Lula segue agenda pelo RS sem falar em julgamento no STF: ‘Não se preocupem comigo’

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Lula falou para apoiadores em Cruz Alta na tarde desta quinta-feira (22) | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Enquanto o STF julga a ação que pode definir se Lula irá preso ou não pela condenação em segunda instância no caso do triplex, o ex-presidente seguiu a sua agenda de atos públicos da Caravana pelo Sul, com paradas nas entradas das cidades de Cruz Alta e Panambi. Junto ao trevo de acesso a Cruz Alta, Lula falou para centenas de apoiadores, grande parte com bandeiras do PT.

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“Não se preocupem comigo. Sofrendo mais do que eu tem 14 milhões de desempregados. Tem milhões de pessoas querendo oportunidade pra trabalhar. E é pra essas pessoas que nós precisamos dedicar o nosso esforço cotidiano”, disse Lula, na única alusão ao processo que corre contra ele na Justiça.

Centenas de pessoas acompanharam a fala do ex-presidente em Cruz Alta | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Em uma breve parada, o ex-presidente preferiu manter a tom das falas que vinha fazendo nas demais paradas da caravana, isto é, defendendo os programas dos anos petistas de governo federal e ironizando adversários políticos e os manifestantes que organizam, desde Bagé, uma espécie de caravana paralela para protestar contra a passagem de Lula pelo Rio Grande do Sul.

Vilson Roberto, prefeito de Cruz Alta | Foto: Guilherme Santos/Sul21

“Eles não conseguem compreender como uma menina negra da periferia, filha de uma empregada doméstica, pode passar no Enem, ter bolsa do ProUni e virar doutora”, disse. “Eles falam inglês, falam espanhol, tem graduação, mestrado, a única coisa que eles não sabem é entender a alma do povo”.

Esta foi a primeira parada em uma cidade de administração petista, do prefeito Vilson Roberto.

Após deixar Cruz Alta, a caravana fez uma nova parada no bairro Pavão, em Panambi. Diante da sede da associação de moradores do bairro, localizada em uma encosta às margens da estrada, Lula, Dilma Rousseff, Olívio Dutra e Miguel Rossetto subiram em uma kombi convertida em carro de som e falaram para um público de dezenas de pessoas, muitas das quais estacionaram seus carros e cavalos pra escutar os petistas.

Em Panambi, moradores pararam para acompanhar o discurso do ex-presidente | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Ali, diante do menor público que o ouviu falar na passagem pelo RS, Lula fez talvez o seu discurso mais inspirado até agora. Mais solto, se debruçou na grade da kombi, brincou com os gremistas e colorados, interagiu com a plateia, chamou os “burocratas” do Banco Mundial de “cretinos” e voltou a falar que as políticas de seu governo permitiram que os mais pobres do Brasil ascendessem um degrau na escala. Isso, como brincou, sem perguntar onde eles iriam gastar o dinheiro dos ganhos salariais e dos financiamentos facilitados. “Me criticaram que os aposentados iriam gastar com presente para os netos. Eu não quero saber onde vão gastar. Se os veinhos queriam comprar Viagra, deixa eles comprar Viagra”, disse.

Mauri Padilha Nascimento concordou com Lula | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Entre o público, Mauri Padilha Nascimento, morador do bairro Paraíso, vizinho ao Pavão, concordou. “Nós não tinha nada antes do Lula, tomava cachaça e comia dorso de galinha, sabe o que é? É a carcaça. Agora, a gente come picanha e toma chope. Mas agora o dinheiro tá diminuindo, esse homem tem que voltar”, disse.

 Foto: Guilherme Santos/Sul21
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