Sandra Bitencourt (*)
O Instituto Novos Paradigmas (INP), o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra e a Fundação José Saramago (FJS) realizam debate com intelectuais, acadêmicos e lideranças políticas e sociais do Brasil, Espanha e Portugal, nesta quinta-feira (12), às 9 horas, no Hotel Tívoli em Lisboa. O tema do encontro é “A Agenda neoliberal e experiências de resistência política e social-Brasil, América Latina, Portugal e Espanha”. No mesmo dia, às 18 horass, acontece no Capitólio em Lisboa o encontro em defesa da democracia brasileira, com abertura de Pilar Del Rio e Boaventura de Sousa Santos e testemunhos de Guilherme Boulos, Pablo Iglesias e Tarso Genro.
Na tarde desta quarta, Tarso Genro, que já está em Portugal, concedeu entrevista ao Jornal Econômico de Lisboa e reafirmou que o Brasil vive um processo de exceção. “Em qualquer país democrático digno este processo sem provas não seria levado adiante”, afirmou. Para Tarso, este processo levará à consequências dramáticas, como a fragmentação da sociedade, o descrédito nas instituições e na própria democracia e, mais grave ainda, ao descrédito da política que leva ao crescimento do fascismo e à politização da criminalidade. “Se o Poder Judiciário for capaz de fazer autocrítica poderíamos fazer um combate sério à corrupção. O crime organizado está ocupando o espaço político deixado aberto pela crise da política”, acrescentou.
Na avaliação do ex-governador gaúcho, se depender do campo popular, no entanto, poderá se reverter esse quadro, embora signifique enfrentar politicamente o fascismo, para que não se repitam episódios como o do Queermuseu. “As eleições livres e limpas, com a possibilidade de Lula concorrer é o caminho para evitar essa violência política em crescimento. Isso significa impedir o financiamento empresarial das eleições”, opinou. Para ele, é fundamental se enfrentar o oligopólio da mídia para se reconstruir a democracia no Brasil. “Hoje só existe um poder forte, o Judiciário, que está pautada pelo oligopólio da mídia que produz salvadores da pátria entre os juízes. O poder Executivo e o parlamento são reféns desta pauta jacobina acordada entre esses juízes e a mídia”, observou.
Tarso lembrou ainda que a democratização foi conciliada com o autoritarismo e o resultado é uma democracia tutelada. “Há uma inversão na institucionalidade brasileira: é o Judiciário que tutela a Constituição e não o contrário. O presidente Lula só pode ser impedido de concorrer quando transitado em julgado seu processo”, defendeu.
(*) Com informações de Jorge Branco