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24 de abril de 2018
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20:53

Juíza barra inspeção de deputados à área em que Lula está preso

Por
Sul 21
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Wadih Damous, Paulo Pimenta e Paulo Teixeira: teria sido cometida “violação a uma prerrogativa constitucional dos legisladores” (Eduardo Matysiak)

Rede Brasil Atual

Uma comissão externa da Câmara Federal foi impedida de vistoriar as dependências da carceragem da Polícia Federal em Curitiba onde se encontra preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde desta terça-feira (24). De acordo com o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), não houve pedido de autorização judicial prévia porque a ação é uma prerrogativa legal do Legislativo. A juíza Carolina Lebbos, no entanto, não permitiu a entrada dos parlamentares. “O Poder Legislativo foi desrespeitado”, afirmou Pimenta.

“Vamos representar no CNJ, isso é uma violação”, disse Pimenta referindo-se ao Conselho Nacional de Justiça, para onde pretende encaminhar denúncia contra a juíza. Pimenta lembrou também que o Legislativo tem autonomia estabelecida pela Constituição Federal e que o ato da juíza em proibir a inspeção é algo que não ocorria nem mesmo durante a ditadura civil-militar no país (1964-1985). “As prerrogativas da Constituição são rasgadas, e isso agrava ainda mais a situação”, disse.

Os parlamentares afirmam que cobrarão o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para que tome providências contra essa violação a uma prerrogativa constitucional dos legisladores. Eles requerem que Maia acione o Supremo Tribunal Federal (STF) para que os juízes de primeiro grau sejam notificados e deles se exija o cumprimento da lei.

O deputado Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em seu estado e recém-ingressado na equipe de defesa de Lula, também teve seu acesso negado mesmo na condição de advogado. “Eu não vou nem criticar a PF por impedir nossa entrada, porque os agentes estão cumprindo uma ordem, ainda que uma ordem de natureza ilegal”, disse Damous. “Se essa juíza de primeira instância que briga com a igreja, quer briga com a OAB, vai ter. Mas é preciso ficar claro que esse tipo de conduta marcada por abuso de autoridade só é possível por fazer parte de um processo todo ele marcados por abusos e ilegalidades”, afirmou.

Ele se refere tanto à condenação sem crime e baseada num processo “mentiroso” conduzido pelo juiz Sérgio Moro, quanto ao acesso também já negado a um Prêmio Nobel da Paz em missão humanitária (Adolfo Pérez Esquivel), a um religioso em visita de consulta espiritual (Leonardo Boff), a uma ex-presidenta da República (Dilma Rousseff) e a 11 governadores de quatro diferentes partidos (PT, PCdoB, PDT e PSB).

A juíza Carolina Lebbos será também denunciada aos órgãos de controle do Judiciário por abuso de autoridade, segundo Damous.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), também advogado, afirmou que a tolerância das instâncias superiores aos abusos cometidos na primeira está fazendo com que Moro e Lebbos ajam como “deuses”. “Estão rasgando a Constituição para dar continuidade a um processo mentiroso e viciado. Até mesmo na ditadura parlamentares como Teotônio Vilela visitavam presos políticos, como é o caso do presidente Lula.”

Instalações precárias

A pressa com que o juiz Sérgio Moro tomou a decisão de determinar a prisão de Lula pode ter submetido o ex-presidente a condições carcerárias incompatíveis com as exigências mínimas necessárias para mantê-lo sob custódia. Essa seria uma das razões pelas quais a Superintendência da Polícia Federal tem requisitado sua transferência.

Delegados afirmam que a mobilização social em torno da prisão de Lula e a proximidade das manifestações de 1º de Maio afetam em demasia a rotina de funcionamento da corporação. Argumentam que a região teve rotina alterada, e alertam, especialmente, que as instalações da PF não são adequadas para um preso nas condições do ex-presidente. A sala em que ele se encontra foi improvisada e não seria apropriada para uma longa permanência.

“Não viemos fazer uma visita pessoal. Viemos fiscalizar as condições do ambiente carcerário”, disse Damous.

 


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