva, pelo menos estamos produzindo hoje uma nova ordem simbólica”, projeta.

Secretária Estadual de Mulheres do PT, Misiara Oliveira destaca que o Elas por Elas será composto de ações de mobilização, formação e organização de mulheres do partido para as eleições de 2018. “Tem o objetivo de mapear lideranças, de colaborar na formação dessas lideranças e de criar as condições para candidaturas de mulheres efetivas e feministas”, diz.

Secretária Estadual das Mulheres do PT, Misiara Oliveira | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Segundo ela, a iniciativa tem o objetivo de garantir que as candidaturas presentes na nominata sejam viáveis, e não “laranjas”, como comumente são chamadas candidaturas que compõem as listas partidárias para alcançar o mínimo de 30% exigidos pela legislação federal, mas que ainda estão muito longe ter condições reais para que ao menos 30% dos eleitos sejam mulheres. Em 2014, apenas 11% dos eleitos para a Câmara Federal pelo RS eram mulheres — apenas Maria do Rosário (PT) foi eleita entre os 31 deputados federais, posteriormente sendo acompanhada por Yeda Crusius (PSDB). Na Assembleia, apenas 14% das cadeiras são ocupadas por mulheres, sendo que das 11 do PT, apenas duas são de mulheres, Stela Farias e Miriam Marroni.

“Pretendemos ter condições mínimas para que cada candidata tenha sua campanha na rua. Além de um investimento a partir do projeto Elas por Elas, nas redes sociais. A ideia é que a gente possa capacitar e instruir as nossas companheiras, lideranças e militantes do PT que atuam nos movimentos feministas, sociais e populares para atuarem nas redes sociais e se transformarem também em influenciadoras de votos, não só as candidatas, mas toda uma grande base militante feminista dentro do PT”, diz, citando como de influenciadora a ser seguida a própria Marcia Tiburi. Ela ainda destaca que esse apoio passará por questões como dar suporte de logística de contabilidade, de prestação de contas, assessoria jurídica, questões que muitas vezes as candidaturas de mulheres, por não receberem investimento adequado, acabam tendo dificuldade de acesso.


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